sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A Magia da Escuridão

"Muita luz também pode cegar"

A magia vai começar...


E correm pela sala, com suas energias evidentes, e contam e cantam, e caem e brincam, e falam em demasia! Não, não é uma festa, mas o som da escuridão caindo em meio a uma chuva, ou mesmo o tempo frio lá fora. Parece contraditório, mas não é?

Desde pequeno, sinto que as pessoas não se direcionam uma a outra quando as luzes da televisão, às vezes, a música de um rádio, agora, mais do que nunca, uma internet fazem seus murmúrios altos, ao ponto de ninguém se escutar ou mesmo olhar diretamente cada um, ainda que estejam um do lado do outro... Uns assistem, alguns ouvem sons altos, outros amam sua vozes e falam alto, mais alguns querem ser ouvidos, enfim...
E vi que estava certo. Quando a luz se vai, pegamos uma vela, ou velas, e começamos procurar o fósforo com uma luz ínfima de uma lua que traspassa as janelas; depois que o encontramos, a magia se faz, pois a vela, com seu singelo fogo, enfeitiça a todos, como se a última flor do Ocidente estivesse ali, acesa, e nós, acampados ao seu lado, sentimos que há algo no ar, além daquela cera que alimenta o fogo.
...Há as pessoas ao redor dela, e por isso, na penumbra, iniciamos um contanto quase que de segundo grau, ou seja, um pouco mais familiar do que de costume. Nesse momento, olhamos nos olhos um do outro, sorrimos e vemos que aquela pessoa que tanto fazia parte de nossa família – e que nunca olhamos tão atentos – é um ser humano com o qual podemos conversar e expor nossas ideias.
A princípio, um show de diálogos confusos, depois, reclamações acerca da luz que se fora, da escuridão mal vinda, da vela pequena, das vozes que soaram mais alto que de costume, mas tudo se vai, com o conforto de um tempo frio que insiste em nos unir, apesar do frio. E o fez.
Assim, as velas, testemunhas, balançam seu fogo ao som do vento que penetra fino dentro de casa, e nós, agora nos conhecendo melhor, contamos piadas, soltamos gargalhadas sinceras, contamos nossos sonhos, filosofamos! E muito mais.
Outras vezes, ficamos em nossos cantos a espera de um milagre – a luz acender-se. Pois a saudade do clarão ou o medo do escuro nos faz estáticos e sem assunto... Mesmo assim, observamos, atentos, o que a luz escondia: a alegria de observar pessoas que estavam tão perto de nós e não a víamos, mesmo com as luzes acesas.
A escuridão se foi. Muitos dormiram antes que a luz chegasse. Outros protestaram até o fim a “incompetência de mais uma instituição governamental que não funciona”. Contudo, sabiam que o que veio foi apenas a breve necessidade de cada um conversar, olhar no olho do outro, dizer algo de bom, sorrir apesar do tempo, e conhecer um pouco aquele que estava ao seu lado, e você não via, pois as luzes embaçavam nossas vistas.

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