quarta-feira, 11 de junho de 2014

Enamorado Eterno

Eu e minha esposa: sempre juntos.



Raras vezes não sei o que dizer, e essa é uma delas. Já escrevi tanto para ti, por ti e em tua homenagem, que me faltam teclas, verbetes para iniciar algo que em mim bate. Meu coração, no entanto, tão quente para isso, pede que faça, em nome de uma semântica para qual veio, algo que tenho em mim, mais uma vez para você, meu amor.

Amanhã, o Dia dos Namorados, o dia em que do pequeno ao maior humano se unem para trocarem juras de amor, presentes, carinhos... E eu, hoje, depois de tanto tempo enamorado de seus olhos, de sua cor, de seus lábios e alma, teclo esses pequenos botões com a mesma finalidade de anos atrás, dizer-lhe que te amo, e te desejo tanto quanto os primeiros dias em que te conheci. É vero.

Não sei dizer verdades práticas. Mas sei dizer a minha verdade, que burla em minha pequena e insignificante alma, o que a corrói, que não a deixa dormir. É a vontade de dizer “Te Amo” bem alto, do mais alto rochedo, edifício, e chorar como menino que sou – ou pelo menos, era quando a vi.



Filho e Esposa. O nascimento de Achilles, o guerreiro.


Amor, não me deixe. Sinto que és minha música matinal, meu eterno silêncio furioso, meu mais simples e belo ato amoroso. Dele alcanço minha palavra preferida – Liberdade --, que se esconde em teus laços, em teus olhos, em tuas dunas naturais quando cúmplice estamos; em teu beijo...

Como eu te Amo! Pena não poder dizer nas ruas, com toda voz ao mundo, que atinja o universo infinito, nas primas galáxias inalcançadas pelo homem... Mas estou aqui, quieto, olhando teus olhos, perto de cair-me aos prantos, pelos singelos cantos que Deus um dia teve a complacência de criar...

Não deixe de pensar em mim... Pois o que faço, como homem teu que sou, é possuir-te todos os dias, como um adolescente confuso, sem rumo, ao passo feliz pelo amor que tem, o pouco que posso.

Amor... Caminhemos, em nossos sonhos, como namorados, eternos enamorados, apaixonados que somos, apesar da grande distância que o dia nos propõe. No entanto, como retrato de uma beleza indecifrável, danças, corres, brincas e me amas, em um mundo paralelo que só eu posso ter.



A felicidade é nossa propriedade.


És a ponta de meu segredo, um livro clássico escondido, a flor azul em que um pássaro vermelho pousa, nos dias em que a terra se esconde do mal. És a lembrança querida, que, em segundos, se vai, e me deixa com o gosto de eternidade em meu ser.

Não sei mais o que dizer, apenas ouvir os pequenos passos de sua solidão, que se encontra com o meu barco, e nele, assim como no passado, peço... “entre, vamos navegar ao fim de nossos sonhos, e realizar outros, mais fortes, densos, aventureiros, com gosto de amor nos lábios”! – como sou romântico...


Preciso disso, pois somente o homem romântico reconhece a poesia nas entrelinhas da vida, além da alma que se esconde nas pedras, e, você, meu mais belo texto poético, tão hibrido de paz e guerras, deixa-me amargo ao passo vívido, como dizia o grande poeta clássico... “Cheio de vida”, onde ela não há.


No passado...





No presente.

Sempre juntos.


Do Enamorado Seu.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Evangelho de Tomé: a ponta de Deus.

Busquemos a Deus, e a ele veremos em tudo.


Dos evangelhos devemos respeitar seus objetivos, que é relatar o que os mestres de sabedoria disseram de maneira velada, e tentar, com toda disciplina que temos, respeitar tais palavras. Nos evangelhos de Mateus, de João, assim como o de Tomé, apócrifo, há significados que somente os iniciados nos mistérios ocultos entendem, e dos quais podemos apenas compreender com o pouco que temos que há algo de cunho espiritual neles. Não podendo ser de outro jeito.

