sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Sol da Manhã...




Conheci a beleza, e era eterna,
Tinha a suavidade de seus olhos,
Tinha o seu perfume.
Conheci o amor,
E estava dormindo
Em plena terça-feira,
Embaixo do edredon...
Com uma voz de criança,
Cheia do dengo,
E pedindo mais amor.
Conheci a arte,
E estava em sua voz,
Com uma rouquidão amena,
Em seu mundo pleno,
Me clamando
Para ser feroz...
Não pude ser.
E conheci a justiça divina,
Em seu ato, em seu sorriso,
Em tua pele.
Tão justa e firme,
Tão jovem e quente,
Que meus olhos imponentes,
Tornaram-se delinquentes,
Ao vir tua pequena mão
Acenando o nada.
Descobri a dor,
Quando se foi,
Quando desligou,
E não me falou.
Fora como se desertos
Se formassem,
Plantações de areia
Me tomassem...
E o mundo acabou.
Mas conheci você...
A medida das curas
Para minhas fraquezas,
A vitória da certeza,
Dos teus olhos,
Dos rios, ventos e mares,
A vitória dos palmares,
Estou de volta ao lar...
de volta a você.

Senhora de Nossos Dias

Esse sentimento quente que aflora nas horas em que tudo se vai e não tem saída. Fica dentro do peito, martelando, reluzindo como um sol, ou espumando como larva quente de um vulcão que, até aquele momento, não existia. É a vida corrente nas águas que se vão, às vezes ocultas, mas existentes em nossa alma, em nossas possibilidades – é a esperança.
E vem de esperar, de conseguir, de levantar ainda que não existam forças, e de amar, mesmo que o coração choroso não acredite no humano, e se tranque em si mesmo com medo, com dor. Vem se sorrir, antes de qualquer ato bruto, violento ao extremo...
Vem de viver. Esse verbo incansável que reluta em trabalhar, se afincar, adentrar em tudo, em nome de algo que o faz caminhar por causas nobres, as quais para alguns são perdidas, sem nexo...
Não, esse sentimento não admite olhar para o chão e sofrer as mazelas até que o sofrimento passe, pois somos dignos, valentes, guerreiros com flechas no peito, com ideais firmes até a morte! Nada nos desanima, nada nos destrói, pois o que nos revela ser mais que outros é esse sentimento – a esperança.
Vamos seguir em frente, vamos trabalhar, tratar o mundo como se fosse nosso, fazer com que a esperança se torne algo concreto, e deixe de ser esperança para ser o mais fantástico ideal realizado por todos – por nós – sem medo de ser feliz, como diria um grande amigo, quando tudo lhe falta, quando não há saída, ou quanto nada mais lhe resta senão dizer... Sou feliz.
Ser feliz... Talvez o maior ideal a ser buscado após seu arquétipo – a liberdade --, o qual domina nossos corações nas manhãs ao levantar, nas tardes, quando trabalhamos, na alvorada, quando sem querer a vemos, ouvimos, sentimos, choramos...
O mais importante, aqui, é realizar, é se deter não somente na palavra – esperança – mas elevar nossas vidas a patamares divinos, concretizando, por meio de atos singelos, tudo que pensamos para nossos filhos, mulheres, família, amigos, como se nada mais houvesse.
Assim, é o homem de hoje, mas o homem sábio do passado tentava harmonizar-se com a vida, com sua natureza interior para que a exterior viesse a ser vencida, e sabia, no entanto, que não era gratuito, ou a pior escolha a se fazer, mas a esperança, esse presente dos deuses, derramado por Pandora, o fez escolher entre a comodidade relativa e felicidade geral da humanidade...
Nós, como sempre, sempre escolhemos a primeira, mas os homens (filósofos) do passado, com suas ferramentas naturais, às vezes uma obra clássica, assoberbada de racionalismos, às vezes em meio a batalhas, defendendo suas ideias, nos deram a capacidade de pensar em nós mesmos através dos tempos, ou mais que isso... Nos deram a Esperança de um dia melhor.


Obrigado, mestre.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Meu projeto, meu ideal: a vez da laje

