Lembro-me até hoje do dia em que Antônio Carlos Magalhães,
eleito eterno patrono da Bahia, como senador, pego em uma grande rede corrupções em Brasília, a ler um relatório que nele
constava suas desculpas quanto ao seu envolvimento no episódio, que, naquele
dia estarrecia o país, mais uma vez, para variar... “É uma crise moral..,”,
dizia, com um ar de rei na tentativa de imacular (ou rasteriamente, tornar pura novamente) a própria imagem, que já
estava mais suja que carpete de vira-lata.
Quando dizia isso, acerca da moral, seguia a moral
partidária, na qual se encontrava, na qual mandava e desmandava. Ali, em meio a
vários colegas senadores, poderia arrancar lágrimas, aplausos, mas não poderia
estar nem perto dos princípios que a moral mais básica pedia... Que era a coerência.
Com esse exemplo isolado, advindo de alguém que se
transformou em uma pessoa pública de poder, que angariou votos em meio a
ignorantes, dos quais só se consegue a maioria por ser quantidade e não qualidade;
em meio a um sistema no qual coronéis são eleitos e reeleitos, graças ao medo
das decapitações sem escolhas, traduzindo sentimentos no voto – seja ele de
revolta ou de medo, o coronel, eleito por maioria dos iletrados e românticos,
pela corrupção em nome dos santos, morreu como santo.
Não apenas ele, mas idem os grandes coronéis que hoje se
assentam no topo piramidal de um sistema que se sente confortável em lembrar
que ética e moral são apenas conceitos que se se podem criar de forma estanque
quando e onde quiserem... Sem qualquer ligação com seus reais significados...
A incoerência não estaciona,
portanto, em digladiações acerca do indivíduo
errôneo, com seu ato mais errôneo ainda, ao jogar a lata de cerveja pela
vidraça de seu carro, e nós, a criticá-lo... não. É possível que cheguemos ao
consenso de que estamos errados, mas continuaremos errados, graças às tangentes
que assumimos quando somos nós mesmos, quando profissionais, donos de casa, até
mesmo presidentes, seja de qualquer instituição ou mesmo de um país.
Moral que transcende
Está na hora de falar da Ética e de uma uma moral que nos transcende. Há uma moral natural em que
o homem sob suas asas vive, maculado por seus conceitos que ele mesmo cria,
simplesmente por não olhar ao seu redor e perceber que a grandeza dela subsiste e se renova a cada instante em forma de sol, chuva, terra, ar, fogo...
Uma Ética que subsiste como elementos (ou subelementos) em seu corpo, em suas
emoções, em sua intuição e, como micronaturezas, são responsáveis pelo
transcender do homem ao céu. O ponto máximo da Ética e da Moral.
Falemos nisso no próximo texto.
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