quinta-feira, 30 de julho de 2020

Para onde Vamos (?)

Será que a morte nos conduz ao mesmo fim?

É uma questão que, com certeza, se encerrássemos com duzentas páginas de blog, ainda seria pouco. No entanto, não estamos aqui para fazer 'páginas', mas para buscar nas entrelinhas a solução de algumas coisas que nos acontecem aqui, dentro de nós. E uma delas é esse questionamento, frio, desagradável, repudiante e ao mesmo tempo fantástico e misterioso..

Não existe nenhuma religião (Igreja, seita...) que não saiba a resposta desse grande mistério, coisa que pode se igualar aos xiitas que se suicidam em nome de seus supostos 'salvadores do céu', ou seja, paraísos naturais além-terra, além-mar, além-tudo, onde maravilhosas virgens, a espera do grande herói, debaixo de grandes cascatas de mel, nuas, dança ao som da música... cultural de cada louco.

A respeito das religiões no mundo, não posso ser genérico, mesmo porque há tradições que provam que algumas delas tentam seguir a lei natural da questão do pós mortem, ou seja, respeitam e acreditam que há uma continuidade, dentro um mundo não conhecido pelo humano, o qual, materialista, faz questão de fincar os pés na terra e se sentir imortal, mesmo com trilhões de exemplos contrários... 

Então, mais um vez, dissemos a esses maravilhosos  cabeças duras, A Morte Existe! A Vida também, e com isso todos concordam, mas não entendem. Talvez porque 'vida' signifique', assim como muitos valores, algo relativo, passageiro, que depende de respiração, ação, meditação, reflexão,,, Então, mais um aviso: Há Seres Que não Meditam e Existem! Há seres que não respiram, há uma gama de naturezas no mundo e fora dele que desconhecemos, que vivem, com vida própria!

Mas para onde Vamos?
Tenho uma irmã (fugindo um pouco das reflexões acima) que, quando mais nova, teve um problema que a atinge até hoje -- a esquizofrenia. Graças a medicamentos, hoje, está bem, obrigado. Porém (sempre há poréns), se não houver medicamentos, iniciam processos de questionamentos rápidos em sua  mente, a falar sem parar, a querer sair não se sabe para onde, e assim nos deixando preocupados, até então. Semelhante a alguém que quer sair de uma suposta caverna psicológica, assim vejo.

Muitos vêem isso como comportamentos irregulares a uma pessoa que, quando jovem, bela e idealista, brincalhona, jamais pensou ou falou tais coisas -- o que é normal a meu ver, porque se cresce em todos os sentidos, se eu não me engano, mas os outros, sem respostas, não se procuram tergiversar da situação e tentar entender o porquê. Entretanto tem algo que nos incomoda, que é o "Para onde ela quer ir", ao parar e pensar, quando não se toma o remédio bendito.

Às vezes penso o mesmo, mesmo porque sou casado e quando a 'coisa' pega penso que sou um pássaro, sei lá, ou mesmo um urubu, voando alto, aproveitando o fluxo de ar e descansando minhas asas, sem batê-las ou, por ser casado, obrigado a isso! 

Fora a brincadeira, é preciso entender que muitos sacerdotes no passado, como os egípcios sempre tinham por perto, claro, sabiam que o oculto era mais que sagrado, era algo sobre o qual não se poderia comentar, falar aos sete ventos, e sim respeitar em forma de símbolos que eram moldados à sua visão, e sabemos que tal nação era a melhor nesse quesito. Ao contrário de nós, acreditem, sabiam que o 'outro mundo' - seja lá qual ele for -- era tão concreto quanto esse em que vivemos, e por isso faziam festas sagradas em homenagens aos deuses ocultos e aos presentes. Era sagrado mesmo.

Assim como no Egito, havia a Escola de Elêusis, na Grécia Antiga, na qual sacerdotisas tinham o mesmo papel, em sacralizar as palavras que de lá saiam, até mesmo os atos humanos em relação ao ao próximo, à natureza, e assim, criavam deuses à sua imagem, mas sempre com um forte simbolismo por trás. Assim o foi em várias culturas...

