quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Mais que Vidas



Não sabemos quem fez as pirâmides – ou o quê; não se sabe o que fizeram os romanos perderem a hegemonia de sua grandeza, e decaírem; não se sabe o porquê da queda de várias civilizações – como as ameríndias; não sabemos de muitas coisas, uma delas o que fez Cristo dos sete aos doze anos.

Não há nada que nos faça voltar as história e entender, nas entrelinhas, tais questionamentos, que, para muitos, são motivos de buscas acirradas, loucas e desvairadas, a ponto de viver a vida em meio a livros, ou mesmo laboratórios, universidades...

Não percamos tempo, vamos atrás de alguma coisa que seja de nós mesmos, de nossa vida perdida no meio da multidão que nos arrasta, tal qual aquela que sai do estádio de futebol. Tentemos sem aspas viver a vida, essa grandiosidade divina que pela qual se ama, se engrandece. Deixemos os mistérios em seu lugar, busquemos apenas o que nos é próprio – isto é, o amor às pessoas, ao mundo. Precisamos disso agora, mais do que nunca.

Nessa multidão, que se vai, somos símiles em sentimentos, mas somos díspares em cores, em ideais, seja religioso, político, familiar... Não importa. O que nos faz humanos não é nosso caminho, mas o que nos faz andar nele, o que, geralmente, nos confunde, nos atropela, nos agride. O que nos faz humanos é o amor que temos um ao outro, essa força divina que, inata, se enraíza sem pedir licença, e, graças, morre em nossos corações, à beira do abismo de nosso espírito.

Por outro lado, os mistérios nos chamam. De zumbis nos fazem. Aquele frio em nossas almas – aquele frio que se iguala apenas quando olhamos para baixo de um grande abismo, lembra-se? – a pedir que caminhemos com medo, tal qual o guerreiro que sabe que morre naquela batalha, mas algo nela e em seus companheiros fica, que é a certeza de que o amor à liberdade, o amor à busca, o amor à vida, e o sentimento de imortalidade, fruto de várias experiências vivenciadas, elevadas à máxima potência, além do amor ao próximo... Tudo...!

E nós mortais, quando olhamos para trás, nos vemos, apesar delas, vivos no passado, e além disso, de que fomos realmente únicos em batalhas anteriores, que nunca terminaram, e que nunca terminarão.

As batalhas sempre existirão. As guerras, idem. Todavia, a paz, que buscamos tanto, torna-se meros lembretes de verões que nunca vieram. Por quê? Por que somos detentores de um medo que nos impede de viver, de sorrir, de abraçar o próximo, de dizer algo que valha a pena, nem que seja a si mesmo, o que diria àquele que precisa? Não... Não podemos ser assim. Ao mesmo tempo, não podemos ser confundidos com loucos desvairados em meio à multidão que tanto se arrasta para lugar algum: ela não vai compreender; vai te prender, enjaular em grades, rirá de você e exilar-te no primeiro buraco da terra...

O que posso tirar disso é que ser (ser) humano é proibido, é coisa de maluco! Além de querer ser um pouquinho melhor consigo mesmo, quero ser melhor com as pessoas com quem tanto ando, vivo... Você está louco?!

Viver a vida, re-ga-da-men-te, sem que haja exageros, mesmo que a morte nos perturbe em jornais, revistas; ainda que pulem dos abismos; ainda que corram para os hospitais, ainda que te empurrem, te pisem... Ainda que seja o caos. Viver como sábios – ainda que sejamos ignorantes de pedra – em nosso cantinho, em nosso abrigo – naquele cantinho que tanto amamos e conhecemos. Se alguém nos procurar, faça-o procurar uma cadeira, sentar-se; depois, ouça-o, escute-o com carinho, dê um belo sorriso, abrace-o e comungue sua dor, ou melhor, tente transformá-la em um ser de outro mundo, enviando-o ao seu planeta de origem. Quanto ao amigo que se sentou, faça-o entender que nele há a paz que tanto buscamos, há o Deus, há saídas para o mal, entradas para as esperanças, para as lágrimas verdadeiras... Para tudo que quisermos!

A vida nada mais é que uma consecução de todas as vidas.

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