quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Real. Puro e Simples.

Nascimento: choro de um lado, alegria de outro.

Quando uma pétala nasce, ou mesmo um pequeno animal selvagem ou não vem ao mundo, vê-se a natureza bela e limpa; quando um bebê humano vem aos nossos braços, clamando auxilio, depois de passar por todo seu trajeto natural, pelo sangue quente da mãe, a qual sintetiza um universo por onde todos passam, choram, clamam, e são amados, temos a sensação de que nada é mais real... Mais divino... Mais claro às nossas mentes.
Depois que se nasce, cresce e morre, temos um manancial de coisas a fazer que, com o tempo, nos soa como irreais, ilusórias, frias, humanas no sentido mais relativo da palavra, e passamos a conviver com o que não é real, ou melhor, como opinoso...
Porém, há realidades que nos batem à porta de forma ensurdecedora, como o próprio nascimento, não apenas dos seres com as quais comungamos o dia a dia, mas de uma natureza que se mostra tão maravilhosa quanto ela mesma...
Estou me referindo ao sol, à chuva pela manhã; estou me referindo às músicas que vêm das musas, nossas árvores que farfalham em brincadeira mútuas, tal qual crianças que não dormem. Falo do cheiro da terra, que nos faz abrir as janelas da casa e respirar fundo e sentir o contato com o perfume gerado pela colisão do elemento terra é água...
Falo da fogueira natural da vida, que é a emoção de ver um sol nascendo – revelando algo maior do que nossos egoísmos, interesses – nem que seja por um breve tempo, como se fôssemos partir para o desconhecido amanhã.
E não... Não há algo mais belo que ver um filho nascendo. Pensa-se em tudo, menos na cena biológica que nos retém, mas a parte simbólica que gera a ansiedade hibrida com o entusiasmo, com a loucura sana, e ao mesmo tempo com a paz no mundo, em nosso mundo.
E assim, mesmo assim, as relatividades, para alguns, causam mais impactos, como o ganhar de uma casa, de um prêmio... Com a volta da energia dentro de casa... Enfim, nada em absoluto, ou seja, nada com o qual podemos concordar em sua totalidade. E a busca por essa relatividade, nas mínimas coisas, transcende a busca pela beleza natural, pelo amor natural, que virou amor passageiro, relativo, rápido, frio, sem emoção, como um relâmpago de sentimentos finalizados com o primeiro ato sexual.
Nada é mais real que chorar por algo que não seja do fundo alma, e sorrir com uma gargalhada pela simples emoção do primeiro beijo. Isso é humano, é natural, é belo. E devemos por isso abrir as portas ao que se harmoniza com o mais profundo de nós, e se não der para ser diariamente, que seja em forma de oração; mas uma oração pequena, sem o pedir, sem o choro interesseiro pela matéria do dia a dia, mas para o Deus que adormece em cada ser humano, e que nos enriquece de estrelas ainda no cair da tarde, e nos faz filhos do universo, por breves instantes...

“Deus que está em mim, que está em todas as partículas do universo e que abrange a todos os seus filhos, deixe-me agradecê-lo pela família, e pela saúde que os fazem operários em busca do pão de cada dia. Deixe-me agradecê-lo pela proteção, sem a qual não tardaria em acontecer algo nesse mundo velho, que se mostra um lobo na pele de cordeiros. Obrigado pelos olhos, pelas pernas, pela força, pelo trabalho e pelo amor que sempre faço questão de elevar e levar aonde vou. Obrigado pelas obras feitas em seu nome – e como diriam os templários, somente para ti – e por aqueles que um dia acreditaram em mim, e que ainda acreditam, e sabem que o bem é a porta de entrada e saída”.
A oração deve ser como uma canção ao sagrado, assim como os grandes do passado o faziam, sempre, engrandecendo e agradecendo os deuses pela passagem breve, e pelos trabalhos realizados em seus nomes.
Toda oração deve ser real, lá do fundo da alma, sem que haja sussurros ou berros, pessoas ao redor, ou brutos em nome de Deus, mas, se houver alguém, que seja de bem, e que tenha a mesma finalidade sua. Simplesmente porque a oração é algo nosso, pois nenhum ser o faz se não for com amor que transcende a própria existência.

O real
O real, como diria o samurai, é sincero, que vem da expressão “sem cera”, ou seja, aceita como ela é. Ele não passa pela mente do humano, mas pelas raízes do coração, que não subjuga, não mata, não morre. É a dor, é o sorriso, é a lágrima. O real é a montanha que um dia foi um montículo, é o homem, que um dia foi uma criança; é a mulher que veio ao mundo para ser sempre mulher.
O Real é a vida que passa pelas nossas veias, assim como o ar passa pelas tubulações criadas pelo homem... É tudo que não morre, é Deus.


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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....