Hoje, talvez haja culturas que celebrem o outro mundo, que o amem tanto quanto o atual, cheio de políticas e religiões, ciências e sociedade afastadas do Passado, o que já é um grande passo, contudo, a tradição nos ensinou que para amar o que há por detrás da vida, ou seja, compreender a morte, é preciso compreender a Vida.

Não se esqueça, "Todos os Homens Morrem, Mas nem Todos Homens Vivem".


Assunto bom.
Volto amanhã


quarta-feira, 29 de julho de 2020

A realidade e o real

A J.A.L


Nascemos com a mente dual e por isso nosso comprometimento com o real, com o eterno. Não há possibilidades de aceitarmos somente aquilo que nos cerca, ou aquilo que não nos cerca, pelo menos de forma visível. Somos duais até mesmo em acreditar naquilo que tocamos, percebemos e praticamos como seres humanos. É uma forma de busca, claro. Entretanto, deixamos de viver o que é sensato, evidente, belo em essência e misterioso por natureza. Falo do oculto.

Quem acorda todos os dias e faz sua manhã mais interessante por causa de uns pequenos raios de sol, sem mesmo se questionar o porquê daquela necessidade (além)física de sentir as miríadas solares, não sabe nem mesmo se questionar porque acorda. Quem anda todos os dias para o trabalho, se encontra com várias pessoas interessantes, outras não, não importa, e que não se questiona a natureza daqueles encontros, e quais ensinamentos podem te passar, não sabe para onde vai ou por quê.

Dentro desse mesmo tom, reclamamos, sorrimos, e se somos de alguma seita partidária, ou nem tanto, possui suas respostas baseadas em princípios maternos, nos quais, um dia, a ele foi dito que o Criador está de olhos abertos em qualquer um que estiver, ou pelo simples fato de não conjugar a natureza como um todo e sim separada de si mesmo. Esse é o tom maior que nos comanda.

Nada é por acaso. Nada te empurra para longe ou para perto, nem mesmo aquela força divina que "quer que você tenha ou não aqueles encontros", muito pelo contrário... A Natureza da qual fazemos parte, ainda que não entendam, é tão sutil e consciente quanto qualquer inteligência humana no mundo... E fora dele.

Não adianta colocarmos culpa em anjos que nossa imaginação arcaica constrói, porque não são. O único 'anjo', o 'único ser divino' que trabalha constantemente em prol ou não de nós, somos nós. A única divindade sagrada, que se enconde 'por debaixo das pedras', dos seres vivos ou não, que 'estais no céu' literal ou não, é o mesmo que se esconde em nós, lá dentro, no fundo do desconhecido humano... Esse é o real, os demais passam.

Não adianta buscarmos fora o que não aceitamos dentro.



Até amanhã.


terça-feira, 28 de julho de 2020

Direito Natural

O que está por trás de um voo?


Já percebeu o quanto fechamos os olhos para determinadas coisas que nos ocorrem na vida e que são essenciais para a nossa pequena e significante evolução?... Sim, algo que nos sussurra aos ouvidos da alma, ao buscarmos seu crescimento. Falo de direitos naturais, tais qual o observar do por do sol, da percepção dos pássaros que alimentam sua cria, em rara semelhança aos seres humanos, mas que, inviolavelmente, não reclamam... não ofendem... não distorcem palavras... 

Nosso crescimento não é semelhante ao das aves -- que, em culturas distantes, se tornaram símbolo do homem que olha para céu --, a exemplo dos faraós, os quais em épocas douradas, representavam o código da sacralidade humana na terra, por isso, o codinome "homem-deus". Nosso crescimento se faz silenciosamente, sem extravagâncias, sem políticas educacionais -- longe disso! -- e sim, por meio de formas invisíveis, elementais, sobre as quais a tradição preservou em seu núcleo a ensinar a humanidade, sem causalidades materiais, científicas ou religiosas. Não.