Não por isso vamos cessar nosso grande objetivo, que é, baseado em premissas passadas – na sabedoria antiga – interpretar o que o grande mestre Jesus tentou nos passar com suas eternas palavras.

No texto anterior, por exemplo, tentamos elucidar com nossas pífias palavras, o grande significado de “Quem descobrir os sentidos dessas palavras não provará da morte”...

Para muitos que têm a visão limitada acerca da criação universal, além de crescer com dogmas sociais, os quais permeiam desde a Idade Média, não acreditam que temos uma consciência que transita entre elementos que a própria Natureza os possui em dimensão. Ou seja, dissertar acerca do Demiurgo platônico às massas, fazer alusão ao Mito da Caverna a certas pessoas, só iremos presenciar um faca se tornando um taco de beisebol, ou seja, simplesmente o que nunca foi ou para qual nunca foi objetivado...

Em termos sociais e culturais, temos que ter a certeza do que dissemos, caso contrário estaremos sujeitos à decadência do que o símbolo representa, assim como o foi em culturas que abnegaram sua origem e hoje amam aquilo completamente diferente do que amavam antes de perderem sua identidade – assim como Roma.

O evangelho de Tomé

“Quem procura não cesse de procurar até achar; e quando achar, será estupefato, ficará maravilhado – e então terá o domínio do universo.” Assim disse o mestre Jesus.

Como fora dito anteriormente, somos e estamos sujeitos, assim como é dito em várias passagens mitológicas, ou mesmo em lendas, contos, parábolas, a possuir uma alma voltada ao espirito, ao morador do terceiro andar. Entretanto, somos pequenos para compreender isso, e racionalizamos a identidade da alma, o que nos leva a ser materialistas em demasia, tentando explicar com nossos olhos materiais, modernos, frios, e na maioria das vezes cegos, o que é a Verdade.

Contudo, a própria alma, ainda que a puxamos para baixo, com todas as nossas forças, ela se apaixona pelo Belo, pelo Justo, Verdadeiro... E, quando pode, se eleva. Assim, percebendo tal característica, nosso racional se une ao que ela é, e começa a “ver” o caminho que perdeu há séculos.


Tal caminho, porém, não é tão simples de se estar nele. Ziguezagueamos como bêbados, erramos, e às vezes desistimos, mas sempre há aquele que subsiste aos raios, aos terremotos, e entende que há uma necessidade natural de tais intempéries, pois elas respondem a algumas perguntas no limiar de nosso caminho...

Assim, cheio de tropeços, o caminho à compreensão do grande objetivo da alma se inicia. Vencemos. A alma começa sua busca interna, em práticas nas quais ela mesma duvida porque não acredita, e claudica frente ao ideal de alcançar o espirito.

Não se deve parar a busca, até encontrar. Depois que se passa por todos os subelementos do quaternário, o que para nós é mera ilusão, mas que se compreendermos tal fato, saberemos que se conseguimos vencer tais elementos – o que levaria encarnações – estaremos estupefatos, maravilhados, pois encontramos a ponta de Deus.


A partir daí, o universo, interno, é nosso.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Evangelho de Didymos Tauma

As dúvidas de Tomé. As nossas dúvidas.



É de um significado expansivo, profundo, dentro do qual vamos salientar apenas o que nos confere com nossa parca ferramenta racional, e ao mesmo tempo, com todo o respeito de um homem que busca entender o universo e a si mesmo,  seja nas entrelinhas da vida, seja nos mistérios de um universo que bate à nossas portas.

Não temeremos a divindade,  pois Deus, em sua glória, e em todo seu esplendor,  não nos daria um mental dos desejos, ou mesmo uma alma que se indigna, que se cansa, que escolhe, enfim, que questiona a respeito Dele, ou seja, não teríamos tantos artifícios humanos, quase divinos, com vistas ao sagrado, ao mistérios que se esconde nas pedras, nos mares, nas terras longínquas, e dentro do próprio homem... Afim de temê-lo.

