Uma ideia, nada mais. A Roma
Clássica, em seu apogeu, queria tomar o mundo, se infiltrar nos mais detalhados
caminhos, e construir um universo do qual somente ela poderia tomar conta. Dali
nasceram e morreram vários generais, dos quais podemos retirar Marcus Aurelius,
Julius César, Pitolomeu, entre muitos, que, com a ideia romana de civilização
cultural e superior, deveria, ao ver da cúpula, fazer seus dominados crescerem
na marra...
Alguns cresceram, outros não;
mais tarde, o estrago, como se era de pensar de um grande ato como tal, viria
em forma de reclamações de culturas pequenas, nas quais o patriotismo e também
a teimosia em ser atrasados, ficaram mais evidentes do que pedra em riacho
limpo – como disse, tempos depois.
Alguns países, até hoje, falam de
Alexandre, o Grande, como o demônio mais jovem do mundo, por desfazer culturas,
implantar a sua, e ainda por cima renomear cidades, com vista a por seu nome em
todas elas.
Para quem conhece Roma, para quem
se informa ou se informou acerca do Antigo Império, que decaiu graças à “água
quente”, como diria um mestre de filosofia, sabe que aquele foi um dos maiores,
melhores e mais civilizados de todos os impérios ocidentais, que nasceu de
vários outros pequenos, mas que possuíam culturas o suficiente para fazer
crescer e elevar outra, maior, melhor, como a de Roma.
Quero dizer que não se faz uma
ideia – ainda que romana – surgir do nada. Deve haver algum princípio, uma
célula que a faça repensar o que é cultura, o que é religião, o que é política,
além de implantar em sua educação uma filosofia de vida humana invejável. E
seus adversários sabiam disso. Queriam, no entanto, crescer sozinhos, se
transformarem em ‘romanos’ sem que houvesse interferência de outros – ainda que
fosse a própria Roma.
O ideal deles, entretanto,
estaria longe de ser romano. E isso, Roma não aceitava. Quando um romano era
alvejado por bárbaros – leia em bárbaros, seres mal compreendidos, por isso
bár-bár-bár, ou blá blá blá – que se expressaram como loucos, não como
elegantes e disciplinados, estudados e treinados como guerreiros.
E quando tocamos na palavra “guerreiros”
podemos nos expressar da melhor forma possível e ainda não nos colocaremos na
posição de entender a raça romana quando entrava em uma batalha. Diziam que
eram como senhores da tática; deuses leões; patriotas de Roma, ou mesmo o
terror em forma de homens. Era de dar medo e ao mesmo tempo admiração. Mesmo
assim, as pequenas potências, de teimosas, entravam em confronto, perdiam, se
levantavam, e voltavam noutro dia... Para perder.
A ideia romana era tão forte
quanto às pilastras construídas aos deuses. Não havia ninguém que pudesse reverter
isso. Apenas a própria Roma. E isso
ocorreu quando alguns supostos patriotas, com ideias desconfiguradas acerca do
Império, foram geradas em trincheiras, em césares decadentes, em “banhos
quentes”.
Assim, a religião, que era vista
com vista como politeísta, foi tomada pelos persistentes cristãos; os soldados,
que faziam até pontes em seus caminhos, e davam aula de guerra, mais tarde, se
tornaram suicidas; as instituições caíram; e o blá blá blá invadiu facilmente o
Império majestoso.
Atualmente, não temos mais visões
claras a respeito de uma ideia quando se trata de religião, política, família,
e outros valores que eram base de uma grande estrutura do passado – não só
romana, mas grega, egípcia, e até mesmo persa – e por isso não podemos nos
autodenominar civilização.
Quando o vento bom das grandes
nações clássicas, que até hoje sussurram em forma de pilastras, de artes,
educação e heroísmos, estiverem dentro de nossos pulmões sociais, podemos dizer
que a ideia romana está para nascer.
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