terça-feira, 4 de maio de 2010

Mães e Filhos


Alegria de viver, de estar vivo. Sobressaltar de todos os úteros in natura, nas águas da vida, nas ruas ladrilhadas, no paraíso. Velejar nos oceanos sem medo, subir montanhas sem cordas, ainda que frias, ainda que pontiagudas. Sorrir ao dormir, feito criança madura, saborear a melhor fruta da melhor mangueira.

Ser o que é, por mais falho que seja, ainda receber carinhos, semelhante ao vencedor da mais longa corrida. É ser o real fruto de uma genealogia, de um núcleo, no qual outros frutos, também chamados de filhos, brindam a existência da grande mãe.

Chorar, e não procurar o colo. Desenlaçar-se do útero, desfazer-se das leis. Como é difícil. Correr em direção oposta, ir de encontro a um novo mundo, sem aquela mão que há tanto te acompanha. Esquecer-se da origem, e começar do zero. Impossível.

Impossível viver sem ela, sem o sorriso e o abraço que nos conforta. Dos ouvidos que nos ouvem, da boca que nos acalenta, dos braços que nos amam, da alma que nos eleva... Impossível seguir sem a estrela-mãe, a que miramos desde a idade que não conta.

Agradecer. Apenas uma palavra. Não temos maturidade para tanto. Mas a palavra não existe. Pensemos, refletimos o que somos. Sejamos apenas filhos, que terão filhos, que nos serão netos, que nos amarão como pais, mas seremos avôs, e morreremos ainda filhos daquela mãe, que nunca se foi.

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