É por isso que não podemos renegar o que somos, criando barreiras emocionais, com receios de ir sempre em frente, em nome de Si mesmo e da Verdade, propriamente. Não, não podemos. Temos que criar meios de ser o que somos, sem que haja interferência dos amos que amam o mal, a preguiça, a dor, o desespero, a loucura, o ódio, a separatividade... Vamos criar referenciais naturais, que um dia os deuses nos deram e que um dia os homens nos retiraram, vamos ao encontro de ideais grandiosos nos quais há o Bem, o Belo e a Justiça, a Sabedoria, sem que nos aprofundemos em existencialismos sartrerianos, ou somente em organizações aristotélicas, em que o ser humano é apenas uma ideia...

E hoje, já que discordamos das verdades que nos impuseram na Idade Média, e que reluzem como faróis aos homens modernos – em forma de arte, política, religião... – vamos voltar um pouquinho atrás, assim como o fizemos em textos passados, e a partir deles tentar elucidar um pouco do mistério que um dos maiores avathares da humanidade nos colocou há séculos, com vistas ao nosso crescimento interno.

O Evangelho de Dídimos

“Quem descobrir o significado interior destes ensinamentos não provará da morte”, assim disse Cristo, segundo Tomé.

Nos textos clássicos, aqueles que jamais serão tocados, há ensinamentos sagrados dos quais o próprio homem duvida. Por que duvida?... É a parte “Tomé” de cada um, ou seja, é natural que sejamos assim, por mais que tenhamos a matéria em nossa mão, com todas as respostas, e mesmo assim vamos duvidar.

Tomé reflete um pouco dessa personalidade, de nossa alma que coça, que sente aquela pontada pela ervilha que dormira debaixo de sete colchões (símbolo dos sete elementos), que se indigna, que, a depender de nosso universo, de nosso entendimento, começaremos a criar meios para alcançar o céu interno (ou objetivos imediatos) e compreender a imortalidade da essência da vida, sempre por meio de nossas dúvidas, questionamentos, busca.

Cristo, em sua filosofia, deixou claro que nossas atitudes são válidas a partir do momento em que temos uma direção, um caminho. Suas palavras, mecanismo natural responsável pela imortalidade do todo trazem a brandura codificada, ou como fora dito, de um elemento – Manas – universal, do qual faria com que nós seres humanos iniciássemos a compreensão do todo, mas não de forma gratuita, mesmo porque temos uma personalidade que, por si só, reencarnada, sintetiza que trouxe em si a reminiscência de um passado material, não espiritual.

Ou seja, se estamos aqui, agora, de acordo com sabedoria antiga, é porque somos o somatório do que fizemos, pensamos, passamos ao tempo, e que, ao ver do grande universo, como diria os indianos, dos “Lipitacas” --- os quais são responsáveis pela memória da alma humana – tínhamos que voltar à matéria...

Não por isso, no entanto, as palavras perderam sua imortalidade, no sentido simbólico da questão, pois elas trazem escritos verdadeiros, porém simbólicos dos quais somente aqueles iniciados no esoterismo (interno), retiram dele a verdade. Contudo não é preciso tanto para entender que todos eles, do cimo da montanha interna, do Manas, pois se chamavam seres manvatharicos por isso, nos traduzem a realidade nas palavras, nos revelam a imortalidade, mas não conseguimos a chave para abrir.


Um dia, no entanto, vamos "descobrir o significado interior dos ensinamentos".




Voltamos à matéria no próximo texto.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

O Nascer de Novo








Os avathares, como Cristo, sempre falam do alto da montanha, do cimo --me expressando é claro de maneira metafórica -- para dizer que estão sempre em budhi, o elemento do qual, simbolicamente, tratam de assuntos humanos de maneira única, e que às vezes se 'esquecem' de que estamos aos pés e não em cima de outra montanha.

Quando tratam da imortalidade da alma, por exemplo, assim como Platão sempre o tratou em seus clássicos, fica mais difícil porque é preciso nos informar, primeiramente, a respeito dos estudiosos do mestre grego, ou encontrarmos filósofos que respeitam os aspecto míticos dele. Mas, ainda sim, passando por tudo isso, ainda temos nossas dúvidas acerca do que ele trata, do que sintetiza a respeito do Amor, da Verdade, da Educação, da Justiça, das Leis e principalmente da Alma...

