segunda-feira, 23 de julho de 2018

A Sombra concreta do Nada.

Uma viagem ao nada. Mergulhando em lago dos horrores. Nem mesmo um galho para te salvar, escorregando nas pedras lisas no fundo das águas, desesperado, pronto para nada pensar, apenas em pessoas, atos, passado, futuro, nada de presente. 

Antes, escondido por debaixo das cobertas, como caracóis em perigo. Tremendo feito vara verde, preso por ideias lúgubres, arrancadas do fundo de uma alma doente, decadente, presa ao agora, como pequenos barcos presos por âncoras imensas.

O galho não vem, as pedras ainda lisas, a respiração falha, as pequenas bolhas já saem da boca em sinal de que o ar está rarefeito, pedindo ajuda à superfície, mas apenas a natureza escuta, silenciosa, fria, com sua música tenebrosa ao vento, ensurdecendo pássaros que testemunham a impaciência da morte.

Os pés já se cansam, dores se acumulam, lágrimas se vão na água, mãos se inclinam ao mais perto do que pode alcançar, e a mente, pensante, almeja a vida, mas ao mesmo tempo a não vida, pois escorrega não apenas em pedras, mas no que fizera em sua história breve, onde se escondera da verdade, como se desfizera da Justiça, quando sozinha se infiltrava no egoísmo de Gizes...

Sabia aquele filósofo que homem algum teria a possibilidade de ser justo em sua solidão, mesmo porque não sabe referenciar-se em algo imaterial, do qual nasce e para qual se vai. Não há provas contundentes de que o céu existe, o inferno existe, mas há provas de que a alegria e a tristeza são irmãs gêmeas, porém um má e outra gentil.

Por quê?! para que a eterna ignorância humana se debata sozinha quando não há nem mesmo uma brisa a seu favor, ou mesmo alguém que lhe possa dar o galho da salvação em horas tão precisas como essa... Não, não há. Mas há, no entanto, memórias que nos trazem o arrependimento de não viver o que os mestres nos ensinaram, ou mesmo aqueles que sofreram, aqueles que um dia passaram por deveras circunstâncias, nos ensinaram a viver novamente o melhor...

O mestre se desfaz em nossa mente e se transforma em um ato de terror nos transpassando uma realidade a que não conseguimos suportar, até que nossas almas virem pó dentro desse corpo maldito que um dia nos deram de presente para...Nada. 

Feito da mais perfeita célula, em tecidos e ossos se distribuindo, e cada órgão se ajustando na medida de sua justiça, ainda que perdidos em acidentes, se transformam e se inclinam a auxiliar um ao outro, nos dando o poder de nos locomover ao precipício, de chorar frente às guerras, de morrer em vida, caído antes de se ajoelhar em chão puro, nosso corpo foi feito pelo mesmo motivo que nós, humanos, tão fervorosos em praticar injustiças, presos como raízes em mentiras, a crescer como flores belas em hipocrisias, que se revelam como frutos, como potenciais para enganar até mesmo quem amamos...

Quem somos nós? Uma máquina presa a valores sem valor, a pirâmides de lixos internos, os quais são somas do que somos desde os tempos das cavernas, quando matamos ou mesmo caçamos pelo simples e mero prazer de fazer, sem nada a oferecer a ninguém, apenas a nós mesmos, e mesmo assim, sem nada.

Nos assemelhamos a bolhas, que na maioria das vezes, belas ou não, têm uma vida inclinada a subir, outras vezes a descer, a depender do vento, e plum! acabou, explodimos, sem mesmo saber o mínimo sobre o que somos, de onde viemos e porquê. Tentativas humanas no passado se sobressaíram em nome de uma humanidade cujas bolhas, pequenas e significantes, parecem ter conseguido fazer cócegas nesse grande oceano, ao mesmo tempo que, para  muitos, nada foi significativo, mesmo porque o que significa o que sou, para onde vou e porquê se não consigo lidar comigo mesmo, com pessoas, com animais, com a sociedade em minha volta!?

Aparece o fundo do lago. Ninguém veio salvar a vida, que, segundo muitos, não se resume apenas em viver, mas viver bem; ninguém ou nada me ensinou, nenhum animal doméstico me salvou, nenhuma pata, mão, chicote, pé... nada passou naquele instante. Morremos.







obs.: Não levem a sério esse texto. Só quero provar que somos leques com várias possibilidades de pensamentos, nos quais até mesmo a decadência humana tem lugar nele. Entretanto, busquemos sempre o sagrado, a vida, a Deus.

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