segunda-feira, 10 de maio de 2010

Deuses e Demônios. Final.


Buda e Cristo

... A intenção de Gandhi, claro, não era a de ver seus discípulos, depois de tempos, estacionados ao relento, presos a idéias retrogradas acerca de deuses, templos, vida e morte, mas dissuadir os ingleses à largarem as armas e conseguir a independência sem mais sangue do que houve em outrora.

Contudo... Sua pessoa, como símbolo maior de uma divindade que nascia ali, na Índia, fez com que milhões de desinformados caíssem no mal propriamente dito: a inércia. Sem levantar-se de seus lugares, às vezes a morrer parados em frente a uma vaca, ainda que fustigado de fome, os indianos são identificados pelo cheiro: um odor de fezes de vários animais que são subjugados como sagrados naquele país.

Indiretamente Gandhi propagou, sem querer, o que muitos chamam de desvirtuamento de idéias a seres que não estavam preparados para um comportamento superior, em uma época decadente, na qual se segue literalmente tudo que se fala, tudo que se lê.

Cristo

Cristo, com mensagens simbólicas, nos trouxe parábolas a fim de que somente os homens de bem, puros de coração, pudessem ler e entender, e interpretar por intermédio de chaves que se perderam com o tempo – ou com o próprio homem que as fez se perder. O resultado é a luta de várias tribos até então na busca pela verdade, a que pregou Cristo.

Buda

Depois de crescer e desenvolver-se como um menino que tinha tudo na vida, Sindarta Gautama casou-se, teve amigos, esposa e filhos, tudo isso regado a muita riqueza, proteção e amor dos pais, que não queriam que o filho conhecesse a realidade da vida: nascer, crescer, desenvolver, morrer. Além de adoecer, envelhecer. Escondendo amigos, parentes que morriam ou envelheciam, o pai tentava passar a Gautama uma vida maravilhosa, na qual pessoas não tinham problemas...

No entanto, por ser um ser que questionava tudo, um dia dentro da madrugada, quando todos dormiam no castelo, foi para fora de suas limitações, e já no inicio encontrou vários seres com pobreza ao extremo – pois para manter a riqueza de sua ordem, muita gente teria que pagar. Assim, em sua caminhada, fazia perguntas, assimilava, refletia... E se encantava com tais realidades, as quais, um dia lhe foram escondidas.

Assim como em seu nascimento, em seu crescimento e morte, a vida de Sindarta Gautama tem uma série de metáforas, simbologias, com as quais a de Cristo pode ser comparada. Geralmente é assim.

Buda (Gautama) se iniciou depois de muito tempo, assim como Jesus se tornou Cristo depois de anos (muitos dizem que iniciou-se com os essênios, outros no Egito...).

Um dos aspectos mais intrigantes de sua iniciação nos transfere a algo porque passa quase todos os avatares – fosse inca, maya, egípcio, grego... Foi a comunicação com sua personalidade, a que se deu o nome de “demônio” pelos cristãos. O demônio, em pessoa, é um simbolismo natural e necessário, a quem se deu credibilidade literal depois da Idade Média, e perpassou por várias gerações de forma que não se pudesse dizer o contrário. E se vive até hoje com essa idéia errônea de que o demônio existe assim tal qual o ser humano, que tem a índole mal, é violento, frio e calculista, racional... levando a todos a rotular esses defeitos como “demo”.

Buda se iniciara debaixo de uma árvore. Ali, sóbrio como um deus, Buda viu o mal do ser humano, viu deuses e demônios se unirem, viu a terra se unir ao céu, viu a paz e a guerra como grandes necessidades, viu a pobreza, a riqueza, a morte, a vida – essas duas como a mesma moeda de duas faces; viu o amor, o ódio.... Enfim, assim como Cristo, nas grandes montanhas não cedeu às tentações do “demo”, Buda, sorridente, passou e se iluminou, compreendendo tudo, até a necessidade dos grandes problemas na vida dos indivíduos.

A religião a que adotaram não foi nenhuma. Eles eram o inicio, o meio e fim. Transformaram-se no universo, no grande ser. Assim como muitos antes deles.


A Fuga

Hoje, em meio fugidio, como foi dito no primeiro texto, a realidade nos faz confrontar com diversos problemas de maneira a vivenciá-los sempre com armas diferentes, também – talvez uma das falhas de nossas personalidades, enraigadas a desesperos e intrigas enraizadas em preceitos mais fortes do que nossas pretensões de resolvê-los, o que nos afeta e nos torna mais frágeis e fracos – não necessariamente nessa mesma ordem! – diminuindo nossas possibilidades se sermos mais fortes frente aos referenciais a que adotamos, seja cristão ou budista, etc...

A fuga é a forma pela qual, de alguma maneira, se revela o ser humano. Por meio de vernizes, máscaras, pensamentos positivos, gritos, caderninhos, agendas, corremos dos problemas, deixando marcas de um presente a se resolver num futuro não tão longe. Às vezes, tão perto quanto pensamos.

Não podemos ser budas, nem mesmo cristos, mas temos em nós meios pelos quais podemos nos iniciar e virar homens e mulheres a confrontas problemas maiores: é partindo para cima dos problemas assim como se parte para cima de leões que dormem com a jaula aberta: não olhemos para ele, mas, ao senti-lo, andemos de costas em direção a ele, como se nos entregássemos num ataque suicida, porém, não é assim, e sim, virar-se na hora correta, apanhando o leão antes que abra a sua boca e nos coma...

Temos que criar uma estratégia, e dentro dela nunca a de fugir, correr contra aquilo que nos espera. Temos que nos mostrar fortes dentro de nós, pois o somos. Nos mostrar não por nos mostrar, mas realizar o que nos é inerente: resolver nossas pendências sejam elas quais forem, porque a vida é confronto, é forma, é força, é ação e reação... É divino.


Conversar com nossos demônios, com nossos deuses, lá dentro de nossa alma – da parte alta – na qual e pela qual muitos conversaram, refletiram e viram o quanto vivemos em portas de papel as quais se tornam mais fortes a partir do momento em que negamos a vida ou damos passos para trás.

Cristo e Buda assim, onde quer estejam, estarão mais perto de nós.


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BLOG
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Este foi o centésimo texto de meu blog, que, ao contrário dos outros blogs, não há muitos acessos. Mas, se você vir a procurar saber qual é a intenção dos blog, talvez o meu seja um dos que mais segue a didática e a raiz de sua palavra. Blog significa diário. E na tentativa de trazer à tona textos que por sua vez são como se fossem segredos, ele vem ao encontro, mais uma vez, da palavra Diário.

São textos filosóficos, que falam de amor, verdade, paz... Justiça, Beleza e principalmente humanidade... Faço comparações dos dias atuais com épocas passadas que souberam lidar com tais valores, os quais são apenas meios de discusão entre nós. Tais valores, numa comunidade passada, não se discutiam – assim como se discute futebol – mas eram praticados...

Trazer à tona nossos restos mortais é a necessidade do homem. Voltar a encaixar-se como o único ser que percebe sua decadência e consegue levantar-se, tal qual lutador de artes marciais, é a essência de tudo. Claro que meus textos têm uma finalidade precípua, todavia, fazer com que a humanidade se levante, seria pretensão demais da minha parte... Mesmo assim, acredito em trabalhos voltados à origem de tudo que, um dia, nos fizeram acreditar no ser humano como um ser que religar-se-ía (e religar-se-á) a si mesmo no sentido de saber lidar com o próximo e com o que um dia perdeu nas esquinas da vida – dos ciclos.


REGIS



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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....