A realidade é que ainda temos os olhos voltados a outros parâmetros, sem que sejam aqueles de suas épocas – como o próprio Sócrates, que, ainda que haja histórias acerca do que era, do que fizera, de suas pretensões para com os jovens da antiga Grécia, vão duvidar, vão reivindicar mais detalhes, e esquecerão a essência de sua humanidade.

Ele, o grande mestre de Platão, nascera em uma época de batalhas, e foi herói; nascera com os pés no chão, pelo ser humilde que era, pelos pais que tinham, e ainda sim nunca deixou que suas verdades – as quais tinham a semântica sagrada --  fossem objeto de renúncia, ou seja, poderia ser preso, enjaulado – como nos tempos de hoje, jogado às escuras de um sótão – que seria o mesmo de sempre...

E a verdade de Sócrates, com o tempo, foi se transformando em contos para crianças, pois o mestre não teve o cuidado de um Platão, o qual, na boca do mestre que se foi em razão de uma condenação, escreveu com o racional preso à montanha, do alto, tudo que Sócrates aludira e muito mais.

E da montanha falou sobre a imortalidade, de uma forma secreta, da qual nem mesmo o maior estudioso poderia rascunhar; mas alguns teósofos brilhantes, como a misteriosa Blavatsky, em Chave para Teosofia, no qual diz, baseado no que o filósofo aludiu em sua obras, que a parte sutil Nous é o Espírito no homem, que reencarna, que espera a evolução da alma, que, segundo os mais entendidos, está sempre acima de nossas possibilidades emocionais e racionais.

Segundo a Teósofa, a alma nasce para a vida física e adquire um novo corpo. Durante os primeiros anos de vida (os sete), aprendemos  gradualmente os passos necessários para a “nova vida”, para o “novo mundo”.  

Ainda, segundo HPB, mais tarde, quando mais velho, nosso corpo está gasto, ao passo que nossa alma se prepara para um mundo mais sutil da vida astral – ou seja, dentro que temos como objetivos em terra, obedecendo às regras naturais da vida, sendo o menos possível intransigente, a alma se prende ao astral como em um casulo, se desprendendo mais tarde, depois da morte física, preparando para o Devachan... (ou Elisiun, como diriam os gregos), que seria o lugar em que descansaríamos provisoriamente...

O Devachan, segundo a autora de Ocultismo Prático, seria ao ver dos cristãos, o paraíso celeste, no qual a bem-aventurança reinaria eternamente; enfim, daí pode-se dizer que nasceriam outros conceitos acerca do Céu post-mortem.

Ali, no entanto, ao contrário dos modernos crédulos, a alma viveria um descanso e se prepararia para o (re)nascimento no plano físico.

Assim, o que nos regeria, vamos dizer, dentro desse universo, seriam leis que mais tarde outros povos antropomorfizariam em nome de uma compreensão melhor. Contudo, para as civilizações em que mitos explicavam o renascer das almas, nos quais chaves simbólicas a respeito do homem e seu papel no universo, dos deuses, potencialidades nomeadas, não foi obrigado, porque tais costumes se transformaram em culturas e o povo mais consciente em relação ao seu papel, a si mesmo.





No próximo capítulo,
O evangelho segundo Tomé.


quinta-feira, 5 de junho de 2014

Flores de Lótus

no rastro de Didymos Tau´ma


Flor de Lótus. Símbolo da reencarnação no passado:
há uma réplica dela mesma em seu botão.



Como podemos observar, estamos longe de sermos apenas corpo, alma e espírito. Temos, entre eles, subdivisões que explicam nossos sentidos ao longo de nossa existência. Isso, no entanto, como fora demonstrado em linhas atrás, foi uma compilação de vários textos tradicionais, nos quais se baseavam os mais respeitados filósofos. Não é e nem pode ser uma invenção gratuita com o desejo de iludir os estudiosos no assunto...

Voltando.