O homem realmente não é um produto criado somente para pensar e repensar seu erros, muito menos com pretensões físicas e ou espirituais. É mais que isso, somos feitos de barro sagrado, dentro do qual uma semântica perfeita (ou quase) se faz e nos transforma no limiar de nossa existência, mais uma vez a dizer, sem empurrões, sem dores ou busca por éticos e relativos valores. 

Se há algum valor a ser buscado, o próprio homem ainda claudica em percebê-lo, pois se fala muito neles, porém seus olhos o dizem olhando para o chão, não para o sol, ou para além dele. Os poucos que fizeram isso, na certeza de que a humanidade seguiria tais conselhos, estão em seus respectivos 'paraísos', penso; porque, se perceberam que possuímos a harmonia cósmica nas veias, o deus nitshiniano , percebido somente no ínfimo escuro de nossas forças internas, não merecem a escuridão de nossos erros.

Olhemos para o sol, para as pessoas, para o mundo. Olhemos mais para a Vida que se esconde por através das plantas, das pedras, que se tornam imensas ou migalhas minúsculas, tais qual átomos indivisíveis; questionemos nossos atos, se não estiverem na distância dos deuses e oremos ao oculto, sempre.





Até amanhã



quinta-feira, 23 de julho de 2020

Para entendê-Lo




Sei que estou sendo um pouco (pra dizer muito) breve em minhas dissertações acerca de um assunto tão belo e ao mesmo tempo tão profundo. Todavia todos sabem que, desde quando construí esse blog, este que lhes fala, tenta levar opiniões relativas às buscas diárias de Deus em sentidos diversos... Mas principalmente com focos filosóficos. Assim será sempre.

Então o leitor (numerosos demais!) deve ter uma certa leitura do que é Filosofia, Ideologia, Educação, Política, no sentido tradicional da palavra, enfim, de tudo que nos burla ou incomoda (no bom sentido) a alma... E ontem, mais uma vez, venho a falar Dele, de Deus, de uma maneira muito compacta, quase 'relâmpaga', e ao mesmo tempo simplista.

Não tem como não falar em Deus dentro de um mundo tão confuso, estreito de educação e desvirtuado de conceitos. Por isso, não canço de dizer... Precisamos de referenciais, urgente. Pois, neles, esconde-se um pouco do que somos, ou seja, do mestre interior, do Grande Professor que necessitamos. Todas as culturas, em todas as épocas, sabem disso, acho que até a atual sabe, entretanto, como disse, desvirtuou esse conceito também.

Olhar para cima ou para baixo, ir para esquerda ou para a direita, andar como? devo ser bom ou não, ou mesmo o que é mal? e por que o somos, se amamos o bem? o que é justiça? será que sou justo? o que é injustiça? será a falta da Justiça ou simplesmente a ignorância acerca desta?... E assim por diante. O referencial, por menor que seja, pode nos responder tais perguntas.

O assunto, no entanto, não é algo fácil de se entender, mesmo porque criou raízes profundas na humanidade. Revelou-se uma árvore tão maior que a higdrasil* dos nórdicos. Então referenciais, como salientei no início, somente com grandes homens que nos elucidam sem nos criar raízes também, de modo que, se nos tornarmos discípulos, procuramos a nossa verdade, não aquela que nos foi instigada pelo mestre que se nos revelou.

O papel do mestre, no entanto, não é tão breve; muito pelo contrário. Pode vir a ser pelo resto de nossas vidas, até a morte dele. Porém, sua grande palavra nos fica até o nosso 'último' suspiro. 


Até amanhã


R.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

A presença Dele



Muitos ateus ficam sempre a se questionar a respeito de Deus em todos os sentidos. Isso não os faz hipócritas ou inocentes, claro, mas também, não chegam a ser culpados por não entenderem certas 'coisas' que nos ocorrem quando estamos na presença de Dele. Sabe por quê? Nossa mente, ao contrário de nossas almas, nasceu dual, ou seja, relativa, que aceita somente a Verdade quando ela se mostra dentro de nossos interesses pessoais. E mesmo religiosos. 

