quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A Falta que Sofia nos Faz.


O esquecimento que leva ao abismo


Nesse fim de semana, refleti acerca da sabedoria. Desse sangue que precisamos em vida, do qual tiramos nossa espiritualidade, nosso amor, conhecimento... Desse rio do qual retiramos águas limpas, belas, puras... E enfim, mergulhei em Epíteto, nosso grande filósofo estoico, no qual pairou os mais belos ensinamentos, e até hoje, suas máximas nos engrandecem, para enfrentar a vida ou a morte.

Ler acerca do estoicismo, vivê-lo, é tão complexo para o mundo atual como colher uma flor apesar dos problemas que carregamos. É mais. É dar um cavalo de pau em um navio – quando este, se possível, estiver em alta velocidade, e fazer cento e oitenta graus em menos de alguns segundos. Mas... Há alguns que conseguem com seu próprio navio.

No entanto, com as ferramentas que temos hoje, chega a ser heroico (e estoico) nosso trabalho, porque, ao ler, queremos colocá-lo em prática, vivenciá-lo, e entrar em caminhos nos quais a chama do fogo sagrado circula e protege. Mal sabemos nós, no entanto, que, ao nos iluminar de longe, ou apenas em pensamento, já sentimos raios de sol fluírem em nossos meios...

Um dia me disseram, “se há Deus em suas possibilidades, você já o encontrou”. Realmente, nos falta um norte, para onde ir, se instalar, fincar bandeira, e morar nele. E ao contrário das grandes montanhas, nosso norte está ao nosso lado, à espera de um convite a se sentar, e colher a mais simples e sagrada paz.

Sim, nós já temos Deus em nossas possibilidades, mas não podemos nos esquecer de que Ele faz parte de nossos sonhos, de nossos ideais mais nobres, escondidos em nossas veias simbólicas. Está latente em nossas almas, além de se resguardar em uma natura tão perfeita, que somos incapazes de nela nos infiltrar.. pois temos medo.

A falta de uma sabedoria que nos faz ir atrás de Deus nas mínimas coisas é o que separa o trigo – os grandes mestres da humanidade, de nós, o joio. Sim, ás vezes atrapalhamos a natureza da vida, tentando racionalizar a simplicidade, os valores imutáveis, até mesmo personalizar as potencialidades, as quais bailam como flores em jardins imensos sorrindo de nossa ignorância.

E o homem, esse ser cientista, artista, filósofo por natureza, se debruça ante livros, pesquisas, à procura de sonhos para uma humanidade sedenta de espiritualidade. Por isso, guerras entre facções religiosas, conflitos entre igrejas de uma mesma esquina, e até mesmo entre duas pessoas que acreditam em Deus, mas não suportam sua expansão, sua característica de livre força e potência única que não admite, em sua qualidade, manipulação humana.

Mesmo assim, há aqueles que se subjulgam pontes firmes entre pessoas e Deus, esse mistério indecifrável, do qual se fala, se percebe, mas não se entende, graças à uma natureza sábia.

  
A falta de Sofia.

A falta de sabedoria, hoje, em compreender essa força cósmica, é tão natural quanto à própria natureza humana. No entanto, houve épocas em que, apesar do comportamento do individuo em relação ao conhecimento ser ínfimo, tínhamos indivíduos que surgiam como forças espirituais notáveis, o que nos faziam mais fortes. Havia mestres, escolas, lugares, pessoas comuns a comentar sobre alma, vida, verdade, justiça como se fossem pequenos professores saídos de suas escolas.

Havia, apesar dos pesares, filhos que se comportavam como filhos, pais como pais e mães como tal, graças à uma educação voltada ao que mais necessitamos, sabedoria. Claro que, se generalizarmos, cairemos em salas escuras procurando acende-la, porque há alguns grupos atuais na busca incansável pela verdade, ainda que sob regimes mentirosos, nos quais apenas os mais espertos se sobressaem..

Até mesmo na Idade Média, grandes filósofos foram lidos, tiveram suas obras modificadas, mas antes lidas, comentadas, mas que tiveram seu momento destaque, o que não acontece hoje...

O que acontece é um falatório confuso, cheios de pensamentos mais confusos ainda, com o dizer “filosofia não presta pra nada”. Ou seja, aquilo que modificou nações, estruturas educacionais, hoje, graças a uma mentira que se repetiu milhões de vezes e se tornou um grande muro da verdade, não se consegue entender a grande ponte do passado pela qual passaram milhares de sábios, heróis, políticos, generais, escravos e até mesmo cidadãos, os quais liam e reliam livros de outros tão mestres quanto estes.

Por isso, em pequenos focos, falas, conversas, atitudes, pensamentos – ainda que difícil – tentemos reerguer ensinamentos passados, de forma que não possamos apenas ler, mas fazer deles nossos aliados espirituais do dia a dia, porque há de ser, no futuro, mais que preciso.







À minha mãe, que não abre mão de suas convicções.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....