sexta-feira, 7 de maio de 2010

Deuses e Demônios


Há milênios o ser humano tenta entender a si próprio no sentido de entender toda a natureza em sua volta. Na maioria das vezes, primeiro a natureza, depois a si mesmo. Nesse caminho sem volta, torna-se um buscador, um descobridor, um cientista, um filósofo, ainda que ambas as qualificações não tenham sentido didático – muito pelo contrário – todas lhe são inerentes, assim como se diz na Língua Portuguesa, como um adjunto do outro – homem e cientista, homem e filósofo são naturezas adjuntas.

Ainda, por menos tempo do que nos parece, o homem possui problemas a resolver nesse intervalo – entre o conhecer a si mesmo e a própria descoberta – e deve ter com certeza, pois não se pode descobrir algo tão místico e mítico de maneira tão fácil, natural... E sim, com muita dor, muito desespero, muitos demônios e deuses...

O desespero, seguido de pensamentos voltados a uma personalidade frágil, se avilta. O Demônio – que há muito era chamado por Sócrates como um ser equivalente a um astral – hoje, nada mais é que uma figura no mínimo infernal – que vem de inferno, morada dos demônios --, seguida por outros demônios, pequenos, grandes, tão sádicos quanto a malévola bruxa da branca de neve, ao se deparar com a coitadinha no chão após comer a maçã... -- muitos fanáticos relutam em não assistir a desenhos de Wall Disney, pois traz a eles “lembranças” do que nunca viram, mas imaginam, e a tornam real...

Na realidade, os desenhos, principalmente da Disney, nos dá uma série de simbolismos, não da maneira xiita, mas filosófica, de lidar com os elementos que a própria natureza nos mostra, todos os dias... Mas para o xiita, nada mais é que o mal, o comunismo, o demônio disfarçado nos contextos, não só do próprio Wall, mas de tudo que se mexe...

Enfim, se passarmos a chamar demônio a tudo aquilo que nos traz realidades hediondas, frias, seja em qualquer âmbito, o próprio xiita, o fanático, ou mesmo até aquele pastor que vê maldades em tudo, são tão demônios quanto o pedem em sua descrição bíblica, e no pior sentido da palavra...

Na Bíblia cristã, demônio é aquele “anjo” que caiu do céu e que traíra o pai Maior – Deus. Zangado, o grande Pai o expulsa para a terra, como prova da mais alta punição existente. Mais zangado ainda, o Demônio inferniza as “crias” de Deus, colocando pimenta em nossas vidas...!

Mito

Partindo desse contexto arrasador em simbolismos, Céu, Terra, Queda, Anjo Caído, podemos ter um pouco do que os antigos chamavam de mito. Mito é tudo que esconde uma realidade profunda, seja humana, seja universal. Nele são narradas histórias em que heróis se transformam em deuses – como a de Hércules, Teseu, Ulisses --, com a finalidade de nos mostrar, em suas entrelinhas, a verdade que antigos iniciados nele colocaram...

Em um herói mítico, como Hércules, podemos retirar vários elementos nos quais ele, o herói, na linguagem profunda, somos nós. Em um contexto, Hércules mata um leão, e dele retira sua pele. Aqui, a linguagem mitológica diz que a personalidade do homem – herói – foi abatida. Ele predomina sobre si mesmo. Agora, vive dos valores universais, espirituais Hércules se torna um semideus. Em Teseu, outro herói grego, a mitologia nos diz que, quando ele entra no labirinto para dominar o minotauro, é o ser humano na pretensão de dominar a si mesmo, dominar seus instintos, ou seja, dominar, também, sua personalidade, afim de que seja canalizada para algo melhor. E consegue. Teseu mata o minotauro. O ser humano, pelo fio da filosofia, se tornou um pouco melhor. E o labirinto? É outro elemento que possui um simbolismo maior, mas não tão difícil. O labirinto seria nós, também. Já se sentiu perdido na tentativa de encontrar suas soluções? Então! Outro: Ulisses, o herói de Esparta, após articular contra Tróia e vencê-la, tentou voltar para casa em seu navio. Contudo, se depara com Poseidon, o deus de tudo que é líquido – do Mar, dos Oceanos, Rios – e o confronta. Por isso, e por muito mais, Ulisses passa por várias aventuras nas quais os simbolismos têm níveis mais universais que humanos; mesmo assim nos mostra o poder da humildade na consecução de nossos problemas...



Volto no próximo texto...

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