A mente (ao contrário da mente universal) aceita a escuridão porque presenciou a luz, aceita o certo, porque o errado por ela já passou; e até mesmo a justiça, porque a injustiça já lhe ocorreu. Enfim, só entendemos o porquê das coisas porque nossa mente, finita, não concebe alterar seu corpo. 

Isso, todavia, nos trás dúvidas quanto ao espírito, ao metafísico, ao que o homem não pode alcançar... E daí, o ateísmos. Mas escolas no mundo, há milênios atrás, nos deixaram legado fixos em relação ao que sabemos ou não, ao que é verdadeiro ou não, e graças à posição cômoda nossa do dia a dia, hoje, não trazemos à tona elementos que podem ratificar isso, É perturbador.

Se tivéssemos uma mente una, não teríamos problemas de separatividade com seres humanos, desfazendo qualquer tipo de preconceito. Seríamos Unos em tudo. A harmonia entre as pessoas, entre os animais e plantas, além das grandes florestas, seríamos sábios em entender que tudo está em tudo, e que o grande misericordioso Deus nada mais é que uma forma relativa de ver a grande bondade humana nos altos...

Uma grande ocultista um dia nos disse, "Se a terra fosse povoada de animais, como cavalos e vacas, estes imaginariam Deus como suas sombras". É o que somos. Vacas, cavalos, etc, tentando explicar Deus ante ao que somos.




Até amanhã.




quinta-feira, 16 de julho de 2020

Lembranças de um Código





Há muito tempo, talvez há milhares de anos, tínhamos códigos nos quais poderíamos nos basear, fosse para uma guerra ou mesmo para comer uma simples refeição. Tudo isso, hoje, nos parece absurdos em meio a comportamentos alienáveis, dos quais até mesmo o mais tenro menino sabe que é fora de cogitação usar. Falo de termos como honra, hombridade, amor, código, leis sagradas, ou menos de que isso... uma palavra que reverbera em nome de pessoas que apelam em nome da humanidade: respeito.

O respeito, talvez, hoje deve ser mais lembrado em razão de nosso egocentrismo, que, querendo ou não, nos faz isolados perante ao que tudo devemos buscar. Mas o que buscar? Pra quê? respondo da mesma forma que um dia me foi respondido... "se um pé de goiava busca dar a melhor goiaba... ou mesmo uma mangueira, a melhor manga..", então, a somar, precisamos ser um pouco mais humanos, melhores humanos.

A verdade é que devemos crer em algo que nos eleve a alma, não no rebaixe ou proíba de ver o belo, o bom e o verdadeiro, e entre esses valores (honra, amor, ética, moral), acredito eu, está a honra, o amor, a dedicação aos nossos pares, em meio a tantos desvairados conceitos que se nos acorda pela manhã em jornais de grande monta. Não. Não podemos sucumbir aos desejos do que "não é", pelo simples fato de acreditar em conceitos sociais que nos dizem que "são". 

Parto de princípio que "aquilo que não é" não dura, não fica e nem mesmo se cogita em qualquer época -- a não ser que façamos esforços para tanto. Mas a balança universal sempre nos mostrou que valores, reais valores, são aqueles que "são" e duram eternamente, como os deuses antigos, sobre os quais falamos, mas temos medo de entendê-los, então fazemos de conta que foram apagados pelo Tempo. Não foram.

As pirâmides são provas de que houve grande valores, elevados, espirituais, diferentes dos que nos interessam em termos rotulares, além das grandes pontes, das grandes construções da Europa que até hoje só foram mexidas para dar alguns retoques. Todas foram feitas com amor, com honra, maestria e humanidade -- ao contrário do que pensam os caçadores de Ufos.

Templos Naturais

Hoje, ainda temos templos naturais que nos observam -- digo isso porque nem sabemos quais são! --, como diria Giordano Bruno, dado pela Igreja como o mercenário espiritual, que difundia ideias tortas em relação a Deus, e que dizia o filósofo, "Não precisamos de templos feitos pelo homem, mesmo porque Deus já construiu em plena Natureza", e de certa forma estava correto.

