quarta-feira, 4 de junho de 2014

A Neblina e o Sol da Manhã

no rastro de Didymos Tau´ma


A neblina começa a se desfazer quando temos o sol em nós.





... Cabe-nos explanar um pouco mais o aspecto filosófico da questão, antes de uma indagação quase que religiosa acerca do que somos, pois notadamente sempre acreditamos que somos a parte inferior física, em razão de nossa consciência estar mais voltada a ela do que em outros elementos, ou melhor, na maioria das vezes usamos toda nossa persuasão direcionada aos elementos que existem para aquém-corpo, com o objetivo primordial de defender o nosso elemento terra.

Então para que possamos indagar a respeito do que somos, é preciso criar uma consciência simples e ao passo complexa, de modo que ela nos eleve um pouco acima de nossas possibilidade físicas, como uma pequena oração, uma prece, junto ao que consideramos elevado em nós – ou fora de nós.

Ou seja, saber quem somos exige que detenhamos o poder simples (e ao passo complexo) de entender que não somos tais elementos do quaternário, não somos sequer a consciência que vaga entre eles, mas o que está para além de nossa simples e preocupativa compreensão em relação ao que vem depois deles.

Falo da parte que todos os grandes homens sempre foram capazes de se expressar com longevidade, com sacralidade, racionalidade mítica, assim com Platão, Plotino, Pitágoras, os quais, iniciados nos mistérios ocultos, como sabem, preferiram proteger a verdade... ou “não dar pérolas aos porcos”... e reverberar, de certo modo, àqueles cujo entendimento se aproximava apenas de um discípulo, na maioria das vezes, também iniciado...

Poucos, no entanto, conseguiram entender, mesmo não sábios no mistérios além corpo, acerca da filosofia, como é o caso do grande Aristóteles, discípulo de Platão, o qual, porém, mesmo pela proximidade, pelos dias em que esteve com o mestre, não foi o bastante para prosseguir com os ensinamentos dados na Academia. Tanto que Platão não lhe passou a administração daquela instituição, a qual doutrinava acerca dos mistérios ocultos, por fim entregando-a a seu irmão.

Isso, no entanto, não fez o grande Aristóteles menos do que era, um discípulo maravilhoso, que questionava sempre a respeito do céu e da terra e ao mesmo tempo criava, a partir dos conceitos do mestre, outros. Dizem, no entanto, que dele, de Platão, Aristóteles só não compreendera o Mundo das Ideias, o qual, até hoje, apresenta, graças a Aristóteles, uma materialidade desnecessária... Era tudo que Platão dispensava, pois a seu ver, tudo que era-lhe passado tinha o cunho sagrado, elevado, puro, semelhante a alma que nasce.

Percebemos, assim, que temos muito de Aristóteles, reverberando tudo para baixo, materializando nossa moral, nossa ética, nossa alma, e por fim nosso espírito. Nossos estudos não passam de leituras com códigos dos quais só retiramos aquilo que nos interessa e o que não nos satisfaz transformamos em medo, monstros, e recuamos.

Mas tudo isso nada mais é que a minha opinião acerca do que somos frente ao desconhecido, e nada mais nos é tão desconhecido que nós mesmos, seja como homens comuns que possuem reações diárias de violência regada a loucuras, seja o mais espiritual dos homens, que procuramos em nós, nas horas em que o mistério nos bate a porta da solidão, do nascimento, do crescimento, envelhecimento e morte...

Somos piores que Aristóteles, somos seres sem rumo, opinando acerca do espirito, levando pessoas a procederem em forma de santos fieis a palavras sem chaves, mas também somos aqueles que, em virtude dessas opiniões, também buscamos e nessa tentativa de encontrar o grande mistério, tocamos no fim de nossas almas, e observamos o ser do terceiro andar.

Os Três Andares

Somos nós, a espera da consciência pura humana, que atravessara o caminho que os deuses nos deram, o quaternário, a passar pela terra, pelas águas, pelo ar e quase fomos consumidos pelo fogo dos desejos, os quais usamos em prol de nossa elevação interna --  um sonho, talvez.

Aqui, no primeiro andar, encontramos Budhi, de Budi, iluminação, de onde vem a maior característica dos iniciados que foram iluminados pelo verdadeiro amor de seus atos. A palavra buda nasce desse elemento, do segundo logos... Temos a palavra Cristo, que, em aramaico, segue o mesmo significado -- iluminado, bendito. O Cristo no homem.

Quando Buda, Sidarta Gautama, há milênios se iniciara, conseguiu chegar a esse grau em razão de sua compreensão interna acerca do homem e sua natureza; outros, no entanto, consideram-se buda muito mais por se considerarem discípulo do primeiro...

No segundo andar, temos Manas, a mente pura, inegoista, natural, divina... Advinda do terceiro logos, manas é característica do ser fêmea, mulher, tanto que a palavra mãe, woman, pode, segundo alguns, ter vindo dela. Daqui, várias deusas foram geradas, ou seja, potencialidades primeiras com a mente pura – difícil explicar – transferem à natureza toda energia desse logos.

No primeiro andar, temos Átman, ou Nous no homem, no Universo, temos o Deus cristão; Krishina dos indianos... Temos nós.




Voltamos no próximo texto.

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