Não ter medo do mistério, ele faz parte de nós. |
No texto anterior, falamos um pouquinho sobre os mitos, os quais foram presentes em determinadas épocas com a finalidade de o homem conhecer um pouco a si mesmo e o universo que o ronda. O mito é uma realidade atemporal e possui, em si, essa possibilidade, pois há nele elementos para tanto...
Contudo, o homem não se pode ver separado do universo, como se fosse um ser especial com finalidades especiais, mas sim entender que nascera com uma consciência – como diria os indianos, um Kama Manas (mente egóica)--, refletindo suas debilidades, como o egoísmo, a inveja, os interesses, o que o estaria prejudicando em sua evolução como ser humano.
Daqui, dessa mente, nasceriam vários mitos – como o de Prometeu, que dera o “fogo” (Kama Manas) à humanidade, e fora castigado por Zeus mais tarde; Narciso teria se apaixonado por sua imagem (egoísmo em Manas); quando Ícaro desobedecera ao seu pai e caíra nas águas (dúvida em Manas)...
Enfim, uma série de citações simbólicas teria demonstrado a voluveidade humana a partir de sua consciência, esse presente divino. Porém, acredito que após várias gerações, ao entender que possuímos artifícios para domar a mente, transformar nossa estrutura, e nos elevar, a personalidade – um conjunto de valores natos criados por opiniões que se transformam em um outro ser – cria uma barreira, um muro, às vezes, tão alto, que nosso papel, a depender de nossa vontade (egoica), conseguimos escalar ou não...
Explico. A personalidade – nosso físico, astral, intuição, desejos... – desde que viemos ao mundo, se torna um ser mais forte a cada dia com valores opinosos, os quais criamos com nossas leituras, experiências, educação, etc, e sabemos o quanto podemos ou não ascender ou ao espiritual – Isso é uma aventura de cada um.
É por isso que, no passado, preocupavam-se muito mais em dar a real educação (edutiere, o que é de melhor, de fora para dentro) aos escravos que nasciam, aos príncipes, aos reis, de modo que entendessem, inicialmente, o que era o ser humano e seu papel na Natureza.
Grandes generais, entre eles, Júlio César, tiveram essa educação honrosa, baseadas em preceitos antigos, a qual se dava apenas em escolas fechadas, como o estoicismo, epicurismo, entre outras, e que serviam como um conjunto de peças essenciais aos cidadãos romano, grego... Enfim, eles respiravam uma realidade que se contaminou com o tempo.
E dentro dessa esfera educacional, nada era feito por acaso, pois se criara uma ponte entre os deuses e o homem, uma ponte chamada religião. E traduz-se religião tudo aquilo que se religa a Deus, ao próprio universo, a si mesmo – Deus estaria em nós, principalmente. Era o religare, não o “rotulare”, como hoje o é.
A exemplo teríamos Roma, na qual havia deuses em todos os lugares, pois Deus estaria – dentro do que acreditavam (não apenas eles) em todas as coisas, por isso determinar, de acordo com a circunstância, o lugar, a atividade, a atemporalidade, o nome do deus, como Ceres, da agricultura; Mercúrio, deus do Comércio, entre outros. Tal mentalidade, assim vejo, daria mais possiblidade concatenar o homem com suas atividades – aqui sagradas – e por consequência, com as potencialidades: deuses.
O Homem enfim seria uma partícula dotada de conhecimentos voltados ao sagrado, a Deus. E quando digo sagrado, não seria apenas o que favorece o ser humano, mas tudo que estaria no lado obscuro do próprio homem, como suas debilidades internas, advindas de sua própria personalidade, a qual, nem sempre, estaria de acordo com seus universais...
Sim, porque, sem tais debilidades, não teríamos jamais a involução histórica humana! Tudo isso também seria sagrado, divino, e seria Deus também. E os sábios gregos, egípcios, romanos, persas, indianos sabiam disso, pois o conhecimento é muito mais para poucos do que para muitos – ou seja, apenas aqueles que realmente davam valor ao espiritual baseado em preceitos tradicionais é que sabiam da necessidade de sair das cavernas (personalidade) e ganhar o sol (espírito).
Falemos nisso mais tarde...
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