Quando somos observados por templo naturais, ficam a meditar sobre nós, sobre o que somos e para onde vamos -- e no final, por quê. Eles pedem que sigamos suas leis, seus códigos sagrados, nos quais pequenas coisas nos levam a refletir acerca do que é Deus. Alguns, assim como Giordano, sentem em sua alma o poder e a necessidade de entendermos o papel de grandes quedas dágua, de grandes montanhas, das grandes florestas, dos rios que nunca se vão. 

Sei que não nos observam, mas a recíproca, infelizmente, é verdadeira. Não observamos com olhos de Giordano, nem mesmo de filósofos tradicionais, mas com interesses físicos e emocionais, que nos fale ao nosso ego, diferente de alma. Os grandes do passado nos ensinaram, e isso nos ficou como breves pensamentos que se quebram quando olhamos fixos ao sol ou a terra molhada pela chuva. "Esquecemos que somos deuses", disse Platão.

Não deixemos quebrar o sentido da vida, nem mesmo o pouco que nos resta como ser humanos. Procuremos um mestre ainda que atualmente seja tão difícil. Ele, com certeza, vai nos aparecer, nos dá o caminho para a realização interna, a qual, a depender de nosso estado, pode ser um pai ou mesmo uma pedra.


Que assim seja.

 




terça-feira, 14 de julho de 2020

Inconsciência Coletiva

Não há Inconsciente aos Vegetais



Poderíamos discorrer acerca do "Inconsciente Coletivo" de C.G. Yung, maravilhoso psicanalista e filósofo, o qual traduziu em várias obras o significado dessa hereditariedade que a humanidade guarda na memória imortal de sua essência. Porém, quando nos vêm essa mesma raiz -- inco --- já não é nos aprofundando, ainda, ao que o grande doutor nos ensinou. 

A Inconsciência, a que me refiro, nada mais é que a 'falta de consciência' de alguém ou mesmo de um povo, o qual, diante de uma história que se monstra professora ante a alunos tão (quase) frívolos, se contrai com ideais de poder voltar e ensinar o que realmente precisamos aprender.. É fato. Somos ignorantes. 

Tantas das mazelas pelas quais passamos, e tantas e tantas vezes, repetidas vezes reclamamos, choramos, e mesmo assim... voltamos a errar! É possível dizer nossas consequências jamais saíram de nossas almas coletivas, mesmo porque nossos atos são tão extremamente chocantes quanto qualquer ato catastrófico da natureza... Este, pelo menos, tem sua razão de ser, ainda que por trás dele há algo a se conotar, refletir mesmo, porque, na maioria das vezes, se é encima de algumas cabeças humanas.

A nossa natureza, no entanto, se revela cheia de amor à dor, ao desprezível, ao desqualificável e muito mais. Isso causa estranheza até mesmo à nossa essência, pois vai de encontro a outro lado de nossos inconscientes (agora Junguiano). Vai contra esse legado mítico e arquetípico que já nos é dado, mesmo sob o manto mágico dos deuses, dessas potencialidades que fazemos questão de zombar. 

(Não tem importância) Mesmo assim, há algo em que se espelhar, ainda que sejamos pobres em pensamentos, racistas espirituais, ditadores naturais, criadores de sistemas frios, nos quais homens mais frios ainda são vistos como reis. Há sempre uma saída, ainda que superficial aos meus olhos, mas aos olhos dos pequenos, porém esperançosos, mais do que uma porta semiaberta, com vistas a sairmos desse outro "inconsciente" (sem noção sobre o que somos e podemos), dentro do qual homens não possuem referência, e quando o possuem, acreditam somente em si mesmos.

*

Agora, nesse mesmo instante, fico a pensar em Deus, em sua essência. Penso quando os pequenos homens do passado -- há milhões de anos -- não tinham problemas em observá-Lo nas pequenas coisas e ao mesmo tempo não O vendo como um ser que nos ordena, assim como qualquer grande homem em um determinada reino o faz. Hoje, milhões de anos após, nos julgamos como sábios, reis, inteligentes a ponto de criar máquinas que dialogam com ser humanos solitários, e lutamos como crianças interesseiras em nome de um presente que nem teremos, pois ainda não temos bom comportamento.

