no rastro de Didymos Tau´ma
A neblina começa a se desfazer quando temos o sol em nós. |
... Cabe-nos explanar um pouco mais o aspecto filosófico da
questão, antes de uma indagação quase que religiosa acerca do que somos, pois notadamente sempre
acreditamos que somos a parte inferior física, em razão de nossa consciência
estar mais voltada a ela do que em outros elementos, ou melhor, na maioria das
vezes usamos toda nossa persuasão direcionada aos elementos que existem para aquém-corpo, com o objetivo primordial de defender o nosso elemento terra.
Então para que possamos indagar a respeito do que somos, é
preciso criar uma consciência simples e ao passo complexa, de modo que ela nos
eleve um pouco acima de nossas possibilidade físicas, como uma pequena oração,
uma prece, junto ao que consideramos elevado em nós – ou fora de nós.
Ou seja, saber quem somos exige que detenhamos o poder
simples (e ao passo complexo) de entender que não somos tais elementos do
quaternário, não somos sequer a consciência que vaga entre eles, mas o que está
para além de nossa simples e preocupativa compreensão em relação ao que vem
depois deles.
Falo da parte que todos os grandes homens sempre foram
capazes de se expressar com longevidade, com sacralidade, racionalidade mítica,
assim com Platão, Plotino, Pitágoras, os quais, iniciados nos mistérios
ocultos, como sabem, preferiram proteger a verdade... ou “não dar pérolas aos
porcos”... e reverberar, de certo modo, àqueles cujo entendimento se aproximava
apenas de um discípulo, na maioria das vezes, também iniciado...
Poucos, no entanto, conseguiram entender, mesmo não sábios
no mistérios além corpo, acerca da filosofia, como é o caso do grande
Aristóteles, discípulo de Platão, o qual, porém, mesmo pela proximidade, pelos
dias em que esteve com o mestre, não foi o bastante para prosseguir com os
ensinamentos dados na Academia. Tanto que Platão não lhe passou a administração
daquela instituição, a qual doutrinava acerca dos mistérios ocultos, por fim
entregando-a a seu irmão.
Isso, no entanto, não fez o grande Aristóteles menos do que
era, um discípulo maravilhoso, que questionava sempre a respeito do céu e da
terra e ao mesmo tempo criava, a partir dos conceitos do mestre, outros. Dizem,
no entanto, que dele, de Platão, Aristóteles só não compreendera o Mundo das
Ideias, o qual, até hoje, apresenta, graças a Aristóteles, uma materialidade
desnecessária... Era tudo que Platão dispensava, pois a seu ver, tudo que
era-lhe passado tinha o cunho sagrado, elevado, puro, semelhante a alma que
nasce.
Percebemos, assim, que temos muito de Aristóteles,
reverberando tudo para baixo, materializando nossa moral, nossa ética, nossa
alma, e por fim nosso espírito. Nossos estudos não passam de leituras com
códigos dos quais só retiramos aquilo que nos interessa e o que não nos
satisfaz transformamos em medo, monstros, e recuamos.
Mas tudo isso nada mais é que a minha opinião acerca do que somos
frente ao desconhecido, e nada mais nos é tão desconhecido que nós mesmos, seja
como homens comuns que possuem reações diárias de violência regada a loucuras,
seja o mais espiritual dos homens, que procuramos em nós, nas horas em que o
mistério nos bate a porta da solidão, do nascimento, do crescimento,
envelhecimento e morte...
Somos piores que Aristóteles, somos seres sem rumo, opinando
acerca do espirito, levando pessoas a procederem em forma de santos fieis a
palavras sem chaves, mas também somos aqueles que, em virtude dessas opiniões,
também buscamos e nessa tentativa de encontrar o grande mistério, tocamos no
fim de nossas almas, e observamos o ser do terceiro andar.
Os Três Andares
Somos nós, a espera da consciência pura humana, que
atravessara o caminho que os deuses nos deram, o quaternário, a passar pela
terra, pelas águas, pelo ar e quase fomos consumidos pelo fogo dos
desejos, os quais usamos em prol de nossa elevação interna -- um sonho, talvez.
Aqui, no primeiro andar, encontramos Budhi, de Budi,
iluminação, de onde vem a maior característica dos iniciados que foram
iluminados pelo verdadeiro amor de seus atos. A palavra buda nasce desse
elemento, do segundo logos... Temos a palavra Cristo, que, em aramaico, segue o
mesmo significado -- iluminado, bendito. O Cristo no homem.
Quando Buda, Sidarta Gautama, há milênios se iniciara,
conseguiu chegar a esse grau em razão de sua compreensão interna acerca do
homem e sua natureza; outros, no entanto, consideram-se buda muito mais por se
considerarem discípulo do primeiro...
No segundo andar, temos Manas, a mente pura, inegoista,
natural, divina... Advinda do terceiro logos, manas é característica do ser
fêmea, mulher, tanto que a palavra mãe, woman, pode, segundo alguns, ter vindo
dela. Daqui, várias deusas foram geradas, ou seja, potencialidades primeiras
com a mente pura – difícil explicar – transferem à natureza toda energia
desse logos.
No primeiro andar, temos Átman, ou Nous no homem, no
Universo, temos o Deus cristão; Krishina dos indianos... Temos nós.
Voltamos no próximo texto.
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