A casa é de dois andares, no entanto, pedi aos pedreiros que investissem somente no primeiro andar, ou melhor, no teto do primeiro andar. Achei melhor economizar no segundo, que não vai ser preciso, graças a um acordo que fiz com minha esposa, para que não houvesse laje no segundo teto.
Mesmo assim, após quinze anos da última construção, que foi a casa de minha mãe, ainda sinto um arrepio nos ossos só de pensar no dia em que pelo seis pedreiros subiam uma rampa com seu carrinho de mão, e um último a espera no teto da casa, na qual jogaria o cimento que deles viriam.
Um dia que, a meu ver, refletiu um pouco no trabalho de vários indivíduos que davam tudo de si para terminar a quase interminável... Laje – um cimento que se adequava em caixas feitas de tijolos (ou isopor, no meu caso). Agora, na atual casa, na minha, o serviço vai ser, segundo o pedreiro, mais ardiloso, em razão da distância dos carrinhos que vão vir de fora e passarão pela varanda, derramando ou não cimento, os quais serão pegos e despejados em um balde grande, que por sua vez será levado, puxado pelo mestre de obra, que ficará em cima da casa, e lá será feito o despejo... (estou achando que alguma coisa está errada aí...)
Na realidade, acredito ter entendido errado, porque, em razão de ser trabalhoso o ato em si de despejo na laje, tenho a certeza de que a mistura do cimento deve ser feita mais perto do grande balde... Enfim, diante de tudo, e como sempre, tenho a parte que nos faz escrever essas débeis linhas... A parte da essência.
A vontade inegoísta, a parte da essência, é aquela que faz gerar o trabalho, a força, a alegria. Nesse dia, segundo minhas irmãs, será preparado um grande almoço aos rapazes, os quais não podem parar para ver o que comem nem bebem, apenas centralizarem-se naquele espaço, semelhantes a robôs.
Sim, claro, pois, se começarem a sentir o estomago pesar, os olhos caírem, as pernas se flexionarem... Adeus, laje kkkk
Vai ser um dia belo, no qual eu, como o grande supervisor de tudo, assistirei a mais um espetáculo humano, com pessoas simples, senhores de família, adolescentes fortes, ainda sem objetivos claros na vida, mas com muita vontade de fazer o bem, assim como aquele que um dia conseguiu, depois de anos, reconciliar-se com Deus, colocando primeiro tijolo, que seria o primeiro entre milhares, da sua pequena e humilde igreja.

Ah mãe, se a senhora estivesse aqui...

Incansável Essência


A Essência do mundo está ao nosso lado, dentro da matéria,  da alma da matéria. Ali, no fluxo do dia a dia, no qual se vê na expressão do menino que corre, anda, voa ao lado do outro que brinca, sorri e chora; vê-se a essência na loucura bela em fazer o bem, em salvar vidas, em socorrer um homem, em amaro próximo... e, ao passo, na ave que abre e fecha suas asas.
A essência é divina, é universal, é sincrônica, é estática, e ao mesmo tempo ativa. Nesse meio, circula as veias dos deuses, os quais flutuam na negra imensidão dos mistérios do espaço, e do nosso espaço. Aqui e ali, correm cometas, planetas, átomos, células, vidas desconhecidas além-olhos, aquém de Deus.
E agora, nesse instante, penso na morte, uma transmigração e ao mesmo tempo renovação de átomos estáticos que debandam para outro mundo a trabalhar, assim como no inicio, de modo que voltem à vida material.
Assim, era o pensamento de Demócrito, filósofo que teve um fim misterioso em razão de seus pensamentos fortes para a época, que dizia “os átomos compõem o mundo”. Todos, no entanto, acreditavam que o filosofo estaria a falar dos átomos materiais, e estavam certos até certo ponto, pois além deles, falava de outros mais internos, ou seja, de algo que estaria fora de nossas possibilidades de compreensão...
Por isso, a morte misteriosa...
Demócrito, na realidade, dissertava, todo o tempo, de nossa essência. Desse ser que burla o homem , e que ainda o faz de maneira sutil, imperceptível, mas que sabemos quando vem. É um relâmpago em nossos olhos, é um desejo rápido, tal qual um frisson, mas que deixa marcas, e nos revela o pouco que somos.
A essência de Demócrito é a mesma desde o inicio do Verbum (palavra) Divinus, ou antes disso. É aquela que nos diz que estamos corretos nas horas mais angustiantes da vida, e ao mesmo tempo, nos faz refletir acerca de nossa existência, quando estamos nas batalhas pelos deuses concebidas...
A essência fez Marcus Aurélio escrever “Meditações”, fez Platão abrir o mar da ignorância e nos dar todos os seus pensamentos, ainda que sejam difíceis de interpretar, mas o que seria de uma obra se fosse todo o seu pensamento fosse claro e fácil a todos?... A essência fez Aristóteles frequentar durante vinte anos a escola de seu Mestre; deu a Sócrates a verdade em palavras, em atos, e a coragem em nunca negar seus ideais em uma época em que todos estavam já formatados pelos amos da caverna...
A Essência universal nos deu Cristo, Apolônio de Tiana, Lucas, o médico de Almas; nos de Paulo, o formidável cristão; nos dera os grandes homens – romanos, persas, egípcios, -- dos quais se retiram lições de honra e coragem em meio a falta de valores em nosso meio.
E se percebemos essa essência em nós, escrevemos, compomos poemas belos, músicas, serenatas... E se percebemo-la, em nossa alma, acordamos, escutamos as mais belas canções, e quando dormimos, sonhamos com os picos das montanhas mais altas do mundo, escalando-as, como garotos que se deparam com pequenos morrinhos e os sobem, e descem, e caem, mas estão sempre brincando...
E quando nos vamos, a essência se vai, e, após tempos, transmigra, e não deixa de fazer parte do grande universo, no qual se há todas as essências,  e sem estas não há a maior delas: Deus.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Amor no Vazio


Em teu sorriso pequeno
Em teu corpo pleno,
Busco respostas.
Em tuas belas luas,
Pernas nuas,
Lábios desnudos,
Pele crua,
E  em naturas puras,
Ao meu desamor da vida,
busco cura.
Contudo...
Sinto medo de te ter medo,
E parto em busca de teu segredo,
Tão feroz e distinto,
Que, nas águas que sinto,
Me encontro um pouco
E morro em teu abismo.
Assim, mergulho em teu mar,
Imenso, vadio, sombrio,
Obscuro,
Ao passo puro, liso, macio,
Arredio, e um tanto vazio
De tanto amar...
Adeus.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Primeiros passos rumo à Vida

Andar: para o bebê, um processo iniciático.