Deus é tão simples e tão complexo, que nos julgamos presos a esse conceito eterno, como se prisioneiros fôssemos. Todavia, se entendermos o simbolismo arcaico do Mundo, daqueles que um dia O compreenderam, ou mesmo iniciar uma pequena reflexão do que somos, saberemos o que fazer ante ao que nos mata todos os dias.


segunda-feira, 13 de julho de 2020

Na Essência dos Sistemas

"Podemos ser o que somos, e transformar a República"




Sabemos que a essência de todos os sistemas é nada mais que a preservação das leis e dos povos que a eles obedecem; sabe-se também que muitos que deveriam seguir esse conceito, não o seguem em razão de perceber que todos os conceitos podem ser manipulados em favor daqueles que o representam -- me refiro a presidentes eleitos diretamente e outros, indiretamente.

A questão, no entanto, não reside apenas em preservar ou proteger aqueles que são governados -- ou pelo menos isso --, mas sim descobrir, neles, nos sistemas, o papel daqueles que são a maioria, ou melhor dizendo, da massa, do povo, dos governados. Vários livros, entre eles, o magnífico "A República", de Platão, no qual o filósofo se debruça arduamente sobre a busca do conceito de Justiça, trabalhando as tarefas de cada um em uma Cidade imaginária. Essa característica, porém, é adotada a partir do momento em que intuirmos a obra tal qual uma quimera ou mesmo uma utopia, o que nos restringe internamente em iniciar qualquer coisa ou dar qualquer passo.

A obra (A República), claro, é universal, e ultrapassa qualquer conceito de República que temos, mas, graças à metáfora linguística -- comparação a partir de dois ou mais elementos, a formar um terceiro -- podemos, sim, olhar à nossa volta, conceituar, preparar, sondar a essência de cada um nos sistemas, levar à pratica. Ou seja, descobrir nosso papel dentro da Cidade, seja ela Platônica ou não, dentro de nossos sistemas políticos ou não -- ou, mais amplamente, universais.

Não temos a visão cosmológica dos mestres antigos, mesmo porque os templos de iniciação não existem mais. Podemos, dentro do simples que nos revela diariamente, ler a vida que nos passa diante dos nossos olhos. Nossa iniciação é tão lenta e gradual, tão tensa e falha, que nos cabe apenas encontrar nossos caminhos sozinhos, até encontrarmos nosso mestre.

Não é fácil.
De volta à República, para quem a leu, sabe que Platão transforma tudo em algo microscópico, até mesmo semântico, de modo que, se percebermos bem, está-se a referir ao nosso interior, ou seja, de nossas almas, o papel delas, e vai além: fala em forma de mitos que traduzem o papel da personalidade humana, como o mito de Er, no qual fala de um cavalo levando uma carroça, a deixar claro que o animal, quando desgovernado, é a nossa persona indomável. Não apenas esse mito; o que mais de deixa reflexivo é o mito do Giges, o qual revela o que somos quando não vistos pelos outros. Segundo o filósofo, somos tão obscuros que nos auto-preservamos psicologicamente quando estamos perto das pessoas com as quais vivemos. 

Pode ser isso, mas também pode ser algo mais profundo, como disse, porém, o que temos em mente é que, nesse mito, quando Giges, um dos personagens mais educados da história contada, se revela outro ao descobrir que o anel de possui é mágico: ao colocá-lo no dedo, pode desaparecer... (essa cena vocês já viram certo?). O possuidor do anel se revela um ser quase que bestial.

Então, assim que desaparecemos ante ao olhos do próximo, ou mesmo quando estamos sozinhos, nossa Cidade interna se revela, cheia de problemas. Somos vaidosos, somos injustos, somos horríveis por dentro, e muito mais. Somos Giges.

