quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Uma Questão de Opinião

Platão dizia que vivemos num mundo de opiniões. E estava certo. Nada há nesse mundo que não opinemos ou trazemos opiniões, graças às influências de terceiros, quartos, quintos, e daí por diante, além dos grandes e pequenos e médios sábios – sem falar daqueles irrisórios pensadores dos quais pronunciamos máximas e delas ainda tentando sobreviver acima de tudo e todos – que coisa hein!?


Opinião: cordas de aço

Depois de fazer das opiniões bandeiras em protestos, ou seja, depois de nos influenciarmos pelo mau gosto, pela falta de gosto, e às vezes pelo que não nos leva a nada, batemos no peito e dizemos... “eu sou assim!” ou, aos mais radicais jovens “eu serei sempre assim”.

Mal sabem esses filhos de uma natureza falha que opinião é semelhante a plástico ao vento. Sempre mudam de lugar, e dependendo do ponto de vista, de cor, de forma, e na maioria das vezes, nem parece plástico... Mas por quê? Porque o mundo é feito de opiniões. E isso, desde que o mundo é mundo...

Raros são aqueles que se moldam em pensamentos clássicos e tentam, por si próprios, trabalhar seu modo de vida, fazendo com que haja o mínimo de opinião. Sim, pois, se tenho em mim uma vocação, tento trabalha-la, seja ela qual for, baseada em premissas universais, sábias, nas quais a humanidade seria a âncora de tudo... Talvez seriamos dotados de uma sabedoria paralela àquela que nos embutem no dia a dia. Isto é, se for sabedoria... Sabe por quê? Porque a opinião não entra naquilo que é natural e forte, e sim no que é volúvel.

Nascimento das Opiniões

As opiniões já vêm revestidas de interesse em modificar pessoas, projetos, ideias, de maneira vagarosa, corrosiva e ao mesmo tempo voraz. Aquele que nasceu em meio a um mundo de opiniões, e não percebe, morre sem saber que tudo que sabe nada mais é que a compilação de valores arcaicos, mentirosos, frios e ao passo vistos como éticos, profundos, morais, etc...

As opiniões são frutos de verdades, que, com o tempo, foram distorcidas. Há vários exemplos disso na Educação. Quando, por exemplo, se educa uma criança, dentro de parâmetros protetores, sabe-se, lá no fundo, que ela precisa passar por experiências em seu nível, assim com qualquer animal o faz; porém, o protecionismo arraigado o faz atrasado, involuido em relação ao que devia ser naturalmente...

Além do protecionismo, claro, nos ancoramos em vertentes mais fortes, como o medo, a coragem falsa, a ética falsa, o humanismo falso... Ou seja, seja ele qual for o critério que adotamos, aqui e agora, vamos sempre cair no critério (e nos subcritérios) da opinião. Não adianta aquele grande autor nos tentar passar alguma coisa lógica ao extremo para que possamos nos impressionar, pois são premissas baseadas naquilo que alguém falou, escreveu...

Eu poderia terminar dizendo “E assim caminha a humanidade”, mas queria dizer que, para que resgatemos nossas formas naturais de opinião, ou melhor, nossas reais experiências, é preciso que sejamos fiéis a nos mesmos, deixando que frases passadas sejam deixadas no passado. Claro que precisamos de máximas, de frases, de textos que nos elevem, que sejam, na maioria das vezes, pequenos sonhos a se buscar, mas – na minha opinião rs – podemos fazer nossas próprias máximas. Basta que sejamos referenciados por algo maior que nós, tipo... a nossa vontade, nossos sonhos, nossos desejos, os quais nunca conseguem ser, vamos dizer, encabrestados (!).

Porém, ainda digo, é preciso que saibamos lidar com premissas falsas, pois elas dominam o mundo, dominam seus pais, seus avós, seu cachorro, gato... (então dominam você, certo?), o que nos faz horrorizados e ao mesmo tempo cientes de que podemos fazer algo... Mas como?

Mais uma vez... Tentar buscar saber o que é nosso ou o que não é. Antes de pronunciar algo, saber se é um pensamento nosso, ou não. Ao ler um livro, tentar extrair o que achamos, não o que o autor acha. Se escrevemos, passar experiências somente suas, não de outros, com seu estilo, não de outros. Ao fazer um poema, seja o mais simples possível, com suas palavras, erradas ou não, presas ou não, livre ou...

Enfim, quando estivermos em meio a grandes homens que admiramos, ou menos que isso, tentar filtrar apenas o que nossa alma, lá no fundo, quer, não o que o racional (mente) quer, pois podemos cair naquela do intelectual sem inteligência. Imagine quantos temos no mundo!

Lembram-se daquele menino que foi o único a enxergar o rei nu? Então... Encontremos nas coisas o que elas realmente são, não o que dizem, pois podemos não ver o que ela representa.

Nas Igrejas, Campos...

Não só nas igrejas, que mexem e remexem com seres frágeis e na maioria das vezes não gostam de ler, de perguntar – imaginem! – ou que nunca tiveram pensamento próprio, graças ao pai ou mesmo à mãe que seguem tal caminho, há opiniões fortes em campos de futebol, em países ditadores, em casa...

Ou seja, gerações se fazem e se desfazem em nome daqueles que fazem milagres em nome de outros, ou morrem gerações em nome de batalhas as quais nunca deviam ter sido travadas.


Assim caminha a humanidade!

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