Quando aprendi a andar -- não me lembro quando --, tenho a certeza de que muitos – assim como hoje, com suas crianças – tiveram a sensação de alivio e ao mesmo tempo coragem advinda de um ser que passara por tudo, inclusive dificuldades de equilíbrio, diferente das crianças que sempre conseguem, por si só, levantarem-se, ou, ao lado do pai e da mãe, com mãos dadas, darem seus  primeiros passos...
No passado, uma enfermidade baixou em mim aos cinco anos, e tudo que havia aprendido tinha se ido, como em um filme a que assistimos, amamos e que nunca nos sai da lembrança...  Mas nada se vai assim, sem deixar rastros. 
O que ficara em mim, antes dos cinco anos, tornou-se um filme que ainda hoje me faz lembrar os dias em que brincava na parte traseira da casa principal, que era feita de madeira clássica,  cujo banheiro, tão longe que se perdia nas matas, nos tirava a vontade de qualquer coisa...
Um filme no qual eu, penso, como protagonista, corria em meio àquele mato todo apenas para chegar ao outro lado do serrado e fazer o que devia, e não devia... – explico – pois havia plantações de feijão e melancia nas quais eu pisava sem saber o que era o quê, apenas pisava, sorria, e corria atrás de borboletas, e quando as pegava amarrava as danadas em uma linha fina de máquina, no meio de sua cabeça, às vezes em sua anteninha.
Assim, amarando a borboleta como se prende um cachorro pela coleira, eu as amarrava pela traseira, apenas para ver suas asas douradas a bater, restritas pela minha mão que segurava o outro lado da linha, sorridente. Eu domesticava as borboletas!
Meus irmãos, no entanto, achavam que eu não deveria brincar nas plantações, porque ali não era lugar. Eu, graças ao meu ouvido de mercador, tão feliz quanto qualquer vendedor de água no Piauí, apenas brincava...
Lembro-me do meu pai, que, antes da segunda parte de minha vida, dava-me brinquedos pequenos, porém inesquecíveis, e não me esqueço de uma girafa amarela, cheia de pintinhas pretas, macia, e que jamais me largava dela! Hoje, em razão disso, vejo e compreendo meu filho e seus dinossauros inseparáveis, haja o que houver!
Antes dos cinco anos, as lembranças não são muitas, mas meus olhos e mentes, quando adentrados nesse caminho em busca de lembranças, encontram seres belos, vidas simples, uma paz imensa, flores, árvores, abraços apertados... Enfim, é como se eu tivesse em dois mundos, no de hoje e naquele mundo, no qual podia tudo, inclusive comer terra inocentemente!...
A Linha Imaginária
Após meus cinco anos, tive que ir várias vezes ao hospital, pois foi constato um quadro de caxumba gravíssimo em mim, de modo que me deixara sequelas eternas. Não gosto de lembrar-me do resto, mas tudo que eu havia aprendido sobre caminhar... Tinha ido como fruta gostosa que nunca mais provaria.
Hoje, ando, corro, subo, desço, mas as sequelas do que houve em meu pobre corpo, faz-me ser um ser restrito a muitas coisas boas, mas a filosofia (o fio de Ariádne) me disse que nada é por acaso, e que temos que agradecer aos deuses por não ter sido pior. E me ensinou mais: que posso muitas coisas, ainda que esteja em meu limite, porém, coisas que superam outras pessoas que acreditam serem melhores em tudo. E acredito nisso, pois já participei de um número infindável de desafios...
Contudo, o maior desafio não é andar, penso. O maior deles é retirar de meus próprios passos, sejam simbólicos ou não, algo no qual possa me referenciar, e nunca desistir, pois mistérios são revelados todos os dias, em função de passos que damos em direções corretas.
Mistérios são como cavernas escuras, das quais muitos fogem, mas outros fazem questão de nelas adentrarem, apenas para saber se há ou não tesouros. A questão é que muitos, a maioria, temem que nessa caverna haja tantos morcegos, que não vale a pena pensar em tesouros, beleza, arte, paz...
Essa caverna somos nós, e os passos que damos são nada mais que nada menos a vontade de saber o que somos, ainda que tenhamos que encontrar morcegos. Mas passados os morcegos, vem a cascata a cair em forma de véu de noiva, do outro lado; vêm os pássaros de todas as espécies, árvores tão verdes quanto qualquer outra já vista; um ar tão puro que nossos pulmões falariam!
Em nome desse estado de bem-aventurança, vamos dar o primeiro passo!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Identidades, Oceanos e Divindades: fim (?)

