segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Ser ou Não Ser


Nascemos e crescemos e adotamos na personalidade, essa máscara grega, uma série de fatos, acontecimentos, até mesmos nuances dramáticas, como tristezas, alegrias, amor, doenças... As quais sintetizam um universo pelo qual passamos todos os dias.

O teatro vai além. Ele supera até mesmo a maneira de entender o universo, de cada um, em seu nível. Mas o real teatro, aquele pelo qual todo universo dança, sacode, vai e volta, como uma sinfonia de Vivaldi, somente o grande Sábio compreende.

Um deles um dia disse: “A Vida é um grande teatro, no qual pensamos que cada cena é real, porém, quando menos esperamos, estamos em outra peça”. De longe percebemos que em alguma coisa nos encaixamos. E essa coisa é a nossa vida em particular, essa pela qual (e nela) lutamos com nossas garras, armas, travas, arcos e flechas, e às vezes com a nossa própria vida.

É o teatro se formando. Quando entendemos que em cada esquina há um sentido, seja ele obliquo ou paralelo, triangular, esférico, cheio de prismas, aí sabemos que estamos dentro de um contexto não casual, porque sentimos dores, alegrias, remorso, paz, guerra... Ou seja, aquela esquina, aquela pequena esquina, a que tanto aguardamos uma pequena virada, nos esconde mistérios da nossa personalidade – essa máscara que carregamos e com ela nos identificamos e a amamos até o fim de nossos dias...

Comecemos desde o início: os gregos sempre diziam que o teatro era composto de seres eternos: nós. As máscaras seriam todas formas volúveis humanas – esse relativismo que impera em nossa alma. Nós, no teatro, seríamos o ator, e ess ator, tal qual hoje, encarnaria vários papeis ao mesmo tempo em muitas cenas. Isso pode ser visto atualmente no teatro moderno, resquício do passado grego; pode ser visto em novelas, o folhetim diário das noites, e também nos filmes, uma forma extensiva de folhetim, que, de certa forma, não diferencia do teatro grandemente.

Enfim, cada ator, seja de novela, filme ou mesmo do próprio teatro, depois que retira sua fantasia, vai para o seu camarim, respira fundo, veste-se com seu traje normal, toma um banho, vai para casa ou não, e volta a ser uma pessoa normal, com todas as características de antes, talvez até gêmeas do seu personagem profissional – no teatro, novela ou filme.

Os gregos sabiam que esse ser que se veste de um personagem pode ser, dentro de um contexto filosófico, um modelo inspirando no grande universo que nos coloca máscaras quando concebemos a vida. Essa máscara seria todas as situações nas quais passamos; seria, dentro de algo mais sutil, o que sentimos – como fora dito mais acima. O grande ator, que recebe pele, ossos, caras, pernas e braços, seria o verdadeiro ator – seria nós. Tal ator passaria, segundo a tradição, por muitas vidas, a fim de se aperfeiçoar internamente, evoluindo em cada cena – tornando-se, um dia, Ator e Expectador do grande teatro universal.

Mas dentro do que somos, podemos ter essa realidade embutida em nossas vidas – de que somos partícipes de um pequeno teatro, e que, dentro dele, podemos ser um pouquinho melhores a cada dia. Baseando-nos nos grande atores de tvs, filmes, teatros, podemos, em cada cena, improvisar, baseados no livre arbítrio, ter idéias relacionadas a melhoria das peças, fazer todos entender que é só um meio pelo qual temos que passar, sentindo o que devemos sentir, e além de mostrar a todos o ideal, mas que, no fundo, são apenas frivolidades tão naturais quanto o sorrir de uma criança que ainda não tem consciência de nada. Podemos ainda fazer com, em cada peça, haja subpeças, e assim por diante, mas sempre com uma visão voltada ao grande ator, esse que somos, não importa o que fazemos, contudo o perdemos de vista.

Mas e a morte? A morte seria a ida do ator para uma nova peça, para um novo teatro, em um outro contexto. E assim sucessivamente...



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