quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Cavalgando com o Mestre (I)


Ave, imperador!

Nesses textos que seguirão, pretendo levar ao leitor um pouco da filosofia greco-romana, a partir de um general-filósofo, que, em meio a batalhas, conseguiu escrever suas anotações de modo a vivenciar cada aspecto de sua vida com profundidade, tendo como referencial o estoicismo, uma escola criada por Zenão, e que tivera grandes discípulos, tais como Epíteto e o próprio general Marco Aurélio. E há quem diga que, até mesmo o discípulo Paulo, o guerreiro de Cristo, bebeu na mesma água.
Nascido em Roma, conhecido como o imperador filósofo, de uma família de prestigio, herdou uma das maiores fortunas de Roma. Mas foi com o escravo Epíteto, considerado por ele seu mestre, que Marco Aurélio sentiu a necessidade de algo espiritual em sua vida e, assim, assimilou a filosofia tradicional e tentou vivenciá-la ainda que sob os grilhões de uma Roma em decadência. Mesmo assim, segundo historiadores, seu império foi um dos melhores pelo qual o povo romano passou.
Nas batalhas, o imperador se via ameaçado, às vezes, ameaçador, mas, antes de tudo, um filósofo que escrevia suas Meditações, que, mais tarde, em várias línguas, foram traduzidas como um dos melhores livros de filosofia estoico. Muitos veem Meditações, de Marco Aurélio, como um livro de autoajuda, porém, sinto muito a esses, pois, embora possua o livro palavras de incentivo, traz uma filosofia prática, forte, romana. O que, em termos gerais, significa que, antes de nos sentirmos bem ao ler suas meditações acerca do universo e do homem, teríamos que nos abster de valores modernos, na tentativa de elucidar nossos próprios mistérios, pois cada um de nós somos um pouco Marco Aurélio, cada um em sua batalha, mas também somos Nero, a discriminar e a queimar nossas possibilidades de crescimento, graças ao nosso vadosismo.

O Guia do Imperador

Marco Aurélio, que sempre amou sua família, assim como todos nós, reverenciou a todos aqueles que lhe deram um ensinamento involuntário e particular. No livro, agradece a todos, seu avô, ao pai, a mãe, ao bisavô, ao seu tutor, cada um em um agradecimento especial, que o levou a ser o que era, um homem gentil, humano, firmado em suas convicções, mas que nunca, jamais esqueceria da coluna mestra que o cultivou até sua morte – a família.
Aqui, nesse texto, vamos tentar traduzir algumas das passagens clássicas do livro de nosso general-filósofo, que, depois várias compilações, transformou-se em o Guia do Imperador.
É necessário, no entanto, lembrarmos que Marco Aurélio era estoico, uma escola de filosofia que, depois de Cristo, tentou resgatar um pouco a filosofia de Sócrates, e o que temos notícia é de foi a que mais fez, de modo simples e profundo, nos trazendo a todos desse século – complexos que somos – uma realidade da qual todos podem participar, mas sempre com vistas ao espírito, aquilo que dorme como criança no mais infinito de nosso racional.
O estoicismo peca pela complexidade, dizem alguns especialistas, mas, ao lerem acerca da vida de Marcos Aurélio e Epíteto, sabem que a dificuldade não se encontra na escola estoica, em sua filosofia, mas em nós mesmos, porque nos tornamos robôs frios, que se enclausuram em nossas almas, revelando-se na maioria das vezes animais, vegetais e pedras ambulantes por falta de referenciais.
E o estoicismo pede que trabalhemos essa parte interna tão intensamente, que, ainda que em meio a um mundo desabando, sejamos capazes de sorrir, amar, viver como um jardineiro a cuidar de suas rosas tão belas e harmônicas com aquele universo. As rosas, nesse caso, seriam o que temos em excesso, mas também o que nos une a Deus, mas não há como podá-las sem a vivencia prática, pois somos humanos, acima de tudo. E mais, possuímos uma natureza que nos faz religar com o divino, a qualquer hora, aqui e agora.


Volto no próximo texto...

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