"A busca é vã quando se é feita sem amor"

...E essa busca desenfreada por nossa identidade tem seu bônus, o seu ônus, dos quais aprendemos que recuar às vezes é a melhor saída, adequando-nos a uma característica da personalidade que se assemelha ao estado de bem-aventurança, ainda que seja um estado relativo, não absoluto, ou seja, um estado passageiro...
Desse estado, contudo, aprende-se que a natureza nossa de cada dia pede para sermos realmente humanos, fortes, filhos de algo maior, e ao mesmo tempo pai e mãe de nossos erros, mas como eu disse... Em um estado relativo.
E por ser nesse estado uma experiência que pode ser chamada de divina, também podemos nos elevar, buscando ferramentas diárias – em problemas, conflitos, batalhas, guerras; não em solidões desnecessárias, ou acima das montanhas, como fazem os orientais, pois somos ocidentais! – e, entendendo que, por ser uma persona (máscara) todo esse nosso corpo, sensações, emoções, como diriam os gregos, precisamos fazê-lo de um fim para nossos objetivos e ideais.
No entanto, como diria um grande filósofo, o homem atual precisa de elementos mais fortes para vencer a si mesmo, antes mesmo de qualquer batalha. E é vero. Se pensarmos bem, todas as formas de vidas ao nosso redor, por mais incrível que pareça, não precisam ser conscientizadas de sua evolução, ao contrário de nós, que sempre queremos criar algo baseado em nossas egoísticas personalidades, o que retarda o crescimento de um povo, de uma humanidade... E mais que isso: nos tira a condição de humanos, às vezes.

De volta aos SMS
No inicio desses textos acerca de nossa identidade (lá no primeiro), eu disse que não somos nós mesmos, ao enviar uma mensagem de texto, seja em forma de brincadeiras, de seriedades disfarçadas... Pois, na realidade, o que nos faz ser assim, nada mais é que a vontade de ser assim, feliz, alegre, nem que seja por alguns instantes, nem que moldemos máscaras dentro da grande máscara que já possuímos, mas não nos simpatizamos com ela às vezes, então inventamos...
Assim, ao nos sentir “bem”, aceleramos o desafio de ser o que não somos, e continuamos com a brincadeira, contudo, o dedilhar das mensagens pode ser feito em um estado triste, ainda que enviemos algo bom; pode ser alegre, mas preferimos fazer chacotas com o outro que recebe nossas mensagens.
Aqui, vários “eus” são criados e perdidos, e a confusão de identidades se faz de modo que uma carga de adrenalina se infiltra no jovem (ou não jovem) fazendo-o ter a dependência psíquica da coisa.
Há exemplos de jovens em estados psíquicos frios, que se submetem a essas redes sociais, e realmente se prostram a revelar o que há de mal em suas vidas, até mesmo o mais preconceituoso sentimento, o que na maioria das vezes pode causar um estopim, a depender do que se relata acerca das pessoas, da sociedade, do mundo...
Mas há outros que, em meio a essas redes, são firmes em suas convicções, pois foram educados para o bem. Estes, no entanto, podem vir a cair em armadilhas, dentro das quais fica difícil sair, pois a personalidade humana tem uma queda pelo proibido.
Ao ser assim, no entanto, podemos dizer que essa característica também pode ser boa se a colocarmos do ponto de vista filosófico. Ou seja, se temos em nós a natureza de olhar (investigar) o que nos proíbe, podemos descobrir o que nos prende, ou diria Platão, o que  nos faz ficar presos às paredes da grande caverna.
MAS redes sociais não são realidades, são invenções, são brinquedos que são levados a extrema seriedade. Tanto que há pessoas que investem suas vidas em tudo isso, e levam outras a fazê-lo, e assim vem a dependência.
Perguntemos aqui, o que nos faz presos a essas novas algemas.

De volta à busca
Hoje o jovem não busca os clássicos, e nem mesmo sabe por que os clássicos existem. E você que lê esse texto, sabe?
Os clássicos nada mais são que o complemento pela busca humana em conhecer a si mesmo; é o navio que singra em busca de terras melhores a serem habitadas – o nosso espírito; são fontes de sabedoria eterna, nas quais se conhecem mocinhos, vilões, heróis, bandidos, que lutam pelo trono em algum lugar de nossa personalidade – e sabemos quem ganha.
São mais que isso; são textos que se submeteram a idades das trevas e que até hoje gritam em nome do espirito universal, do homem, de sua saga em aventuras nas quais se descobre que aquele herói somos nós, e que precisamos vencer o vilão fora e dentro das histórias...
Pelos clássicos, podemos rastrear e encontrar o caminho a que tanto se referem os sábios, mas para isso, precisamos de um mestre, alguém que nos direcione ao nosso eu verdadeiro, e que  não nos faça radicais, muito menos livre das amarras do mundo, mas conscientes de que não podemos perder nossa identidade apesar dos joguetes humanos, da modernidade estanque, da falta de heróis e referenciais. O mestre seria nosso referencial, nosso farol em meio ao mar de materialismos.
O mestre, se não encontrado, pode vir a ser a parte mais verdadeira do homem, e nela devemos nos basear, pois estamos falando da parte que chega mais próximo do que realmente somos.

E o que somos?
A busca continua!

