quinta-feira, 9 de julho de 2009

Podemos Tudo (?)


Dizia um professor de filosofia que Cristo poderia tudo, mas preferiu ser Divino, ser o mestre dos mestres. Nós, com o pouco que temos, ainda preferimos tudo, sem restrições. Queremos até mesmo voar com os braços, a imitar pássaros ligeiros, indo de encontro à lei da gravidade. Ao ver um pássaro, vem a nós a imagem de um ser livre, sem compromissos, sem trabalho... Ledo engano!

Pássaros, leões, macacos... qualquer espécie viva tem um compromisso com a lei a qual obedecem. Não precisam divagar, duvidar, apenas agem inexoravelmente com seus instintos, pelos quais vivem há milhões de anos. Seres humanos divagam, duvidam, vão em busca de suas respostas, e por isso caem em contradições, em devaneios e fazem o que fazem...

Tudo isso, porém, reflete em comportamentos até mesmo desastrosos. Se eu posso tudo, faço o que quero, vou aonde quero, ninguém pode me deter, simplesmente porque sou humano, tenho a consciência de meus atos, tenho a consciência do que bebo, como...

Será que o termo consciência está bem empregado quando nos referimos a nossos atos, cheios de incoerências, sem centralização, referenciais... Direção? Tudo bem se temos como referenciais o fundo do poço, mas, se queremos nossos objetivos alcançados, violando todas as regras... não há como alcançá-los; e se alcançados de tal maneira fria e vil, perdemos metade de nossa humanidade, do que realmente somos.

Os pássaros, se tiverem algum sonho, devem sonhar em ser pássaro; os tigres, leões, macacos, idem. Cada um a sonhar com o que sua espécie é. Quando chega à humana, os sonhos se deterioram e viram ponte de consecução material. A busca pelos sonhos se realizam de maneira desenfreada, com impulsos que variam entre zero a mil, uma energia que daria para realizar diversas usinas nucleares! Simplesmente por entendemos que somos os maiores realizadores de todas as espécies... O erro está aí.

Esse livre arbítrio, filho da grande natureza humana, mal compreendido, praticado e fadado a morrer no grande cemitério das más interpretações, é-nos uma faca de dois gumes, pela qual se corta sempre do lado errado. Essa faca, como nós, possui a natureza dual, tendo o poder, porém, de ser faca, de cortar apenas o que é necessário, mas não o faz simplesmente porque tem dupla face... Assim o somos; não porque temos a característica de irmos além do que nos é facultado (natureza dual), podemos fazer o que quiser ou ser o que quiser: nós temos uma natureza evolutiva, ou seja, tudo que se fizer, em nome do bem ou do mal, teremos que ter a mente voltada àquilo que nos eleve, direcione, e que nos proporcione mais humanidade – o que nos falta em abundância. Caso contrário, não havia idosos nos aconselhando, mestres nos referenciando, não haveria ninguém, pois a liberdade comum, do dia a dia, nos teria destruído com o tempo.

Os animais não nos aconselham, nem mesmo são nossos mestres, mesmo porque não queremos sê-los daqui pra frente, e sim queremos ser mais humanos, de maneira que não cometamos erros de outras espécies a nossa volta. Portanto, buscamos pessoas que nos fazem ver na natureza nossos sonhos quando acordamos, quando deitamos. Os animais, apenas como meios simbólicos pelos quais possamos dominar a parte que nos cabe: a personalidade – esta que duvida inutilmente e deteriora nossos sonhos; fazê-la guerreira do cotidiano, cheia vontade, como um alpinista a alcançar o cume da grande montanha, a nossa melhor parte; ser devoradora de sonhos, como leões, forte como touro, pacientes como jacarés...

Sim, podemos tudo, mas não necessitamos fazê-lo; mas se o fizermos, façamos com o olhar para cima, a fim de que respeitemos a nós e nossos sonhos de humanidade.

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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....