quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Meu projeto, meu ideal: a vez da laje

A casa é de dois andares, no entanto, pedi aos pedreiros que investissem somente no primeiro andar, ou melhor, no teto do primeiro andar. Achei melhor economizar no segundo, que não vai ser preciso, graças a um acordo que fiz com minha esposa, para que não houvesse laje no segundo teto.
Mesmo assim, após quinze anos da última construção, que foi a casa de minha mãe, ainda sinto um arrepio nos ossos só de pensar no dia em que pelo seis pedreiros subiam uma rampa com seu carrinho de mão, e um último a espera no teto da casa, na qual jogaria o cimento que deles viriam.
Um dia que, a meu ver, refletiu um pouco no trabalho de vários indivíduos que davam tudo de si para terminar a quase interminável... Laje – um cimento que se adequava em caixas feitas de tijolos (ou isopor, no meu caso). Agora, na atual casa, na minha, o serviço vai ser, segundo o pedreiro, mais ardiloso, em razão da distância dos carrinhos que vão vir de fora e passarão pela varanda, derramando ou não cimento, os quais serão pegos e despejados em um balde grande, que por sua vez será levado, puxado pelo mestre de obra, que ficará em cima da casa, e lá será feito o despejo... (estou achando que alguma coisa está errada aí...)
Na realidade, acredito ter entendido errado, porque, em razão de ser trabalhoso o ato em si de despejo na laje, tenho a certeza de que a mistura do cimento deve ser feita mais perto do grande balde... Enfim, diante de tudo, e como sempre, tenho a parte que nos faz escrever essas débeis linhas... A parte da essência.
A vontade inegoísta, a parte da essência, é aquela que faz gerar o trabalho, a força, a alegria. Nesse dia, segundo minhas irmãs, será preparado um grande almoço aos rapazes, os quais não podem parar para ver o que comem nem bebem, apenas centralizarem-se naquele espaço, semelhantes a robôs.
Sim, claro, pois, se começarem a sentir o estomago pesar, os olhos caírem, as pernas se flexionarem... Adeus, laje kkkk
Vai ser um dia belo, no qual eu, como o grande supervisor de tudo, assistirei a mais um espetáculo humano, com pessoas simples, senhores de família, adolescentes fortes, ainda sem objetivos claros na vida, mas com muita vontade de fazer o bem, assim como aquele que um dia conseguiu, depois de anos, reconciliar-se com Deus, colocando primeiro tijolo, que seria o primeiro entre milhares, da sua pequena e humilde igreja.

Ah mãe, se a senhora estivesse aqui...

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