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Professores do Mundo


Professores: o que seria de nós?

Quantas vezes nos apaixonamos pela professora do primário, do ensino médio ou até mesmo pela gatona de vestido clássico da faculdade? AH, que tempo bom! Tempo dos grandes homens e mulheres que fluíam seu linguajar em nome de uma nobre causa, a de ensinar a essas sementes a serem, um dia, árvores, e dizer, ainda, a essas que poderiam ser  frutos do amanhã!...  Que nobres eram, que nobres são!
Um dia, todos esses grandes homens e mulheres que lidam com a lousa diariamente foram alunos. Todos eles vocacionados a ensinar, seja junto de seus irmãos em pequeno, seja junto de seus amigos, quando lhes faltavam a compreensão de alguma matéria. São professores que nascem ao nosso lado, destinados a dar caminhos, a viver por algo, ou por alguém.
São grandes, desde a tenra idade... Pois alimentam a esperança vulcânica de uma sociedade que pode transformar-se baseada em premissas educacionais, não políticas, não pseudo-religiosas, mas políticas no sentido mais amplo possível, e religiosas, sem amarrações.
São seres cuja responsabilidade ultrapassa, às vezes, a do pai... a da mãe, pois estes, ainda que tenham forças e ânimo, podem não possuir a dinâmica, a didática, a palavra secreta, resguardada para durar eternamente em nossos corações, porque pais, na maioria das vezes, têm medo de machucar, de disciplinar, e de libertar o filho de suas correntes.
O professor, não. São seres dotados de enigmas, pois têm em sua alma o ensinar, têm o caminho como adjunto, complemento, e são predicativos de um sujeito que não aceita atributos falhos, ainda que errem, ainda que se sintam culpados...
Professores não podem ser culpados. Culpados são aqueles que ainda que se vestem, que se levantam, que andam e que dão aulas, mas não possuem a didática, e acima de tudo o amor... São aqueles cegos que conduzem os mais cegos ainda ao abismo do maior mal do mundo, a ignorância. Esses nunca foram professores!
Conceituar professor é conceituar o eterno, o universo, a vida, pois todos eles nos ensinam em micro aulas (ou eternas) o que somos e para onde vamos; são aqueles seres especiais, naturais, assim como nós, que vivificam a terra, tal como pássaros dotados de asas brilhantes, que não voam, mas nos fazem voar, sonhar, sentir os pés fora da terra, na terra, e, após lições de amor ao próximo, chegam à sua casa, e vão corrigir nossas provas!

Experiência

Uma vez, fui professor. Sou formado em Letras, e, antes de terminar meu curso, tinha que fazer um estágio para completa-lo. Foi uma experiência única.
Em um colégio muito humilde, chamado Setor Leste, pude perceber a organização, dedicação e disciplina que eram leis naquele estabelecimento de ensino. Professores mangas! -- que se mostravam flexíveis por fora e feito caroços por dentro. Assim, eu fui durante uns dois meses.
Em sala de aula, pude ter uma visão um tanto quanto aterradora, e ao mesmo tempo fascinante do que é ser professor. Alunos desordeiros, sem disciplina, arrancando atitudes frias dos mestres; ao passo, havia o contraponto dos reais alunos que aprendiam, se dedicavam, e amavam ser alunos. Estes eram os motivos dos mestres;  eram tudo.
Antes de ser professor por dois meses, tive que me referenciar em alguns deles, o que não foi fácil. Eu não tinha nada para ensinar, apenas o “emprego da vírgula” e mesmo assim batia-me o nervosismo, a tremedeira, o suor, entre outros, como a mudança de cor rs.
Mas o dia tinha chegado. Eu tinha que lidar com aqueles marmanjos feios, e meninas lindas, com os quais tive que trabalhar naqueles dias  que, para mim, eram sinônimo de pesadelos e sonhos. Pois estar à altura dos grandes era como se eu estivesse bebendo da água deles, há tempos!
Mas não era.
Em meu discurso primeiro, dei ênfase à liberdade de expressão, à garra de cada um, à busca pelos objetivos, e ao amor ao estudo. Fui aclamado. Palmas tomaram conta de minha voz. E eu, perdido, não sabia se sorria ou saia correndo. Foi belo.
A partir daí, eles eram meus. A professora nem sequer queria presenciar a minha aula, pois sabia (não sei como, talvez em razão de minha aparente segurança..) que seria excelente, e foi. Até eu aprendi naquele dia...
Aprendi que tenho que estudar muuuuuito, que todos que te almejam como professor são uma parte da humanidade que espera uma vocação, paciência, paz e ao mesmo tempo amor ao que será abordado em sala, porque não é somente a didática que conta, mas tudo, desde a hora em que se entra em sala, até a sua saída... E nesse quesito, eu não fiquei devendo.
Mas, na verdade, o que me fez mais feliz foi, um dia, em uma biblioteca, quando saía com uma jovem amiga, que um aluno perdido naquele recinto gritou em minha direção... “professor, professor!”, e eu, sem saber com quem o rapaz falava, sequer olhava para trás...
Ao saber, no entanto, que falava comigo, olhei para trás lentamente e sorri. Realmente era comigo! Ele havia me chamado! Fez isso porque no dia de minha aula sobre vírgulas ele havia apreciado e jamais esquecido o assunto.

