sábado, 27 de junho de 2009

Caracois e Rastros



Sabe-se que tivemos seres majestosos que deixaram seus rastros tais quais caracois no chão, os quais deixam o brilho por onde andaram (são moluscos com pequenas estruturas nas costas). São homens acima do próprio conceito de homem, são homens divinos. São seres que nos elevam somente no falar de seu nome, no citar de suas façanhas – Cristo, Buda, Lao Tse, Confúcio, Zoroastro, etc, os quais traspassam sempre a unidade, a harmonia, a longevidade do espírito.


Hoje, tão distantes deles, buscamos qualquer pessoa que possa (vamos dizer) substituí-los em nosso subconsciente, mas é pouco provável que consigamos, pois, ao falar do espírito, falam de nós, de maneira que seja fiel ao segredo do próprio espírito.


Nunca identificaremos alguém que um dia fale semelhante àqueles homens se um dia nos depararmos com um deles, jamais; somos materialistas demais, somos capitalistas até o topo, somos tapados em matéria de amor, verdade e justiça, assuntos que são a tônica dos grandes homens para direcionar a humanidade a uma reta divina, a uma reta na qual poucos entram, pois a realidade não os deixa nela se equilibrar. Por isso dizem os hindus que somos homens que vivem no Antacarana, ou, traduzindo ao nosso coloquial linguajar, seres que vivem no céu e no inferno, constantemente. Não entendendo, no entanto, céu como um paraíso, nem inferno, com um terreno cheio de diabinhos nos puxando para cima de um grande caldeira (pelo menos era assim que eu imaginava!), mas de maneira pessoal, como em situações em que ficamos dúbios, justamente porque o somos, e vai demorar para sair dessa situação; enfim, quando dúbios, entramos na atmosfera do que é bom e do que é mal à personalidade, levando a ranger os ossos, ou mesmo a psique, ou ao extremo de uma alegria que, ante nossa visão, parece-nos a felicidade irrestrita, ou, para ela (persona), o próprio céu.


Com essa "voluveidade" demonstrada, a personalidade, que atinge o céu e o inferno quase que sempre, busca, em seu intimo, seres que a façam elevar-se, seja no âmbito religioso, seja no âmbito frio de seu poço, ou seja, em qualquer pessoa. Esta última forma, infelizmente, é a que retrata atualmente jovens que se harmonizam com ídolos de madeira, cuja fama acaba tão rápido quanto troncos em fogo, como os grandes cantores, que, desde criança, revelam grandes filhos da música conteporânea, mas esquecem de traspassar uma personalidade dedicada a algo que valha a pena, como a disciplina, a moral, a ética, ainda que relativa... Esquecem-se de demonstra amor ao próximo, ainda que cantem em suas canções cheias de dança e crianças enfeitando palcos, ainda que, parados, são entrevistados dizendo “Eu amo vocês”... E ainda tem o engraçadinho que, nunca respeitou a ninguém e o demonstra de forma fria e irreverente dizendo “E vocês, crianças, não esqueçam de obedecer a seus pais...”, sem saber que suas vidas estão sendo imitadas mais que desenhos animados, e mais, não sabe ele que está exterminando uma geração com seus atos, com sua eloqüência ante as câmaras de TV.


O que nos faltam são heróis de verdade, não mau caráteres; heróis que pensam num todo de maneira a retratar em suas vidas seus objetivos, pois precisamos de referenciais, pois Cristo, Buda, Lao Tse, já o são em algum plano tão maiores que não conseguimos segui-los... É por isso que precisamos também de mestres, seres que estão ao nosso lado, nos dando chaves simbólicas a fim de encontrarmos Deus nas mínimas coisas, e por fim em nós mesmos, e zelar pelas convicções talhadas em cada experiência, no colher de cada fruto, nessa grande árvore que é a vida.


É por essa é por outras que devemos ser reais seres humanos no sentido mais natural da palavra, e sorrirmos quando necessário, chorar quando necessário, e amar de coração quando a vida assim nos der a palavra. Estaremos assim sendo seres fiéis aos grandes das épocas passadas, seremos em nosso nível caracois, mesmo que o rastro não seja tão grande quanto ao deles. Mas o que mais importa é que estamos no caminho correto.




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