Não podemos voltar ao passado
apenas para chorar. Voltar ao passado, somente, com vistas a melhorar o futuro,
e andar com cabeça erguida sem olhar para trás, ainda que ouçamos choros e murmúrios
daquilo que deixamos no fundo do poço.
Ficar em lembranças frias ou
mesmo alegres por momentos constantes, nos faz parar no tempo e no espaço. Parados,
na realidade, estacionados em meio a uma juventude que quer de nós respostas,
frente a questionamentos híbridos a respeito da vida e da morte.
Temos que estar preparados. E
depende de nós, seres maduros, cultos, livres das amarras daquilo que demonstram como hediondos, em televisões, e em outros meios aos quais foram
chamados um dia de fôrmas de fazer malucos – Glauber Rocha já diria algo
parecido em relação às televisões, que iniciavam seu poderio no início da
década de sessenta.
Isso, no entanto, não nos faz
menos responsáveis; muito pelo contrário, temos que respeitar o que a tevê e
outros meios nos trouxeram, mas não podemos nos afincar em seus desejos, que é
de tornar-nos escravos, ou mesmo senhores da poltrona, do controle remoto!
Somos donos de um mundo que nos espera mudá-lo, transformá-lo, e cheio de
esperanças, nada parecido com o de hoje.
O passado, esse muro que fazemos
questão de pular, e por trás dele colher as frutas, saboreando-as, nos engana, nos
toma, e nos faz meros ambulantes como fantasmas sem formas ou ideais a
compartilhar com a vida.
A vida, esse jardim complexo, de
flores complexas, das quais retiramos diferenças, e delas a beleza, o amor, a
felicidade... nos realiza todos os dias, nos dá experiências, sabedoria,
forças, mistérios, frutos, e de bobos rotulamos, chamados do que queremos,
daquilo que querem, mergulhamos no vazio, voltamos, sorrimos, choramos... E nos
viciamos de tão que é!
A morte, essa fera adormecida,
que, ao sentir o cheiro de loucos a lhe oferecer a mão, acorda, faz reverência
ao homem – a nós! – porém, nos leva com cheiro de dor, de fúria, e às vezes de
paz. Faz o que não queremos, mas que sabemos que nela há uma necessidade, uma
das maiores, graças a existência dos arrogantes, dos filósofos, dos modernos
cientistas, do fieis ao paraíso oculto. Da morte, tenho apenas que deixa-la
fazer o seu papel, e eu, o meu.
Um brinde ao passado, mas a ele
queria dizer que não mais quero com ele viver, pedir, talvez, alguns conselhos,
visita-lo, sorrir de mim mesmo, mas nunca o eternizar no sentido mais divino da
palavra, pois somos humanos, e precisamos andar para frente, evoluir como o
início de uma Nona, e explodir internamente como o big bang, o qual sempre existiu nesse grande universo que age
sozinho... nos levando em teu berço, como criança que somos.
Enfim, concordamos com algo.
Que somos crianças, assim um dia o foram os gregos frente aos egípcios, como um dia disse o faraó Amosis ante ao grande Pitágoras, "Vocês, gregos, são realmente umas crianças!", quando o filósofo fora um dia visitar a terra dourada para se iniciar nos mistérios ocultos.
Somos crianças frente aos mistérios pequenos, e aos grandes, nem preciso dizer, Mas nem por isso, digo, fiquemos indiferente a eles, mesmo porque, de algum modo, em algum nível, o somos. E por sermos parte desse pequeno distante e ao mesmo tempo cálice que se encontra ao nosso lado, deixemos a ataraxia de lado, o frio de lado, as reclamações, as amoralidades televisivas, e partamos com a consciência de que temos algo mais (sempre) em nossas almas a realizar, pois, somos humanos, o deus dos animais, animal dos deuses, o finito racional e o infinito espirito,,,
Quando olho a pirâmide, não sou nada; quando olho um grão de areia, sou tudo.
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