Antes de Tudo...

Eu nunca quis ser professor, mas, graças ao destino, fui pego e passei pela experiência acima, mas, desde a tenra idade, dei aulas aos meus irmãos, que por sua vez, eram mais velhos que eu. Dei aulas aos meus sobrinhos, e ainda, quando me procuram, faço a honra em ser-lhes um didático-filos-professor, o que me rende um caldo de experiências naturais e ao mesmo tempo didáticas, colhidas com a vida.
Hoje, após anos de lembranças daquele dia belo, sou pai, sou filósofo, e pretendo ser, acima disso, professor de meu filho, ensinando mais que histórias, geografias, português, física, química, quando lhe (ou me) convier, mas principalmente acerca da vida, dessa mãe-maior, professora maior.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Meu Projeto, Meu Ideal: a vez dos tijolos.

Tijolos: celulas de um corpo.
Hoje, diante de meu projeto  -- minha casa --, chego à parte que mais me coça a alma: a de levantar as paredes. São mais de dez mil tijolos, a contar com os do segundo andar. Mesmo sendo um terreno que abarca cerca de setenta metros quadrado de área, há um numero indefinido desse barro formatado, feito para estruturar casas, edifícios, paredes, muros, enfim, tijolos e mais tijolos, porque há sempre aquele que não chega a ser um pouco da casa, pois se quebra e vira pó...

Contudo, há aquele que pede e implora para fazer parte do projeto como se fosse uma criança, mesmo quebrado, seco, molhado, mas que possui, em si, uma força semelhante a um humano, a um átomo! E o pedreiro diz para alegria dele “Esse, você aproveita, porque ainda tá bom”. E a alegria em vê-lo “sangrando” na terra e sorrindo vem desabotoada nas mãos do mestre, que às vezes o leva nas mãos como se uma fosse uma criança, mas na maioria das vezes um homem em potencial.

Assim, tijolos adentram na obra, unidos pela união daquele cimento, daquela areia, daquela mexida  primordial que os fazem selados com a ajuda da espátula, das mãos e do coração do pedreiro, o jardineiro fiel.

Outros materiais também se organizam e sintetizam a base de tudo, mas o levantar das paredes... Meu Deus, como eu queria que minha genitora estivesse presente! Com certeza ela diria... “É meu, filho, com a ajuda de nosso Senhor, você vai ter a casa da sua vida!”. E vou mesmo, minha querida mãe. E devo agradecer, antes mesmo até de Deus, a sua divina presença que fora mais que necessária nesse fim, pois me dera a mais brilhante educação que poderia ter dado, ainda que eu claudique nela, pois não sou perfeito.

Longe disso. Sou apenas um menino-homem atrás da sua sombra particular, ou melhor, de seu abrigo, no qual agradecerei sempre, de joelhos, a sua presença, mãe, na terra. E hoje, compenetrado nessa grandiosa obra, sinto a vontade de estar aí, seja onde estiver, sentado, observando os pequenos-grandes-homens nela trabalharem, e, ao seu lado, ouvir seus regionais comentários.

Mas a obra e a vida continuam – aqui e em outro nível que desconhecemos, mas que, no fundo de nossos corações, sabemos que existe. E espero que o levantar das paredes, assim como o levantar de um corpo, venha a ser o inicio de uma consciência madura, forte, como aço, e que ao mesmo tempo seja o levantar daquelas paredes que um dia nenhum lobo conseguira destruir.

Identidade, Oceanos e Divindades: o meio.



