Madeira e Fogo. Símbolos que nos representam. |
Sabemos que a essência nossa de cada
dia é aprender com as coisas, leva-las para o coração e, no final do dia,
encontrar um meio de refletir acerca de nossos erros e acertos. Certo seria, no
entanto, fazer uma oração a cada instante, como meio de nos lembrarmos de nossa
disciplina para com o sagrado, com Deus, ou, assim como os líderes do passado,
tomar decisões baseadas em nossos princípios, tão sagrados quanto os primeiros.
Às vezes nos vêm questionamentos,
do tipo, o que faz o homem mudar sua vida, ir ao encontro daquilo que acredita,
deixando seus pequenos ensinamentos de lado? Será que nossos círculos já se
preencheram ao ponto de sairmos pela tangente deste, e procurarmos novas
aventuras, de modo que encontremos mais mistérios além-possibilidades?
Claro. Somos humanos! Tudo é
possível. O que na realidade nos segura é o medo – o medo em demasia. Mais uma
vez desvirtuado pela psicologia histórica, o medo nos serve de catapulta, não
de freio de mão. E muitas vezes, é usado como essa última forma. Mas é natural.
E mais natural do que isso é nos
perdermos em devaneios materiais, psicológicos e até mesmo espirituais – sendo este
último modelo do que devíamos ser, porém, em razão de nossa ignorância de
berço, traímos seu objetivo, que é comungar valores, distribuir-se, ampliar,
integrar mais aos internos, e fazê-los adequarem-se aos externos.
Nesse devaneio espiritual, quando
o racional toma conta, sem religar-se com o todo, o que na maioria das vezes acontece,
nos tornamos obedientes de uma razão relativa, individualista, egoísta, sem
conexão com a Verdade. Sabemos disso, lá dentro de nós, mas não temos outra
forma de iniciativa, e fazemo-la perdurar por gerações, sem reflexões simbólicas;
e sim estanque.
Contudo, há sempre meios pelos
quais podemos encontrar a saída. Nossos corações falam mais alto, nossas almas se
questionam, e nosso racional, a depender de quem reflete, tenta, por meio de
seu poder, viver a real religião, interconectando-se; e nessa tentativa
maravilhosa de entender a realidade, a Verdade, por meio da profundidade que a
própria natureza lhe dá, encontramos caminhos maduros e fortes, sem flexão.
Mas pelo fato de ser o coração,
esse outro ser em nós, tais caminhos são reconhecidos pelas pegadas da pureza,
pelo amor incondicional, pela universalidade que se encontra em cada ser
humano. Esse talvez seja um dos mistérios porque passamos diariamente e só o
reconhecemos quando oramos.
E depois de anos, percebo o quão é
importante tal ato em nossas vidas tão frias e conflituosas. A oração nos faz
religar conosco mesmos, pois ali, no cantinho de nossos quartos, de nossa alma,
“naquele lugar idílico”, como diriam os sábios, esconde-se a nossa essência, o
nosso real ser. Não há como fugir. Ali confessamos, nos entregamos, agimos com
ou sem lágrimas, e realizamos mais um ato que nos favorece ao encontro do
grande espírito.
Percebo, ainda, precisamos nos
reconfortar com esse ato tão humano. Não apenas nas horas em que o pássaro dorme,
mas sempre em nome de uma tradição de homens que conseguiram unir a si mesmo
com Deus, realizando seus ritos diários, em práticas, por meio de palavras,
atos, pensamentos, vida...
Nessas horas, penso, como somos
pequenos! Mas até mesmo “os pequenos, em lugares pequenos, realizando coisas
pequenas, podem mudar o mundo”, não é mesmo? Então o que prevalece, em nós,
nada mais é que a tentativa de buscar, nas entrelinhas dos pequenos mistérios, o
que somos, e quando estivermos perto dele iremos saber, pois nada se iguala,
segundo os sábios, ao encontro do homem consigo mesmo.
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