sábado, 11 de julho de 2020

Medo de Ter Medo

"Como Joaninhas nascidas no orvalho"


Temos diante de nós vários dilemas, nos quais nos debruçamos e deles tentamos sair incólumes. Dilemas sobre a nossa força, nossas energias, nossa vida como um todo, além da morte. Entretanto não é um desses Medos que nos deixam pálidos e ao mesmo tempo calados com receio de dar os primeiros passos. É o medo. Medo. Com letra maiúscula.

Ante ao que nos ocorre atualmente, não sabemos até que ponto ficaremos passivos com Medo daqueles que, também, se revestem de crianças e se vão para debaixo da cama. Como nós. Até quando isso? Medo de levantar, de por os pés no chão, de ver o que ocorre do outro lado da porta, da janela, das calhas que se estrondam com barulhos de aves tão pacíficas quanto joaninhas nascidas no orvalho...

Não sabemos, O Medo, usado como forma manipulativa por muitos, com intuito de fazer falar ou calar, se torna uma ferramenta que, ao contrário do seu passado, útil aos grandes ditadores viris, com suas ferramentas ou, quando possível, com suas ordens tradicionais, com vistas a modificar o mundo disfarçado de outros sistemas, como por exemplo, o democrático, derrota seu inverso.


O que houve conosco? Temos tanto Medo, que concordamos e levantamos bandeiras com o nome em relevo falso, sobre o qual morre o verdadeiro nome. Temos tanto Medo, que o passado, o grande passado dos grandes homens que nos tentaram mostrar a real face do medo ante à morte, não se revela ou mesmo se sussurra. Sabiam todos eles que o Medo, esse que sobrevoa as nuvens humanas, nada mais é que uma forma necessária, sábia da Natureza em nos fazer melhores, seja combatendo, seja recuando...

O Medo real é uma lição de vida, uma Necessidade além de nossos princípios, sobre os quais divagamos em conversas entre amigos, palestras, livros, enfim, tudo que soa como opinião. Mas nas entrelinhas disso tudo, chamamos Medo o fato de recuarmos, corrermos de nós mesmos, de nossas sombras até, como se fôssemos filhos de ratos nascidos no meio de um esgoto a saber de um gato grande com planos de nos visitar um dia.


Temos que suportar o Medo, enjaulá-lo, respeitá-lo, traduzi-lo, ou o quê? Nada nos fará melhor se tivermos apenas teorias a respeito de um universo que nos fala a toda hora. Não adianta olhar sempre as estrelas ou mesmo a própria natureza da lua e espreitá-la como um ser que nos irradia uma luz falsa como se fosse dela, todos os dias. Não. Somos seres espirituais -- e isso até mesmo o mais frio dos homens sabe --, e sempre devemos traduzir o que vemos e sentimos não como um algo que nasceu e morreu somente para os nossos olhos ou interesses...


O Medo, com seu universo imutável, que sossobra em nossas mentes com seu mistério, também é visto de forma universal em todos os lugares em que vamos: nas pontes do presente, nas armas do passado, nos muros metafóricos e concretos dos generais, nas palavras dúbias de um indivíduo que não buscou a verdade, na paz inventada, com fim somente de trazer a dor e não o amor, enfim... Há o Medo, e pronto. 


E nesse pequeno mundo que construímos hoje com a finalidade de nos esconder de nós mesmos, sabemos o quanto estamos errados, mas temos Medo de reconhecer e partir para o real mundo no qual as reais batalhas são travadas. Temos medo de enfrentá-las.

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