...E assim nos vamos nessa atmosfera fantástica do conhecimento humano em busca de saber o que somos. Mesmo aquele que se sente preso nas cordas de aço do mundo, um dia vai se perguntar “por que eu?”, ou mesmo “de onde viemos, para onde iremos?”, e assim por diante, abrindo frestas secretas de um telhado de uma consciência de vidro, a qual sempre permitiu que o ser humano pudesse ir atrás de si mesmo, por meio de sentimentos nos quais há a vontade, a decisão, força e o amor, como instrumentos necessários para a grande colisão entre o que somos e o que pensamos ser.
Hoje, em razão de uma educação voltada às coisas racionais, somos obrigados a nos distanciar da vida (ou pelos menos), da sua essência, e ficarmos à margem do que realmente podemos descobrir acerca de nós. A natureza é prova disso...
Quando nos vem o sentimento de paz ao almejarmos uma flor, quando uma poesia bela que nos religa à divindade interior seduz e nos eleva, quando um sorriso fértil de uma criança se contrapõe ao nosso estado frio do mundo... E, por alguns segundos, percebemos que aquele momento foi tão importante quanto uma gargalhada boba no trabalho, ou melhor do que uma viagem a Paris, tudo nos faz repensar o que somos.
E o que somos?
É a pergunta que muitos se fazem e que outros têm medo de fazer. Contudo, como lhes disse, há aqueles que se subjugam o que mais lhe apraz numa personalidade às vezes louca, às vezes santa. E caminhamos assim, simpatizando com características natas (criadas) desde a infância, outras, não há como fugir, de cromossomos familiares, sem, contudo, deixar de ser nato, pois estaria dentro do grupo (família) como uma característica forte, determinante, e que, com o tempo, tornou-se um inconsciente coletivo.
Mas nada que poderia advir do que é essencialmente verdadeiro, porque, ainda que seja advindo de uma família, pode ser quebrado em gerações posteriores. Estou a me referir de qualidades ou de defeitos de personalidade, não de doenças cármicas – o que daria um outro assunto.
Já foi constatado que se um avô possuía uma personalidade dura em relação à vida, graças a motivos que ele mesmo sempre deixou claro, como guerras, ditaduras, mal tratos, etc. e que, no decorrer da vida, conseguiu passar aos filhos e aos filhos destes todo o seu ódio ao mundo, tudo pode ser quebrado com o tempo, pois há de nascer com certeza alguém, como um neto, tataraneto, que, com outro nível de consciência, sem falar da própria época na qual vive, ser uma pessoa flexível, compreendedora, amável, e ter atitudes completamente diferentes de sua família...
Pode, inclusive, acontecer de uma família possuir seres incríveis, maravilhosos, porém, com o passar do tempo, venha a nascer um ser que, também em razão do tempo, ou mesmo por elementos cármicos, vir a ser uma pessoa mau, e quebrar o ritmo daquele inconsciente coletivo que se fez durante anos no grupo...
Assim, como podemos analisar, não podemos dizer o que somos baseados em premissas personalisticas, pois estaremos propensos a ser variáveis tanto psicológica quanto estruturalmente.
Sim, é como se estivéssemos a falar de um corpo que muda com o tempo. A personalidade é um corpo abstrato, sutil, com o qual nos identificamos referenciados em premissas negativas ou positivas, como foi dito anteriormente.
Esse corpo toma forma, faz parte de nossas vidas, sintetiza todas as nossas experiências, e nos determina ser  o que pensamos ser. Por que eu disse “pensamos ser?”... Simplesmente porque nos acomodamos, e morremos sem realmente saber o que somos.
Mas o “acomodar”, na maioria das vezes, é um sentimento que está dentro de nossa educação. Não estou me referindo à busca de objetivos, mas na busca de nós mesmos, esse ideal que resmunga todas as vezes que deslizamos para a pista errada da vida, quando nossos pensamentos e atos descem a escada, caem da montanha, são corrompidos, se enganam, são opinosos...
Estou me referindo à busca incansável de nossa real identidade.



domingo, 7 de outubro de 2012

Identidades, Oceanos e Divindades (i)

Temos um pouco de tudo.
Já percebeu como somos outra pessoa em frente a uma tela de computador? Todas as vezes que teclamos, e enviamos recados, seja estes em forma de brincadeiras, de seriedades disfarçadas, ou mesmo alegres, já percebeu o quanto somos diferentes? Não? Somos tão diferentes que não há nada que nos faça despir dessas capas que criamos, inventamos, baseadas em premissas mais falsas ainda, ou seja, em riquezas, pobrezas, entidades notórias do dia a daí, as quais admiramos, e a depender dessa admiração queremos sê-los.

A quebra da identidade se inicia desse modo: tentando ser o que não somos, e mais, amar a máscara, e achar que somos ela. E o pior de tudo, fazer reverência a esse estado psicossocial, do qual não se consegue sair.
Há aquele que bate no peito e diz “sou assim mesmo, e daí?”, o que na verdade é um desrespeito à própria evolução natural humana,  a si mesmo, simplesmente ninguém pode dizer que é ou não algo, mesmo porque somos tudo e ao mesmo tempo nada.
Tudo, como foi dito, pelo fato de que podemos nos apaixonar, desde a tenra idade, a personagens benditos ou malditos, e se referenciar neles como um sol dourado, e isso é perigoso, quer dizer, ser o que não é de forma que se sinta outra pessoa além de si mesmo, é algo que, repito, beira ao perigoso. Pois, além de perder a identidade, buscamos outra além da nossa natural.
É algo difícil no sentido racional da questão em saber lidar com isso, porque envolve opiniões filosóficas, cientificas, psicológicas, e por que não dizer religiosa? Sim, claro, a exemplo do que me refiro, digo que a religião nos faz acreditar que somos Diadorins ou cristos, na medida dos atos em relação a ela.
E quando me refiro à religião, não digo daquela que une, mas a moderna, aquela que desune, enfim, nesse aspecto, encontram-se em nós atributos divinos, às vezes, terrenos, para não falar material, e diabólico, e tratam desses quesitos personalisticos como se fossem nós mesmos.

