Todos os universos, por mais
desconhecidos que sejam, não são apenas matéria. Há a semântica natural que não
conhecemos; e quando digo semântica, me refiro à parte mistérica à qual não temos direito de entender de pronto, mas a
obrigação de ir atrás dela, em uma busca amorosa, entre nós e Deus.
A semântica, agora nossa alma,
esse pranto, esse impressionar, esse desejo, essa vontade de subir, elevar e
ser, na maioria das vezes, quer ser matéria, quer ser o que não pode (a mesma
coisa com a matéria, que, de vez em quando, quer ser semântica, mas...), e sabe
quanto racionaliza para tanto.
Embora nascida para elevar-se,
para se tornar bela – assim contam os
mitos – a alma é como a essência entre o copo e a água; contudo, há os
mais racionalistas, os intelectuais, nascidos para duelar em palavras, “esquecem”
a semântica, o que os céus resguardam para ele, e não se abrem. Ou seja, não
deixam água cair, ainda que o copo esteja cheio.
Mas é preciso que a água caia,
transborde, deixe o copo se esvaziar, e preenche-lo com a semântica natural da
vida, como janelas empoeiradas que se abrem ao sol; como grandes portas que se
abrem após milhares de anos a um lindo quintal. O copo não deve ficar vazio,
mas deixar que a alma, aquele aparente invisível, também faça parte dele.
O Copo é o homem, que se deve
abrir para a compreensão de Deus, da imortalidade do universo, de uma alma
maior que, em menor essência, se esconde dentro de nós, e se revela nas mínimas
coisas. Abrir-se para a compreensão do Logus, de sua distribuição no Cosmos;
deve-se abrir para a integração total em meio a um mundo que dispensa união,
harmonia e crença no sagrado.
O copo transborda, e o homem,
teimoso, não se abre; fecha-se ao sutil, ao mistério, ao amor. Então, como
dialogar quanto aos valores universais, quanto ao que eterno sempre se sobressaiu,
quanto a Deus? Assim, tais pontos serão apenas vistos com os olhos da matéria,
da terra, do universo palpável, e não daquilo que sustenta uma estrela, daquilo
que nos faz chorar ante ao por do sol, se emocionar depois de uma chuva benta,
que nos traz o cheiro da poeira, da vida?
Não somente isso, mas como posso racionalizar
oculto, ou como diria um professor, como podemos ser tão Aristóteles?... Este
falava da terra, e Platão do céu. Um céu em nós, nas coisas, em forma de ideias
– um Mundo das Ideias, do qual o primeiro filósofo pouco entendeu e difundiu
seu aprendizado a um ocidente, que já materialista era, tornou-se mais
profundo, mais viral... que pena! Poderia ter sido do fundo da alma
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