domingo, 29 de maio de 2016

Ética e Moral, de novo (ii)





Lembro-me até hoje do dia em que Antônio Carlos Magalhães, eleito eterno patrono da Bahia, como senador, pego em uma grande rede corrupções em Brasília, a ler um relatório que nele constava suas desculpas quanto ao seu envolvimento no episódio, que, naquele dia estarrecia o país, mais uma vez, para variar... “É uma crise moral..,”, dizia, com um ar de rei na tentativa de imacular (ou rasteriamente, tornar pura novamente) a própria imagem, que já estava mais suja que carpete de vira-lata.

Quando dizia isso, acerca da moral, seguia a moral partidária, na qual se encontrava, na qual mandava e desmandava. Ali, em meio a vários colegas senadores, poderia arrancar lágrimas, aplausos, mas não poderia estar nem perto dos princípios que a moral mais básica pedia... Que era a coerência.

Com esse exemplo isolado, advindo de alguém que se transformou em uma pessoa pública de poder, que angariou votos em meio a ignorantes, dos quais só se consegue a maioria por ser quantidade e não qualidade; em meio a um sistema no qual coronéis são eleitos e reeleitos, graças ao medo das decapitações sem escolhas, traduzindo sentimentos no voto – seja ele de revolta ou de medo, o coronel, eleito por maioria dos iletrados e românticos, pela corrupção em nome dos santos, morreu como santo.

Não apenas ele, mas idem os grandes coronéis que hoje se assentam no topo piramidal de um sistema que se sente confortável em lembrar que ética e moral são apenas conceitos que se se podem criar de forma estanque quando e onde quiserem... Sem qualquer ligação com seus reais significados...

 A incoerência não estaciona, portanto, em digladiações acerca do indivíduo errôneo, com seu ato mais errôneo ainda, ao jogar a lata de cerveja pela vidraça de seu carro, e nós, a criticá-lo... não. É possível que cheguemos ao consenso de que estamos errados, mas continuaremos errados, graças às tangentes que assumimos quando somos nós mesmos, quando profissionais, donos de casa, até mesmo presidentes, seja de qualquer instituição ou mesmo de um país.

Moral que transcende

Está na hora de falar da Ética e de uma uma moral que nos transcende. Há uma moral natural em que o homem sob suas asas vive, maculado por seus conceitos que ele mesmo cria, simplesmente por não olhar ao seu redor e perceber que a grandeza dela subsiste e se renova a cada instante em forma de sol, chuva, terra, ar, fogo... Uma Ética que subsiste como elementos (ou subelementos) em seu corpo, em suas emoções, em sua intuição e, como micronaturezas, são responsáveis pelo transcender do homem ao céu. O ponto máximo da Ética e da Moral.


Falemos nisso no próximo texto.

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