Quando nos referimos à mônada no homem, ou Átman, falamos de algo que não se inclina, não se move, e sim espera, como um rio estático, o mergulho simples da gaivota, para um banho de segundos.  Os outros elementos, Manas e Budhi, A alma humana e a alma divina, respectivamente, são horizontes de um quaternário ideológico, no sentido mais elevado possível, ao passo sem o nosso desejo, nosso querer... E eterno.

A Tríade, em todas as tradições, sempre foi a parte que fica. A parte que reencarna. A parte que subjaz ao homem, que, com o tempo, evolui. Ou seja, o quaternário ao qual nos referimos anteriormente – o corpo físico, o vital, o duplo etérico, o mental dos desejos – morre, se esvai, e dele não se aproveita nada, a não ser quando todos os seus elementos são direcionados, em algum instante, ao belo... Ou, como diria o neoplatônico Plotino, ao que somos.

E a certeza disso realmente acontecer, em um ser humano, durante toda a sua estada no grande oceano vital, é de um em um milhão de vezes, e mesmo assim, em algumas culturas, acredita-se que há aquele que possui a consciência de que viveu no passado, longínquo, uma vida de um escravo, de um rei, de um servo esquecido... Impossível.

Claro que, se fizermos uma hipnose mental, daquelas em que se procura, com respeito, vidas passadas, encontrar-se-ão vestígios do que fomos, mas mesmo assim teremos problemas, se não fizer de acordo com as leis antigas.

Ou seja, é notório que encontraremos pessoas que um dia nos dirão que viveram num passado distante, mas é pouco provável que sejam lembranças advindas de uma tríade. Ou seja, como diria um grande professor... Se nos lembrássemos do que éramos, como certeza, nos assustaríamos e teríamos esse mental mais perturbado do que já o temos! Já ficamos perturbados até mesmo quando perdemos o emprego, imagine em nos lembrar do que passamos em outras vidas?  Hoje – continua – se nos lembramos de qualquer coisa do passado, ela está enraizada em nossa alma, que busca, incessantemente o belo, e é por isso que temos simpatia ao poema, ao pôr do sol, às crianças... Isso é lembrança.

Enfim, não adianta fazermos esforços racionais, ou mesmo tentar sonhar, buscando saber o que fomos, pois a própria alma, ainda que maltratada por nós, tem seu refúgio em circunstância que até mesmo duvidamos.

E no simbolismo...

Muitos, claro, por ser uma questão dogmática, que precisa de elementos comprobatórios, ficam à mercê de outras ideologias e não devem ser discriminados por isso. Muito pelo contrário... Quando impusemos questões que tratam de imortalidade da alma, temos um sistema que não nos impede de dizer isso, agora, dizer que estamos corretos em nossas afirmações, é muito diferente. A questão em si, no entanto, tem aval de uma tradição, ou melhor, do conhecimento de homens e mulheres que um dia viveram para isso, e descobriram a universalidade do ser humano, e por não ser algo fácil de esclarecer e muito mais pela ignorância que prevaleceria em todas as épocas, e muito mais pela força dos homens que preferem acreditar em céus burgueses, cheios de cascatas, tronos, bem-aventurança, virgens em lagos, cachoeiras de mel... É que foram simbólicos em suas observações. E mesmo, algumas vezes, sendo claros, foram deturpados pelos amos da grande caverna que se sentem muito mais à vontade com o que têm.

Isso, contudo, não deixa de ser opinoso de minha parte, mas, se estudarmos um pouquinho mais, e vamos, saberemos que o próprio Cristo, em suas parábolas, em seus sermões, se refere à reencarnação todo o tempo... 


"Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão"... (Mateus 24:35). "Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão" (João 10.28).






Volto ainda nessa vida.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

A Neblina e o Sol da Manhã

no rastro de Didymos Tau´ma


A neblina começa a se desfazer quando temos o sol em nós.





... Cabe-nos explanar um pouco mais o aspecto filosófico da questão, antes de uma indagação quase que religiosa acerca do que somos, pois notadamente sempre acreditamos que somos a parte inferior física, em razão de nossa consciência estar mais voltada a ela do que em outros elementos, ou melhor, na maioria das vezes usamos toda nossa persuasão direcionada aos elementos que existem para aquém-corpo, com o objetivo primordial de defender o nosso elemento terra.

