Estamos sempre em torno daquilo que é prático e daquilo que é teórico, e isso não é uma máxima. Nossos pensamentos, quando voltados a uma questão, seja ela qual for, planeja, investiga, vai a fundo, e quando acreditamos que há a possibilidade de plasmá-la -- ou seja, trazer à tona, desmistificando-a de nossas imaginações -- damos a ela a concretização de um personagem que pedia para ressurgir de nossas mentes, ou coração.
Por essas e outras temos que preparar nossas mentes, de modo que tenhamos apenas ótimas ideias, ainda que não tenhamos ideias. Explico. Se estou sintonizado com aquilo que me aprofunda ao nada, a lugar nenhum, ou mesmo ao mais sombrio do fosso, é possível que, quando vierem ideias, serão todas do mesmo nível. Cientistas chamam isso de insigth. Trovões que anunciam a chegada de uma ideia.
Se elevarmos nossas mentes ao que é justo, belo e verdadeiro, ao que o ser humano normalmente tem dificuldades de ingerir, pelo menos na maioria das vezes, é possível que ideias incríveis nos tomem a mente. Muitos, nesse caso, por trabalharem em prol de algo, pela natureza que se lhes apresenta, pela essência humana natural desde a tenra idade, podem vir, mais tarde, a idealizar algo mais forte, mais espiritual, mais elevado que os demais.
Sim, há indivíduos que brilham, que traduzem seu comportamento em algo simples, porém belo e essencial à vida dos demais e em detalhes se distinguem: seja na construção de uma cadeira, seja no apertar de uma mão. Seu caráter inviolável nos traduz uma forma de esperança, dentro da qual podemos nos espelhar, buscar e refletir sobre o que somos. Tais indivíduos são espécies raras, naturais, no entanto, do mesmo lugar que saímos.
Por outro lado, há aqueles que ainda não desenvolveram suas ideias em prol de algo que brilhe, talvez não pensem nem mesmo em fazê-lo, mas outros, que o querem, que pretendem deixar rastros tão belos quanto os primeiros, sempre serão buscadores de referenciais, dos quais poderão retirar algo que lhes compraz, que lhe faça sentido. A esses, a vida sempre será um enigma.
Hoje, em função de modismos, de justiças corriqueiras, de éticas patrocinadas, detemos muto pouco do que realmente é preciso ao ser humano. Mas quando nos sentamos, refletimos e adotamos nossos próprios meios, baseados em grandes homens do passado, dos quais Justiça será sempre algo maior que nosso umbigo, dos quais Ética não é apenas um grupo detentor de leis e opiniões, aprendemos que uma ideia a se demonstrar é a ideia que vem do céu.
Nas comunidade Antigas, quando grandes cidades eram feitas baseadas no universo, quando havia a sincronicidade natural sempre com vistas a trazer aquela organização à terra, ou seja, quando temos a certeza de uma Ordem dentro da qual estamos inseridos, fica mais claro nosso papel ao lado de outro ser humano.
Não é preciso que façamos cidades, que nos espelhemos literalmente em nossos antepassados, somente é preciso que tenhamos a certeza de que nada é por acaso, que nossos relacionamentos são formas universais, assim como estrelas o são, assim como diferentes cometas, que passam voando em torno dos planetas o fazem, podemos ser semelhantes de maneira que usemos nossos corações e alma em torno de nosso universo interno para nos unirmos, mesmo que sejamos diferentes.
Se existem aqueles que possuem a essência ainda em baixa, ou melhor, que ainda não tenha a mesmo visão que a tua, não é preciso que tenhamos discriminações acerca dele ou dela. Marcos Aurélio, imperador romano, um dia disse que "O mais importante é entender que somos diferentes, mesmo que uns sejam bons, outros sejam maus, mas, assim como os dentes de cima e de baixo, podemos ser harmônicos".
Vamos nos sobressair acima dos valores relativos, busquemos melhores formas de pensar; reflitamos acerca do que é válido não apenas a nós, mas ao mundo; peçamos aos deuses -- ou a Deus, como lhe convier -- que os homens tenham arquétipos divinos como forma de referenciais, que seus atos cheguem pelo menos a brilhar no escuro, sem que precisemos de lanternas para vê-los.