terça-feira, 21 de julho de 2009

Há (mais de) Quarenta anos na Lua


Quando observo nos noticiários a falta de comida – consumo básico para sobreviver – nas grandes cidades, nos campos, interiores do Brasil, vem-me logo o link ao continente africano, que, depois de anos colonizado por ‘trapalhões’ ingleses, portugueses, franceses, sofre por isso e pelas lutas de tribos por uma liberdade meio confusa do estrangeirismo ainda em voga no país. Mas sabemos que, antes disso, morrem de fome milhares ou milhões de africanos por dia, em meio a lutas e torturas do dia a dia, em conseqüência da má administração das colônias e da discriminação com que trataram (e tratam) o continente.

Hoje, vista como o esgoto do mundo, a África é retratada, falada, vista e mal apreciada por todos, deixando sua cultura sempre em último plano, agora, por nós, os preocupados com nosso espaço, como nossas estrelas, com nosso universo.

Prova disso são potências, como Estados Unidos, China, União Soviética, que possuem a finalidade de resgatar uma organização voltada a reorganizar o que em outrora os ‘trapalhões’ fizeram, não chegam a lugar algum. Na promessa de bilhões em investimentos, tais nações, em contrapartida, investem, no continente africano, trilhões em armamentos. O resultado é uma África ainda mais isolada do mundo, pela violência patrocinada.

Por outro lado, o orçamento direcionado à ciência, ou pelo menos ao que ela objetiva, é cem por cento. Uma prova disso é que, hoje, o homem moderno se preocupa muito mais em voltar à lua, depois de quarenta anos – uma das mais belas proezas, claro – e não pensa em outro investimento; é preciso firmar-se no chão das necessidades mais urgentes. Pois, se temos um continente que há mais de cinqüenta anos a sofrer todas as mazelas do preconceito e discriminação humanos, e por outro uma ciência que repensa em levar cinco ou seis seres à lua ou ao sol, a Marte, a Júpiter, não sei, é pura desumanidade! Temos que repensar nossas prioridades, ou rever o que significa prioridade, porque nos parece que não sabemos.

Nos museus, com fotos de pedaços que nos trouxeram do satélite natural, pessoas cujos olhos se encantam buscam chorar com o mineral, simplesmente porque nunca o viram. Se pelo menos fossem mais idealistas e tivessem um entusiasmo verdadeiro em relação à pedra, mas não, são apenas emoções frias, forçosas, com sorrisos oblíquos, na tentativa de mostrar um racionalismo acima da média, misturado a palavras rebuscadas, esperando um elogio ( é assim que se portam os críticos de arte).

E nos jornais, notícias esquecidas de um povo que luta por uma forma de comida (não de vida), não necessariamente um arroz ou feijão, nem mesmo uma carne, mas algo comível, que possa assentar-se no estômago até o fim do dia; jornais que, brevistas, tentam sensibilizar com palavras tão tenras e colóquias uma história, uma época, um povo cujas palavras amor, carinho e paz raramente são pronunciadas e ouvidas.

Mas o homem tenta, heroicamente, em busca de novos investimentos, dinheiro para subir, subir, subir... e dizer mais uma vez lá de cima “É um passo pequeno para o homem, mas um grande passo para a humanidade”.




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