quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Em Busca da Santidade



Sei o quanto é difícil lidar com pessoas, com o mundo, com a vida, enfim, com esse universo de diversidades, no qual a compreensão, baseada em nossos princípios, nossos interesses, por mais belos que sejam, caem por terra quando debatemos com a mesma espécie. Por isso, pesquisei, muitos preferem ficar enclausurados em quartos, em cavernas ou viajar e conhecer lugares, em vez de pessoas.
Assim, por consequência, nos aparecem os exercícios regulares de ioga, nos quais buscamos, forçosamente, a espiritualidade... o ser, nós mesmos, com intuito de fugir do mundo, no mais hipócrita dos sentimentos, conflitar com o resto do mundo com feições semelhantes a santos. Uma feição limpa de pecados, de sorrisos meigos, de paz... Mas será tudo isso realmente necessário a enfrentar a vida lá fora, com seus personagens?
Nesses dias, tive a oportunidade de provar isso tudo. Fiz um ambiente a parte, em casa, com intuito de buscar a paz, escutando minhas músicas clássicas prediletas – de Bach, de Mozart, etc – nas quais, percebi, em locais penumbrosos, no silêncio, fazem mais sentido do que quando as colocamos bem alto, na tentativa de ouvir as óperas mozartianas com a profundidade devida.. Mas não.
Na penumbra, com uma visão bela de quadros, ou mesmo de uma natureza simples, em meio a pensamentos livres de causalidades, a música faz seu papel: retira seus rancores, suas dores, seu cansaço, te enriquece, eleva a sua alma a uma região desconectada do real, a faz reconhecer a si mesmo, e como uma criança que viu o sol pela primeira vez de uma montanha, dela não quer descer mais. Como um dia disse Platão, "A educação musical é a suprema, visto que, mais que qualquer outra coisa, o ritmo e a harmonia conseguem penetrar os mais secre­tos recantos da alma".

Entretanto, temos que descer, mesmo porque nosso objetivo não é ficar escutando música o resto de nossas vidas. Temos um trabalho, e nele, querendo ou não, temos que focar em pessoas, pensar em como tratá-las, ou como não entrar em vias de discordâncias diárias. E quando houver essa possibilidade, não por culpa em si muito menos no outro, mas pensar em aperfeiçoar a tônica da vida, que são os relacionamentos..
Muitos, contudo, já não querem nem mesmo saber de investidas, pois acreditam que o ser humano é um ser difícil, mas não somos seres humanos também? Então devem pensar o mesmo de nós. As investidas devem continuar, e não podemos generalizar situações nas quais não fomos bem, muito pelo contrário, aí é que devemos reformular nossas investidas!
No filme “Pat Adans, o amor é contagioso”, Robin Willians, em seu melhor papel, o de um pretendente a médico, fazia brincadeiras com o intuito de conhecer mais as pessoas, por mais difícil que fossem. Com o tempo, via que seu “treinamento” era necessário também nas aulas práticas de medicina, quando percebia que, ao visitar algumas enfermarias com seus professores, os pacientes eram chamados pelo número, e não pelo nome, mas ele fazia questão de perguntar qual era o nome do paciente.
A prática individual, demonstrou, é necessária para realizar qualquer projeto, mas o de conquistar seres humanos é o mais difícil. Mas sabemos que há alguns que nascem com a sutileza e a habilidade para tanto, e outros, no entanto, não. Preferem distanciar-se. Mais alguns, não. Estes não são nem A ou B, pois querem se aproximar, dar o melhor de si, na conquista, no amor, na amizade, mas têm medo...
Para esses, torna-se não somente um projeto, mas um ideal de vida, e tentam entender a si mesmos, indo a igrejas, escutando músicas religiosas, sacras, clássicas, na tentativa de encontrar não só a paz, mas o outro que o compreenda.
Nesse exercício a alma pode crescer se estiver preparada para tudo, mas acreditar que a vida será como uma “lacrimosai”, de Mozart, pode esquecer. Ela é tão variada quanto à Nona, de Beethoven, com depressões, elevações, mediações, lágrimas, sorrisos, mistérios, sóis, chuvas, terra, ar, água (Vivaldi!) e fogo!
Podemos encontrar a paz em nossas meditações, mas precisamos de meditações tais quais a de Marcus Aurelius, as quais nos remetiam (e nos remetem até hoje) a um céu, mas não nos deixam retirar os pés do chão jamais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....