Então para que possamos indagar a respeito do que somos, é preciso criar uma consciência simples e ao passo complexa, de modo que ela nos eleve um pouco acima de nossas possibilidade físicas, como uma pequena oração, uma prece, junto ao que consideramos elevado em nós – ou fora de nós.

Ou seja, saber quem somos exige que detenhamos o poder simples (e ao passo complexo) de entender que não somos tais elementos do quaternário, não somos sequer a consciência que vaga entre eles, mas o que está para além de nossa simples e preocupativa compreensão em relação ao que vem depois deles.

Falo da parte que todos os grandes homens sempre foram capazes de se expressar com longevidade, com sacralidade, racionalidade mítica, assim com Platão, Plotino, Pitágoras, os quais, iniciados nos mistérios ocultos, como sabem, preferiram proteger a verdade... ou “não dar pérolas aos porcos”... e reverberar, de certo modo, àqueles cujo entendimento se aproximava apenas de um discípulo, na maioria das vezes, também iniciado...

Poucos, no entanto, conseguiram entender, mesmo não sábios no mistérios além corpo, acerca da filosofia, como é o caso do grande Aristóteles, discípulo de Platão, o qual, porém, mesmo pela proximidade, pelos dias em que esteve com o mestre, não foi o bastante para prosseguir com os ensinamentos dados na Academia. Tanto que Platão não lhe passou a administração daquela instituição, a qual doutrinava acerca dos mistérios ocultos, por fim entregando-a a seu irmão.

Isso, no entanto, não fez o grande Aristóteles menos do que era, um discípulo maravilhoso, que questionava sempre a respeito do céu e da terra e ao mesmo tempo criava, a partir dos conceitos do mestre, outros. Dizem, no entanto, que dele, de Platão, Aristóteles só não compreendera o Mundo das Ideias, o qual, até hoje, apresenta, graças a Aristóteles, uma materialidade desnecessária... Era tudo que Platão dispensava, pois a seu ver, tudo que era-lhe passado tinha o cunho sagrado, elevado, puro, semelhante a alma que nasce.

Percebemos, assim, que temos muito de Aristóteles, reverberando tudo para baixo, materializando nossa moral, nossa ética, nossa alma, e por fim nosso espírito. Nossos estudos não passam de leituras com códigos dos quais só retiramos aquilo que nos interessa e o que não nos satisfaz transformamos em medo, monstros, e recuamos.

Mas tudo isso nada mais é que a minha opinião acerca do que somos frente ao desconhecido, e nada mais nos é tão desconhecido que nós mesmos, seja como homens comuns que possuem reações diárias de violência regada a loucuras, seja o mais espiritual dos homens, que procuramos em nós, nas horas em que o mistério nos bate a porta da solidão, do nascimento, do crescimento, envelhecimento e morte...

Somos piores que Aristóteles, somos seres sem rumo, opinando acerca do espirito, levando pessoas a procederem em forma de santos fieis a palavras sem chaves, mas também somos aqueles que, em virtude dessas opiniões, também buscamos e nessa tentativa de encontrar o grande mistério, tocamos no fim de nossas almas, e observamos o ser do terceiro andar.

Os Três Andares

Somos nós, a espera da consciência pura humana, que atravessara o caminho que os deuses nos deram, o quaternário, a passar pela terra, pelas águas, pelo ar e quase fomos consumidos pelo fogo dos desejos, os quais usamos em prol de nossa elevação interna --  um sonho, talvez.

Aqui, no primeiro andar, encontramos Budhi, de Budi, iluminação, de onde vem a maior característica dos iniciados que foram iluminados pelo verdadeiro amor de seus atos. A palavra buda nasce desse elemento, do segundo logos... Temos a palavra Cristo, que, em aramaico, segue o mesmo significado -- iluminado, bendito. O Cristo no homem.

Quando Buda, Sidarta Gautama, há milênios se iniciara, conseguiu chegar a esse grau em razão de sua compreensão interna acerca do homem e sua natureza; outros, no entanto, consideram-se buda muito mais por se considerarem discípulo do primeiro...

