A Essência do mundo está ao nosso lado, dentro da matéria, da alma da matéria. Ali, no fluxo do dia a dia, no qual se vê na expressão do menino que corre, anda, voa ao lado do outro que brinca, sorri e chora; vê-se a essência na loucura bela em fazer o bem, em salvar vidas, em socorrer um homem, em amaro próximo... e, ao passo, na ave que abre e fecha suas asas.
A essência é divina, é universal, é sincrônica, é estática, e ao mesmo tempo ativa. Nesse meio, circula as veias dos deuses, os quais flutuam na negra imensidão dos mistérios do espaço, e do nosso espaço. Aqui e ali, correm cometas, planetas, átomos, células, vidas desconhecidas além-olhos, aquém de Deus.
E agora, nesse instante, penso na morte, uma transmigração e ao mesmo tempo renovação de átomos estáticos que debandam para outro mundo a trabalhar, assim como no inicio, de modo que voltem à vida material.
Assim, era o pensamento de Demócrito, filósofo que teve um fim misterioso em razão de seus pensamentos fortes para a época, que dizia “os átomos compõem o mundo”. Todos, no entanto, acreditavam que o filosofo estaria a falar dos átomos materiais, e estavam certos até certo ponto, pois além deles, falava de outros mais internos, ou seja, de algo que estaria fora de nossas possibilidades de compreensão...
Por isso, a morte misteriosa...
Demócrito, na realidade, dissertava, todo o tempo, de nossa essência. Desse ser que burla o homem , e que ainda o faz de maneira sutil, imperceptível, mas que sabemos quando vem. É um relâmpago em nossos olhos, é um desejo rápido, tal qual um frisson, mas que deixa marcas, e nos revela o pouco que somos.
A essência de Demócrito é a mesma desde o inicio do Verbum (palavra) Divinus, ou antes disso. É aquela que nos diz que estamos corretos nas horas mais angustiantes da vida, e ao mesmo tempo, nos faz refletir acerca de nossa existência, quando estamos nas batalhas pelos deuses concebidas...
A essência fez Marcus Aurélio escrever “Meditações”, fez Platão abrir o mar da ignorância e nos dar todos os seus pensamentos, ainda que sejam difíceis de interpretar, mas o que seria de uma obra se fosse todo o seu pensamento fosse claro e fácil a todos?... A essência fez Aristóteles frequentar durante vinte anos a escola de seu Mestre; deu a Sócrates a verdade em palavras, em atos, e a coragem em nunca negar seus ideais em uma época em que todos estavam já formatados pelos amos da caverna...
A Essência universal nos deu Cristo, Apolônio de Tiana, Lucas, o médico de Almas; nos de Paulo, o formidável cristão; nos dera os grandes homens – romanos, persas, egípcios, -- dos quais se retiram lições de honra e coragem em meio a falta de valores em nosso meio.
E se percebemos essa essência em nós, escrevemos, compomos poemas belos, músicas, serenatas... E se percebemo-la, em nossa alma, acordamos, escutamos as mais belas canções, e quando dormimos, sonhamos com os picos das montanhas mais altas do mundo, escalando-as, como garotos que se deparam com pequenos morrinhos e os sobem, e descem, e caem, mas estão sempre brincando...
E quando nos vamos, a essência se vai, e, após tempos, transmigra, e não deixa de fazer parte do grande universo, no qual se há todas as essências, e sem estas não há a maior delas: Deus.
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