terça-feira, 7 de julho de 2009

Herança Bendita


Filhos, sempre eles! O que faremos com esses pequenos seres humanos, que nascem, nos dão alegrias; crescem, e nos dão agonia? A razão pela qual criamos todos eles está em uma pequena palavra. Amor. A mais nobre palavra e a menos compreendida de todas. Todas as tendências nos levam a crer que, se houver um apocalipse, e todos forem por água abaixo ou fogo acima, ainda sim, não saberemos vivenciá-la. Tudo porque nossos filhos são nossos filhos, mais nada.

Quem poderia (pode) escrever melhor acerca disso é a mulher, que se joga no fogo, nas águas, no embrião do vulcão simplesmente porque ama seu filho. O homem, com razões ainda implícitas, não faz todo esse espetáculo em nome dessa palavra (amor), mesmo porque, como diria o mais sábio, somos iluminados por raios diferentes dos da mulher, a qual prefere, por leis bem explícitas, amar sua cria tal qual qualquer fêmea do reino animal.

O amor, por ser explícito demais, torna-se complexo ao homem. Exemplo maior, como já ‘implicitamos’, é quando seu filho, aquele animalzinho que sai da fêmea rosada (ou de cores férteis e naturais), vem ao mundo. Por não saber dar o nome, assim como nas formas de linguagens quando não sabemos o nome daquela alça que segura a xícara, cujo nome, por eliminação, é asa, damos sempre o nome àquele ato, no qual médicos e enfermeiras enlameiam de sangue toda a maca, mascarados, às vezes, tão frios quanto robôs; ainda retiram de sua esposa – com um sorriso que não convence nem mesmo o mais cínico – o bambino , que nasce chorando, gritando até, em um momento tão simbólico, que eu, ou qualquer esposo, pode até desmaiar de pena... de Amor!

A herança desse menino, depois de anos, com certeza, não será a lembrança de seu nascimento, ainda que tentem lembrá-lo até a fase final de sua adolescência. Mas o real amor. Por quê?

É certo que somos eternos potes de flores ou de terras férteis ou não. Flores significam a beleza interior de cada um; terra fértil, o que dá as flores, seria a real educação que receberia o que nos dão, e que geraria o que há de melhor em nós. É certo que, se estamos preparados para essa real herança, obedeceríamos a regras universais das quais sai a nossa, a que tanto buscamos, aquela que nos direciona ao real Amor ( não o sentimental ).

Para o sábio, o sentimento estaria em nós humanos como pontes para receber o real valor das coisas, como o real valor do amor, desse ser que, segundo os grandes mestres, seria um dos primeiros deuses. Compreender um deus ainda não é de nossa alçada, mas fazer disso nossa meta como se fosse nossa tônica vital, elevando-nos até ele (ao deus), é necessário. Pois, se o encontramos em meio a uma natureza cheia de mistérios, também o encontramos em nós, em nossa natureza, tão complexa quanto o amor, mas tão simples quanto o sorriso de uma criança.

Contudo sabemos, a priori, que o Amor nos une, não nos separa; é uma evolução sabermos disso, pois, ver um filho nascer, ter amor a ele, é unir-se a deus, ao primeiro princípio divino, pois o Universo é uno em seu conceito seja a priori, seja a posteriori...

Ou seja, é inato o saber universal, este pelo qual tanto lutamos em saber em nossas ‘pequenas aventuras’ terrenas, aproximando-se sempre de uma realidade imensa, dentro de nosso nível. Naquilo que nos é dado, em cada vida que recebemos.

A herança a que nos referimos é o Amor. A herança bendita. E quanto mais soubermos de sua existência, de sua prática – seja com nossos filhos, ou com filhos alheios, -- estaremos compreendendo sua magnitude.

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