segunda-feira, 2 de junho de 2014

Kama em que Dormimos


O Mito. Maior realização do Kama.





Já ouviram Noturno, de Frederic Shopin, em uma sala silenciosa, numa expressão de beleza celeste, em que subimos, e ao passo sorrimos sozinhos, como crianças solitárias a transformar o mundo em uma brincadeira suave, e ao mesmo tempo tão sutil quanto o seu respirar numa noite de sono... Não. Acredito que não...

Então, um violoncelo de Sebastian Bach, te acordando com um despertar para o paraíso, mas, ao acordar, estás em uma terra sombria, a te consumir o corpo, deixando apenas alguns resquícios de uma lembrança interna, na qual esteves perto de  realiza-lo, perto de Deus... Não, tenho a certeza que não...

Quantos poemas fizestes quando viras o pôr-do-sol ao longe, a pedir algumas palavras suas, em meio a pessoas congeladas pelo ódio diário em que se infiltram, mas não conseguem intuir o porquê da beleza do horizonte ao mundo... Quantas estrelas contastes, ou ficastes com medo? Quantos enigmas do espaço você desvendastes e sorristes somente ao pensar que ele era fruto de um presente aos seus olhos...?

Quantos poemas já lestes em nome de palavras que querem se expor, se mostrar ao espaço infinito seu valor...? Quantas vezes soletrou a palavra Amor? Será que souberas tu o significado dele, nesse complexo exercício, natural e... Humano? Já disse Eu te amo ao seu filho hoje?...

Kama Manas

Sei que estou sendo evasivo e um tanto quanto misterioso ao iniciar nosso texto diário a respeito do nosso assunto, mas, de algum modo, se não entenderam, vou dizer-lhes... Em todos os parágrafos acima, minha indagações a respeito de músicas, poesias, poemas, comportamento são nada mais o inicio do que eu aludi a respeito no texto anterior... O Kama Rupa, ou como diriam em sânscrito... Kama Manas, o mental do desejo: da cobiça, do ódio, do amor, de querer humano, do  mais ínfimo desejo interesseiro ao último...

Dele sintetizamos o que queremos e nele vivemos por razões que até mesmo homens cuja filosofia mais tradicional não conseguiram desvendar. Estamos falando de uma ponte ou mesmo de uma grande faca metafóricas, com as quais podemos atravessar rios turbulentos, ou como canoas firmes ou fracas, atravessar o pior dos mares...

É deveras complexo falar de uma parte que nos leva ao Céu e ao Inferno, e que deles, por ele, se falam, se exibem, se imaginam e sonham escritores, ou mesmo poetas que surgem do nada e nos deixam legados maiores que os primeiros. Deles se fazem filmes maravilhosos, nos quais romances, ficções, dramas e comédias nos instigam a reflexões que nos levam a lágrimas em linhas, em telas, em falas...

Do kama Manas o homem sobrevive, mesmo que pela violência que o consome em cotidianos, em gerações que se fazem e se desfazem em violência, em sons de indignação por um grupo, sociedade, país, e transformam vidas passadas em morte, e vidas futuras em suicidas. Ou seja, com o desejo de transformação, tropeçamos em ideias pequenas e delas nos apaixonamos, e só observamos tudo isso quando vimos morrer nosso primeiro amor, quem nos criou... E só sentimos a realidade do mal que fizemos quando, mais velhos, nossos filhos vão à mesma rua, depois de anos, pedir o que pedimos há séculos... O que muda são apenas as carcaças dos homens, mas seus interesses são os mesmos.

Dele, do elemento mais sutil entre os outros três, mitos foram criados, com pretensões de o homem conhecer o universo em que vive, sente, trabalha, realiza sonhos, enfim... Desde os primórdios de nossa civilização, o kama Manas, no ser humano, e só nele, faz com que haja uma contínua realização progressiva e concreta dos sentimentos em prol de uma evolução material, e que, em poucas nações do passado, fora espiritual.

Depois dessa reverberação acerca do Kama Manas, precisamos entendê-lo de modo tradicional. E é assim que o teremos no próximo texto.



Até amanhã.

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