Podemos nos mover, temos sempre um porquê. |
Acho que todos sabemos
o que é uma pedra. A pegamos, sentimos e percebemos o quanto é concreta,
sólida, podendo até ser chamada de rocha, por ser constituída de minerais. Não iremos aqui nos
estender em petrologia, ou o estudo das pedras, mas fazer referências
metafóricas a um ser que, na maioria das vezes, se equilibra, vai às batalhas,
vence e não olha para trás. Mas também
ao um ser que não vai atrás de seu ideal, por menor que seja...
Um ser humano. Este podendo ser objeto de várias referências;
hoje, contudo, faço questão de coloca-lo semelhante a um sólido, no sentido
mais claro possível. E quando este se
revela forte, divino, e consegue transmitir medo aos inimigos, antes de puxar a
primeira flecha, nos o chamamos de herói... Assim como um dia fomos generais, lideres
faraós...
Ramsés II
E por falar em faraós, podemos falar de Ramsés, um dos maiores
da história egípcia, que reinou durante anos, e foi responsável por uma das
melhores épocas pela qual passou aquela nação. Ramsés (1279/1213), filho do
faraó Seti I, recebeu seu primeiro título, o de “primogênito do rei”, o que
equivalia ao herdeiro do trono, mesmo tendo irmãos à altura, que poderiam sê-lo
antes dele.
Ramsés cresceu e desenvolveu sua política baseada nas máximas
de seu pai, e dos antigos que um dia transformaram o Egito em uma nação de
ouro. No entanto, assim como a melhor das nações, essa passou por turbulências,
nas quais Ramsés foi obrigado a agir como uma rocha, ou um senhor do
equilíbrio.
Relatos há de grandes egiptólogos que, uma dia, o grande Faraó,
sozinho, vencera inúmeras batalhas, e uma das mais belas foi a de Kadesh, quando
se deparou com o inimigo, após a debandada de seus homens de frente, os quais,
após sentir que o inimigo, os hititas, do norte da Síria, estavam em
vantagem numérica. Mas era só isso.
Com o glamour dos grandes homens, que um dia iriam virar
lenda, Ramsés, não apenas filho de um faraó com nome de Deus (Seth), mas de um
real Deus, tinha em suas mãos apenas duas espadas, e do seu lado dois animais
de estimação – um cão na direita e um leão na esquerda – os quais transformaram
a batalha, que já estava perdida, em um momento divino.
Para os estudiosos, além dos relevos em paredes, que contam
até hoje, “não era apenas um homem que ceivava soldados inimigos”... Ou seja, estava
acima das possibilidades humanas identificar em que se transformara o grande
faraó, em nome de um povo que tanto amava. E assim o foi até o fim de seu
reinado.
Sesotris III
Assim o foi, Sesostris III (1878 aC/1842 aC), revelado como
um homem voltado às batalhas, nas quais o poderio militar era o que mais a ele
interessava. Não deixando por menos, como diriam os grandes historiadores, a
própria religião se afastar de sua nação, mesmo sabendo que se tratava de um
Egito que já estava às margens de ser invadido e tomado por outras nações, ou
por mentes fanáticas que mudariam o mundo daquela época em diante.
Mas Sesostris III, por isso, revelou-se, contra tudo e todos, uma rocha, contra as modificações ditas modernas para época, relutando
em entregar ao mundo o seu Egito. Assim, entre tantos, por meio de seu grande
amor ao povo, tal quais os grandes governantes, sua disciplina faraônica, presa
aos valores naturais de seu país, Sesostris enfrentou possibilidades de
reformas em todos os sentidos, as quais, como ondas, arrebentavam em sua
pessoa, uma das maiores rochas da história egípcia.
Mandela
Temos, por assim dizer, grandes rochas no passado, no presente e quem sabe em futuro próximo, o qual gostaríamos muitos de
presenciar. Assim como Mandela, a rocha
africana que não se deixou levar pelas dores da prisão, levando seres humanos
acreditarem que tal ato só cabia aos seres mais elevados do mundo... E não era.
Mandela era simplesmente um ser humano que aprendera que estamos postos a
aprender com nossos erros literais, e muito mais com nossos acertos. E
preferiu, assim, renascer ao invés de morrer em palavras e atos de discórdia contra
aqueles que o prenderam.
As ondas desse homem foram mais internas que externas. Mas
ele conseguiu suportar, em sua pequena cela, apesar de tudo por que passou, o
homem vingativo, o homem que apregoava os direitos dos negros em particular, o
homem que poderia se armar, ou armar o povo e desfazer materialmente seus
inimigos...
Mas graças ao grande homem que nele se escondia, venceu a si
mesmo, e por fim, a batalha, a guerra, e conseguira a paz, entre negros e
brancos.
Todos esses homens e mais outros milhares que se mostraram
no passado foram heróis, porque saíram de seus lugares e deram ouvido – assim como
Giordano Bruno, o grande sacerdote católico que descobrira a verdade – e foram
atrás do Ideal. Não se arrependeram – se é que existe arrependimento para estes
homens – mudaram o mundo, e nunca serão esquecidos...
Pedras e Homens
A palavra pedra, no entanto, nos remete a frialdade natural
da vida, da impossibilidade de movimento, ainda que exista o ditado “as pedras
se movem”, mas até elas se moverem, o mundo já se foi. Tal palavra ainda nos
remete a dureza, a palidez, à forma estática de ser do mundo...
E quando nos comparamos a ela, vem-nos à cabeça nossos
valores a que tanto obedecemos, de um passado que fazemos questão de perdurar
ainda estejamos errados. Aqui nasce o homem pedra.
Com sua maneira “ígnia”
de ser, bate no peito, e diz “EU sou assim, e não quero mudar”. E com preceitos
modernos ou, na maioria das vezes, arcaico, se surpreende com sua falta de
iniciativa, com as discordâncias a partir do que sabe, e mesmo assim não muda.
E mesmo sabendo que tudo que sabe não serve para os dias de hoje e nem para o
futuro, não quer mudar.
O homem pedra se recusa até mesmo a ser homem planta, pois
se recusa a sentir, apenas estacionar, enclausurar-se, e acreditar piamente que
o mundo deve ser tal qual aquilo em que acredita.
E no meio desses homens – Pedra e Rocha – agimos de maneira,
às vezes, inconsciente. O que nos faz ser críticos com relação a tais seres que
já se definem. Pois, também acreditamos que estamos corretos em nossa inconsciência...
Por quê?
A inconsciência é a falta de centro, é a falta
de princípios conscientes, aos quais devemos por ser homens-humanos obedecer. E
a esses últimos devemos buscar, pois nossa tendência para quem ama a estática é se esvair em erros, e
mais neles acreditar – e morrer acreditando.
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