segunda-feira, 13 de julho de 2009

A Era em que nos calamos


Desde criança, passamos por fases e mais fases, e uma das mais brilhantes é aquela que questionamos acerca de tudo; claro, sempre de acordo com nossos interesses naturais (o que nos é devido). Não há como nos frear. A questão não para aqui, contudo.

Passa-se a infância, a juventude, vem-nos a maturidade – a mais inquieta de nossas fases – na qual dúvidas sempre há no sentido mais inquieto da palavra --, no entanto, somos obrigados a frear tanto entusiasmo, e começar a obedecer dogmas que nos dizem quase literalmente “pare de questionar”.

Como podemos parar algo que nos é nato? Algo que nos pertence, está em nossas almas, e para além da eternidade, tal qual um bem consumível e ao mesmo tempo jamais perecível, justamente pelo fato de ser nato.

É como dizer a uma estrela “pare de brilhar, pois você está nos incomodando!” – como o propósito de silenciá-la e deixá-la na escuridão do universo. Somos semelhantes a essa estrela que, silenciados, precisamos brilhar novamente em busca de novos universos, ou apenas de uma consciência que nos centralize e nos desamarre das algemas da mentira que nos cerca.

Hoje, tudo é feito de maneira decorada, inclusive questionamentos em relação às instituições, que, sempre, dão um jeito de manipular nossas falas, atos, pensamentos... Até nossos questionamentos. Estes, que não passam de pequenas indagações acerca do pequeno mundo, são limitados: “Por que Sarney não sai do Senado?” / “Por que aquele padre não é preso pelo crime tal?” / Por que o deputado Tal não foi preso?” – E assim prosseguimos por uma ladeira que eles constroem para descermos e nos espatifarmos em lamas ou em pedras; e subimos a mesma ladeira e caímos nas mesmas falácias baseadas em questionamentos pré-elaborados e respondidos.

Não querem que façamos questionamentos do tipo “Por que não modificam a educação, a fim de mudar o comportamento humano, em relação à Justiça, à religião e à família ?” – simplesmente porque são os pilares de uma sociedade, e mudando-os, verão que grupos mudarão, sociedades mudarão e o mundo mudará. Alguns grupos – aquele das perguntas e respostas premeditadas – serão esquecidos, não terão mais efeito, e ficarão à mingua em uma nova sociedade na qual o valor humano é a peça chave para a construção de um novo mundo. O Homem será livre, terá a mais fidelidade com suas convicções, será partidário apenas da Justiça Universal, cuja forma de viver, dependendo de quem as pratica, será boa ou ruim. A Verdade, outro fruto necessário, será vista no homem honrado, a cuja lei divina obedecerá e dela passará a sua essência ao grande povo, ainda um pouco carente de amor – pois o passado fora tão injusto quanto um padrasto mal visto.

Utopia? Não... Não... Acredito que utopias e realidades podem viver tão bem quanto botões e pétalas, e temos que ser fortes para que não sejam tais sogras e noras na mesma casa. Utopia? Que seja. Mas uma utopia pode ser vivida aqui e agora, em mim, de maneira que eu saiba vivenciá-la no mais íntimo de meu ser, e fazer disso uma batalha constante, e mais tarde louvar a vitória como guerreiro que foi e voltou, ainda que cheios de sangue nas roupas e na alma.

Agora sabemos o que questionar, assim como sorrir e chorar; não seremos cremados, não seremos jogados nos porões, não seremos vistos como intelectuais em demasia – é possível que seja o contrário, pois o mais “certo”, hoje, são os julgamentos pautados pelos atuais grupos que nos jogam tais premissas já questionadas e respondidas...

Vamos pensar de maneira que sejamos crianças, que viram o rei nu, naquela historinha, lembra-se? Apenas a pureza nos faz ver o que a matéria vela; sejamos um tanto quanto crianças, mas crianças conscientes, daquelas que não têm medo de levar um tapinha da mamãe, pois estamos adultos e fazendo papéis de seres esquecidos pela memória humana, estamos nos esquecendo de ser humanos, pois nos fazem de bonecos o tempo inteiro, com fios invisíveis amarrados nas pernas, nos braços, e, não é de hoje, dentro de nossos pensamentos!

Os questionamentos nos levam a respostas em qualquer âmbito, no entanto vamos nos servir de questionamentos válidos, no quais até mesmo o maior dos governantes tenha medo de ouvir; vamos questionar nos templos (igrejas), vamos buscar através deles mais coerência dentro de fora de nossos idealismos – que mais tarde tornar-se-ão ideais grandiosos!

Vamos demolir as estruturas da mentira que se tornou verdade; vamos buscar a verdade!!

E para terminar... Por que fazem questão de dizer que um sistema no qual o ignorante, desinformado, ou mesmo o sofismático, impõem-se por intermédio de um representante, sem um mínimo interesse social, humanitário, etc, é o melhor de todos os sistemas?...

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