As dúvidas de Tomé. As nossas dúvidas. |
É de um significado expansivo, profundo, dentro do qual
vamos salientar apenas o que nos confere com nossa parca ferramenta racional, e
ao mesmo tempo, com todo o respeito de um homem que busca entender o universo e
a si mesmo, seja nas entrelinhas da
vida, seja nos mistérios de um universo que bate à nossas portas.
Não temeremos a divindade, pois Deus, em sua glória, e em todo seu esplendor, não nos daria um mental dos desejos, ou mesmo
uma alma que se indigna, que se cansa, que escolhe, enfim, que questiona a
respeito Dele, ou seja, não teríamos tantos artifícios humanos, quase divinos,
com vistas ao sagrado, ao mistérios que se esconde nas pedras, nos mares, nas
terras longínquas, e dentro do próprio homem... Afim de temê-lo.
É por isso que não podemos renegar o que somos, criando
barreiras emocionais, com receios de ir sempre em frente, em nome de Si mesmo e
da Verdade, propriamente. Não, não podemos. Temos que criar meios de ser o que
somos, sem que haja interferência dos amos que amam o mal, a preguiça, a dor, o
desespero, a loucura, o ódio, a separatividade... Vamos criar referenciais
naturais, que um dia os deuses nos deram e que um dia os homens nos retiraram,
vamos ao encontro de ideais grandiosos nos quais há o Bem, o Belo e a Justiça,
a Sabedoria, sem que nos aprofundemos em existencialismos sartrerianos, ou
somente em organizações aristotélicas, em que o ser humano é apenas uma
ideia...
E hoje, já que discordamos das verdades que nos impuseram na
Idade Média, e que reluzem como faróis aos homens modernos – em forma de arte,
política, religião... – vamos voltar um pouquinho atrás, assim como o fizemos
em textos passados, e a partir deles tentar elucidar um pouco do mistério que
um dos maiores avathares da humanidade nos colocou há séculos, com vistas ao nosso
crescimento interno.
O Evangelho de Dídimos
“Quem descobrir o significado interior destes ensinamentos
não provará da morte”, assim disse Cristo, segundo Tomé.
Nos textos clássicos, aqueles que jamais serão tocados, há
ensinamentos sagrados dos quais o próprio homem duvida. Por que duvida?... É a
parte “Tomé” de cada um, ou seja, é natural que sejamos assim, por mais que
tenhamos a matéria em nossa mão, com todas as respostas, e mesmo assim vamos duvidar.
Tomé reflete um pouco dessa personalidade, de nossa alma que
coça, que sente aquela pontada pela ervilha que dormira debaixo de sete
colchões (símbolo dos sete elementos), que se indigna, que, a depender de nosso
universo, de nosso entendimento, começaremos a criar meios para alcançar o céu
interno (ou objetivos imediatos) e compreender a imortalidade da essência da
vida, sempre por meio de nossas dúvidas, questionamentos, busca.
Cristo, em sua filosofia, deixou claro que nossas atitudes
são válidas a partir do momento em que temos uma direção, um caminho. Suas
palavras, mecanismo natural responsável pela imortalidade do todo trazem a brandura codificada, ou como fora dito, de um
elemento – Manas – universal, do qual faria com que nós seres humanos
iniciássemos a compreensão do todo, mas não de forma gratuita, mesmo porque
temos uma personalidade que, por si só, reencarnada, sintetiza que trouxe em si
a reminiscência de um passado material, não espiritual.
Ou seja, se estamos aqui, agora, de acordo com sabedoria
antiga, é porque somos o somatório do que fizemos, pensamos, passamos ao tempo,
e que, ao ver do grande universo, como diria os indianos, dos “Lipitacas” ---
os quais são responsáveis pela memória da alma humana – tínhamos que voltar à
matéria...
Não por isso, no entanto, as palavras perderam sua imortalidade, no sentido simbólico da questão, pois elas trazem escritos verdadeiros, porém simbólicos dos quais somente aqueles iniciados no esoterismo (interno), retiram dele a verdade. Contudo não é preciso tanto para entender que todos eles, do cimo da montanha interna, do Manas, pois se chamavam seres manvatharicos por isso, nos traduzem a realidade nas palavras, nos revelam a imortalidade, mas não conseguimos a chave para abrir.
Voltamos à matéria no próximo texto.
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