Na científica, surgem racionalidades baseadas em preceitos físicos, não emocionais, espirituais, emotivos, mas bem voltados a uma superficialidade que adquire, com o tempo, a capa do que não somos. A maioria dos estudantes de ciência, professores e cientistas desconhecem a realidade da alma, pois toda e qualquer sensação são taxadas como respostas advindas do cérebro – uma máquina.
Na psicológica, a complexidade vem a partir de escritores modernos que se baseiam  em reações advindas de comportamentos problemáticos ou não. Como se fossemos uma grande personalidade, dentro da qual outras menores tentam se “ajeitar” e quem sabe determinar o que realmente sou dentro da sociedade...
Na filosófica, talvez a mais completa em termos de tentar entender o que somos, busca-se intrinsecamente o que o homem é. E dentro dessa premissa, talvez, por ser uma das maiores e mais intrigantes formas de conhecer a si mesmo, não se leva a sério.
Nessa chave permite-se dizer que, antes de qualquer coisa, seja ela natural, material, mineral, vegetal, animal, possibilita-se um estudo que engloba o universo externo e interno humano. E nessa ‘viagem’, podemos nos perder ou nos encontrar...
Por exemplo, quando dizemos que somos uma coisa, a própria filosofia desvenda a necessidade de vários questionamentos, ao contrário do quesito religioso, que taxa, imprime e regula o individuo na tentativa de pegar as rédeas de sua personalidade e dizer o que ele pode ser.
Na filosofia, podemos dizer que temos ‘eus’, e estes sobrevoam o maior dele, que fica no centro como uma grande consciência a comandar, às vezes pela emoção, às vezes pelo racional, porém, sempre com o compromisso de fazer-nos entender que tais eus nada mais são que miniaturas de nós mesmos, as quais podem evoluir para o grande Eu, para isso, este deve estar enraigado dentre de cada eu, com a grande finalidade precípua de ser o que os outros, no fundo, são: o eu consciente de todos.
Para visualizar o que digo, é preciso imaginar um grande circulo no qual há, no meio, um ponto. Tal ponto seria  o grande Eu, e ao seu redor – ainda dentro do círculo – os pequenos eus. Estes, com todas as suas existências, experiências, buscam sua identidade.
Depois de serem o que não são, ou seja, de se apaixonarem por tudo e se identificarem com tudo, esquecem-se de suas finalidades: e de olhar para o centro, observar, ou mesmo sentir o clarão do grande Eu, fogem e se agarram a psicologias, religiões e filosofias baratas, de modo que não conseguem mais voltar a ser o que são ou de seus objetivos.
Mas  saga natural humana nada mais é que se aprofundar nesse oceano, tal qual um pingo que se perde, se encontra, e, independente de suas divagações acerca das águas em que mergullha, ele terá sempre características de seu mundo, de seu universo – o grande oceano da vida.


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Meu projeto, meu ideal.

Projetos e Ideais, forças que somam ao homem.

Eu sempre fui voltado a projetos. Em minha vida, já realizei vários, entre eles casas. Já levantei uma casa para minha irmã, ajudei meu irmão a levantar a dele, realizei o desejo de minha mãe ao levantar a dela... Enfim, eu sempre tive o prazer de realizar sonhos. Agora, graças às minhas plantações de projetos, realizarei o meu: farei a minha casa!

  Lembro-me de quando fazia filosofia na melhor escola do mundo, Nova acrópole, onde o querido professor e mestre, Luis Carlos, que, até hoje, realiza sonhos, disse um dia “um projeto se realiza, mas só o ideal dá glória”, e atento às suas palavras, pude perceber que a realidade delas é tão profunda e verdadeira quanto o tijolo que se ergue em meio a uma obra, qualquer que seja ela.

Percebi que projetos são forças físicas, emocionais, psicológicas em nome de algo concreto, ao passo humano, às vezes tão necessários quanto à própria necessidade de estar vivo – a depender de quem o realiza, o faz. Descobri que projetos mudam pouco o homem, de modo a alimentar o seu ego, e alimentar mais a sua sede de ver, sentir e chorar.

Tais sentimentos, no entanto, podem vir também pelo ideal, mas de forma sutil e espiritual, como se cristos invadissem almas alheias e deixassem uma porção de ação no fundo de nosso ser. Simplesmente porque não se consegue deixar nunca o ideal, ele se é descoberto, nunca realizado. Como se fosse uma grande linha em meio a uma natureza rica se fazendo debaixo de nossos pés, como o melhor dos ladrilhos...

O projeto nos dá alegria, mas o ideal, a plenitude de uma real felicidade, acima de nossas montanhas interiores. O ideal é o sonho dos projetos. E o meu projeto, minha casa, ainda não coincide com o ideal, mas, em minhas possibilidades, posso, tal qual os grande homens, realizá-lo...

Tijolo por tijolo, célula por célula, cimento por cimento, alma por alma.. elementos que se unem na consecução de um projeto que tem por objetivo não apenas a realização por si mesma, mas a mudança interna do ser humano. Uma mudança referenciada em preceitos humanitários, sociais, e harmônicos.

Em minha casa, cada tijolo terá a minha vida, meu amor ao meu filho, à minha esposa; neles resguarda-se-á a fé de minha mãe, que um dia chorou e sentiu nas veias as dificuldades de um filho que ajudara a todos, e que não tivera a oportunidade de sonhar como seus irmãos.

E hoje, após tempos de guerras, batalhas vencidas, inicia-se a beleza da maior de todas as batalhas, a de ser um pouco melhor todos os dias, do primeiro ao último dia da grande da obra, que me trará a maior de todas as vitórias.

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....