Os avathares, como Cristo, sempre falam do alto da
montanha, do cimo --me expressando é claro de maneira metafórica -- para dizer que estão
sempre em budhi, o elemento do qual, simbolicamente, tratam de assuntos humanos
de maneira única, e que às vezes se 'esquecem' de que estamos aos pés e não em
cima de outra montanha.
Quando tratam da imortalidade da
alma, por exemplo, assim como Platão sempre o tratou em seus clássicos, fica
mais difícil porque é preciso nos informar, primeiramente, a respeito dos
estudiosos do mestre grego, ou encontrarmos filósofos que respeitam os aspecto
míticos dele. Mas, ainda sim, passando por tudo isso, ainda temos nossas
dúvidas acerca do que ele trata, do que sintetiza a respeito do Amor, da Verdade, da Educação, da Justiça, das Leis e principalmente da Alma...
A realidade é que ainda temos os
olhos voltados a outros parâmetros, sem que sejam aqueles de suas épocas – como
o próprio Sócrates, que, ainda que haja histórias acerca do que era, do que
fizera, de suas pretensões para com os jovens da antiga Grécia, vão duvidar,
vão reivindicar mais detalhes, e esquecerão a essência de sua humanidade.
Ele, o grande mestre de Platão,
nascera em uma época de batalhas, e foi herói; nascera com os pés no chão, pelo
ser humilde que era, pelos pais que tinham, e ainda sim nunca deixou que suas
verdades – as quais tinham a semântica sagrada -- fossem objeto de renúncia, ou seja, poderia
ser preso, enjaulado – como nos tempos de hoje, jogado às escuras de um sótão –
que seria o mesmo de sempre...
E a verdade de Sócrates, com o
tempo, foi se transformando em contos para crianças, pois o mestre não teve o
cuidado de um Platão, o qual, na boca do mestre que se foi em razão de uma
condenação, escreveu com o racional preso à montanha, do alto, tudo que Sócrates aludira e muito mais.
E da montanha falou sobre a
imortalidade, de uma forma secreta, da qual nem mesmo o maior estudioso poderia
rascunhar; mas alguns teósofos brilhantes, como a misteriosa Blavatsky, em Chave para Teosofia, no qual diz,
baseado no que o filósofo aludiu em sua obras, que a parte sutil Nous é o
Espírito no homem, que reencarna, que espera a evolução da alma, que, segundo
os mais entendidos, está sempre acima de nossas possibilidades emocionais e
racionais.
Segundo a Teósofa, a alma nasce
para a vida física e adquire um novo corpo. Durante os primeiros anos de vida
(os sete), aprendemos gradualmente os
passos necessários para a “nova vida”, para o “novo mundo”.
Ainda, segundo HPB, mais tarde,
quando mais velho, nosso corpo está gasto, ao passo que nossa alma se prepara
para um mundo mais sutil da vida astral – ou seja, dentro que temos como
objetivos em terra, obedecendo às regras naturais da vida, sendo o menos
possível intransigente, a alma se prende ao astral como em um casulo, se
desprendendo mais tarde, depois da morte física, preparando para o Devachan... (ou Elisiun, como diriam os
gregos), que seria o lugar em que descansaríamos provisoriamente...
O Devachan, segundo a autora de Ocultismo Prático, seria ao ver dos
cristãos, o paraíso celeste, no qual a bem-aventurança reinaria eternamente;
enfim, daí pode-se dizer que nasceriam outros conceitos acerca do Céu post-mortem.
Ali, no entanto, ao contrário dos
modernos crédulos, a alma viveria um descanso e se prepararia para o (re)nascimento
no plano físico.
Assim, o que nos regeria, vamos dizer, dentro desse universo,
seriam leis que mais tarde outros povos antropomorfizariam em nome de uma
compreensão melhor. Contudo, para as civilizações em que mitos explicavam o
renascer das almas, nos quais chaves simbólicas a respeito do homem e seu papel
no universo, dos deuses, potencialidades nomeadas, não foi obrigado, porque
tais costumes se transformaram em culturas e o povo mais consciente em relação
ao seu papel, a si mesmo.
No próximo capítulo,
O evangelho segundo Tomé.
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