No segundo andar, temos Manas, a mente pura, inegoista, natural, divina... Advinda do terceiro logos, manas é característica do ser fêmea, mulher, tanto que a palavra mãe, woman, pode, segundo alguns, ter vindo dela. Daqui, várias deusas foram geradas, ou seja, potencialidades primeiras com a mente pura – difícil explicar – transferem à natureza toda energia desse logos.

No primeiro andar, temos Átman, ou Nous no homem, no Universo, temos o Deus cristão; Krishina dos indianos... Temos nós.




Voltamos no próximo texto.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Fogo Invisível

Os Quatro Elementos. Em nós como tudo que há.





...O homem, segundo a essência grega, possui  a sacralidade em si. Um microuniverso voltado a uma natureza maior que ele e que ao mesmo tempo está nele. Platão, mais que outro filósofo, expôs de maneira mítica esse homem, em seus clássicos, nos quais faz referência à alma, ao espírito e ao corpo, como dimensões análogas ao universo externo.

Não menos do que isso, Cristo também o faz em suas parábolas, mas sem que haja uma tangente de compreensão universal, ao ver dos cristãos, mas voltada simplesmente ao homem. E isso é meio perigoso, justamente porque não só o mito, mas as parábolas, quando evolvidas em contextos isolados, por mais que pareçam de massa (ao grande povo), têm  muito mais um tom universal, como em Sabedoria das Parábolas, de Huberto Rohden,por isso que suas essências permanecem sempre.

E quando no texto anterior me referi aos elementos do quaternário humano, também me referia a elementos universais, ou seja, o homem, isoladamente falando, sem ser criterioso, é  um copo, um veículo, e nesse veículo, há pequenos compartimentos nos quais há lugares em que os elementos – éter, astral, intuição, desejos... – são resguardados e que participam, a todo segundo, de nossas vidas, mesmo porque sem eles difícil é nos manter.

Resumo

O corpo, esse veículo complexo, ao passo mais simples que o outros, é o detentor de todos eles – é o veículo; o vital, subcorpo que possui a energia, a prana, como diria no passado, por nos dar a vida; o astral, ou linga sharira, que no passado fora tratado como nosso duplo, ou seja, um corpo que poderia nos substituir em razão de ser, ainda que invisível, portador de nossas intuições, mas o subcorpo do desejos, o kama manas, é o que direciona, segundo a tradição, o homem ao sagrado.

Entre todos os que citei, os quatro, o kama manas reflete nossas ideologias, filosofias, e mais, é o emblema humano, pois nenhum animal, planta ou pedra, o possui. E segundo estudos, os alquimistas passados se referiam às outras partes, assim... Corpo, como pedra; corpo vital, como vegetal; e astral, intuição, como animal... Mas somente o  elemento desejo, como humano.

Outros, ao corpo como terra; corpo vital, como água; astral, como ar, e o elemento do desejo como... Fogo. E assim, em muitas culturas, quando se referem ao homem como portador do fogo, de alguma forma citam o elemento do desejo, da paixão, do prosseguir com a mente voltada a algum interesse.

E é aqui que muitos dos grandes homens do passado, principalmente dos avathares, singularidade dos homens espirituais, tentam nos ensinar como lidar com essa parte que tanto desvencilhamos, quando obtemos a consciência plena. Isto é, depois que temos a visão do que realmente podemos ser no universo, trabalhando a parte que pode nos levar ao céu e ao mesmo tempo ao inferno – como diria Dante.

E em vários momentos, por assim dizer, encontramos de maneira simbólica essa dimensão citada pelos filósofos em mitos, pequenos ou grandes, de modo que saibamos interpretá-los e levá-los para nós, e ao mesmo tempo harmonizá-los com o todo. Porém tal exercício de conscientização em relação a esse elemento ainda nos é pobre, pois ainda somos meio sectários e às vezes cientistas, psicólogos, racionalizando ideologias que poderiam se harmonizar, não distanciar do que somos.


E o que somos?