Há muitos problemas quando falamos em sistemas, em reestruturação de valores, de iniciar uma nova vida, pelo menos, algo parecido. Há a Cidade micro e a macro. E quando observamos o que podemos mudar nesse grande mundo que nos cerca é porque percebe-se que tudo depende de nós, não apenas diretamente, mas principalmente indiretamente... Todavia,  Somos Giges, pedindo para desaparecer e nos mostrar quem somos realmente. Não precisamos disso, mesmo porque cada um é um sistema diferente do outro, e nossos mestres, o visível, não precisa nos aparecer, mas sim nos dar chaves onde quer que ele esteja. 

sábado, 11 de julho de 2020

Medo de Ter Medo

"Como Joaninhas nascidas no orvalho"


Temos diante de nós vários dilemas, nos quais nos debruçamos e deles tentamos sair incólumes. Dilemas sobre a nossa força, nossas energias, nossa vida como um todo, além da morte. Entretanto não é um desses Medos que nos deixam pálidos e ao mesmo tempo calados com receio de dar os primeiros passos. É o medo. Medo. Com letra maiúscula.

Ante ao que nos ocorre atualmente, não sabemos até que ponto ficaremos passivos com Medo daqueles que, também, se revestem de crianças e se vão para debaixo da cama. Como nós. Até quando isso? Medo de levantar, de por os pés no chão, de ver o que ocorre do outro lado da porta, da janela, das calhas que se estrondam com barulhos de aves tão pacíficas quanto joaninhas nascidas no orvalho...

Não sabemos, O Medo, usado como forma manipulativa por muitos, com intuito de fazer falar ou calar, se torna uma ferramenta que, ao contrário do seu passado, útil aos grandes ditadores viris, com suas ferramentas ou, quando possível, com suas ordens tradicionais, com vistas a modificar o mundo disfarçado de outros sistemas, como por exemplo, o democrático, derrota seu inverso.


O que houve conosco? Temos tanto Medo, que concordamos e levantamos bandeiras com o nome em relevo falso, sobre o qual morre o verdadeiro nome. Temos tanto Medo, que o passado, o grande passado dos grandes homens que nos tentaram mostrar a real face do medo ante à morte, não se revela ou mesmo se sussurra. Sabiam todos eles que o Medo, esse que sobrevoa as nuvens humanas, nada mais é que uma forma necessária, sábia da Natureza em nos fazer melhores, seja combatendo, seja recuando...

O Medo real é uma lição de vida, uma Necessidade além de nossos princípios, sobre os quais divagamos em conversas entre amigos, palestras, livros, enfim, tudo que soa como opinião. Mas nas entrelinhas disso tudo, chamamos Medo o fato de recuarmos, corrermos de nós mesmos, de nossas sombras até, como se fôssemos filhos de ratos nascidos no meio de um esgoto a saber de um gato grande com planos de nos visitar um dia.


Temos que suportar o Medo, enjaulá-lo, respeitá-lo, traduzi-lo, ou o quê? Nada nos fará melhor se tivermos apenas teorias a respeito de um universo que nos fala a toda hora. Não adianta olhar sempre as estrelas ou mesmo a própria natureza da lua e espreitá-la como um ser que nos irradia uma luz falsa como se fosse dela, todos os dias. Não. Somos seres espirituais -- e isso até mesmo o mais frio dos homens sabe --, e sempre devemos traduzir o que vemos e sentimos não como um algo que nasceu e morreu somente para os nossos olhos ou interesses...


O Medo, com seu universo imutável, que sossobra em nossas mentes com seu mistério, também é visto de forma universal em todos os lugares em que vamos: nas pontes do presente, nas armas do passado, nos muros metafóricos e concretos dos generais, nas palavras dúbias de um indivíduo que não buscou a verdade, na paz inventada, com fim somente de trazer a dor e não o amor, enfim... Há o Medo, e pronto. 


E nesse pequeno mundo que construímos hoje com a finalidade de nos esconder de nós mesmos, sabemos o quanto estamos errados, mas temos Medo de reconhecer e partir para o real mundo no qual as reais batalhas são travadas. Temos medo de enfrentá-las.

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....