QUANDO abordamos assuntos tais quais a
estes, nos sentimos presos ao racional, que especula a respeito do que pode ou
não pode ser. E baseando-se nessa premissa, Platão teria dito que "tudo
que nos vem à mente é opinião", e sabia do que falava, mesmo porque o que
somos nada mais é que uma compilação de educação e formação de terceiros, que,
em algum ponto da vida, nos deixou sozinhos, como pipas que perderam os cabrestos.
MAS somos conscientes disso, dessa
opinião, tanto que, na maioria das vezes, louvamos os pais e também os
criticamos, ainda em idade avançada, como aqueles que se foram. Além do quê, se fizermos uma autoanálise, somos como livros que não querem que biografias façam parte de nossas
almas, mas não tem como ser diferente... temos nossos antepassados, que
morrem em nome de nossa formação, mestres que vivem acima
de nossas possibilidades somente para nos aconselhar e nos fazer filhos eternos
de pais que não conhecemos a fundo...
Por
isso, temos que adotar
pais que burlam nossa alma, no melhor sentido do termo. E quando isso ocorre,
somos obrigados a subir, ascendendo aos céus. Evoluindo.
Para
encerrar nossos textos em
relação à moral e à ética, temos que compreender o que somos e para onde vamos;
compreender que não estamos aqui como seres soltos, livres; estamos presos a leis nas quais a Justiça, a Beleza e a Verdade reinam de maneira invioláveis,
em sentidos mais inexoráveis possíveis.
É
observando tais leis nas
sementes, nas árvores, nos frutos e percebendo que estamos ante a causas e consequências,
nas quais não somente árvores e frutos estão, mas principalmente nós.
E
por meio desse sentido
universal, vários deuses foram percebidos e criados, com intuito de a
humanidade respeitar essa harmonia, a qual, não perceptível aos olhos, mas às
intuições, comanda uma ética perfeita, dentro da qual estamos trabalhando,
vivendo e captando forças sobre-humanas; mas não são...
É
uma ética natural,
ensinada pelas escolas inciáticas-gregas, egípcias, romanas; nos processos
iniciáticos celtas, maias, hindus, enfim, a discípulos que mais tarde praticariam em vida, com atos, pensamentos e gestos, o que a própria natureza nos
pede, com ação, organização e harmonia.
Á época dos grandes pintores e suas obras
maravilhosas, muitas destas foram feitas com vistas a demonstrar essa riqueza harmônica,
na qual deuses e homens se “tocavam” , ou pelo menos simbolicamente o faziam.
Na Capela Cistina, no Vaticano, quando nosso querido jovem Michelangelo, em
meio à guerra, trabalhava em nome do papa, ou mais precisamente de Deus, tinha
uma ideia do que seria o termo “simbólico”, e trabalhou em prol de uma arte que
demonstra até hoje, há mais de séculos, o papel do homem junto à divindade...
Em forma de anjo, faz Adão sendo
emoldurado por Deus – como visto pelos cristãos, de barba, e com vários anjos à
sua volta, com um ar paternal, mas que, ao olhar simbólico de uma cultura que
permanece até então, significa algo mais
profundo, como o encontro do Homem Superior com Deus...
E a Moral, a que transcende os valores
relativos humanos, está ali, naquele homem – como diria na Roma Antiga, na
virtude do homem que a encontrou. Não diferente de outras culturas, como na
grega, ressaltada por Raffael, ao exibir, de seu modo, a Academia, na qual
vários filósofos andam, conversam, pairam como seres sobrenaturais e, claro, de
modo simbólico, atemporais, com nossos principais filósofos Platão e
Aristóteles, no centro.
Platão, da direita, a levantar o braço,
correspondendo o que poderíamos dizer acerca do céu, do alto e elevado... do
Eu. Enquanto Aristóteles, com o braço para baixo, a significar a terra, o
horizontal, a matéria... Nessa prosaica forma de lidar com os enigmas do todo,
assemelhando-se a uma brincadeira lúdica – vários deles, desses grandes preceptores
tradicionais, sem falar em Da Vinci, com seu Homem Vitruviano, reina a Ética e
a Moral da maneira mais profunda e superior possível.
Não é impossível que sejamos humanos sem a
consciência natural do que nos circunda em termos míticos, caso contrário, não
teríamos a sabedoria passada ainda em relevância no mundo, em forma educacional
em diversos países, nos quais costumes e crenças nelas se baseiam.
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