No próximo episódio.


segunda-feira, 2 de junho de 2014

Kama em que Dormimos


O Mito. Maior realização do Kama.





Já ouviram Noturno, de Frederic Shopin, em uma sala silenciosa, numa expressão de beleza celeste, em que subimos, e ao passo sorrimos sozinhos, como crianças solitárias a transformar o mundo em uma brincadeira suave, e ao mesmo tempo tão sutil quanto o seu respirar numa noite de sono... Não. Acredito que não...

Então, um violoncelo de Sebastian Bach, te acordando com um despertar para o paraíso, mas, ao acordar, estás em uma terra sombria, a te consumir o corpo, deixando apenas alguns resquícios de uma lembrança interna, na qual esteves perto de  realiza-lo, perto de Deus... Não, tenho a certeza que não...

Quantos poemas fizestes quando viras o pôr-do-sol ao longe, a pedir algumas palavras suas, em meio a pessoas congeladas pelo ódio diário em que se infiltram, mas não conseguem intuir o porquê da beleza do horizonte ao mundo... Quantas estrelas contastes, ou ficastes com medo? Quantos enigmas do espaço você desvendastes e sorristes somente ao pensar que ele era fruto de um presente aos seus olhos...?

Quantos poemas já lestes em nome de palavras que querem se expor, se mostrar ao espaço infinito seu valor...? Quantas vezes soletrou a palavra Amor? Será que souberas tu o significado dele, nesse complexo exercício, natural e... Humano? Já disse Eu te amo ao seu filho hoje?...

Kama Manas

Sei que estou sendo evasivo e um tanto quanto misterioso ao iniciar nosso texto diário a respeito do nosso assunto, mas, de algum modo, se não entenderam, vou dizer-lhes... Em todos os parágrafos acima, minha indagações a respeito de músicas, poesias, poemas, comportamento são nada mais o inicio do que eu aludi a respeito no texto anterior... O Kama Rupa, ou como diriam em sânscrito... Kama Manas, o mental do desejo: da cobiça, do ódio, do amor, de querer humano, do  mais ínfimo desejo interesseiro ao último...

Dele sintetizamos o que queremos e nele vivemos por razões que até mesmo homens cuja filosofia mais tradicional não conseguiram desvendar. Estamos falando de uma ponte ou mesmo de uma grande faca metafóricas, com as quais podemos atravessar rios turbulentos, ou como canoas firmes ou fracas, atravessar o pior dos mares...

É deveras complexo falar de uma parte que nos leva ao Céu e ao Inferno, e que deles, por ele, se falam, se exibem, se imaginam e sonham escritores, ou mesmo poetas que surgem do nada e nos deixam legados maiores que os primeiros. Deles se fazem filmes maravilhosos, nos quais romances, ficções, dramas e comédias nos instigam a reflexões que nos levam a lágrimas em linhas, em telas, em falas...

Do kama Manas o homem sobrevive, mesmo que pela violência que o consome em cotidianos, em gerações que se fazem e se desfazem em violência, em sons de indignação por um grupo, sociedade, país, e transformam vidas passadas em morte, e vidas futuras em suicidas. Ou seja, com o desejo de transformação, tropeçamos em ideias pequenas e delas nos apaixonamos, e só observamos tudo isso quando vimos morrer nosso primeiro amor, quem nos criou... E só sentimos a realidade do mal que fizemos quando, mais velhos, nossos filhos vão à mesma rua, depois de anos, pedir o que pedimos há séculos... O que muda são apenas as carcaças dos homens, mas seus interesses são os mesmos.

Dele, do elemento mais sutil entre os outros três, mitos foram criados, com pretensões de o homem conhecer o universo em que vive, sente, trabalha, realiza sonhos, enfim... Desde os primórdios de nossa civilização, o kama Manas, no ser humano, e só nele, faz com que haja uma contínua realização progressiva e concreta dos sentimentos em prol de uma evolução material, e que, em poucas nações do passado, fora espiritual.

Depois dessa reverberação acerca do Kama Manas, precisamos entendê-lo de modo tradicional. E é assim que o teremos no próximo texto.



Até amanhã.

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....