É como se o mundo de repente ficasse negro. Como se todas as nuvens sombrias se juntassem em torno do sol e o tampassem para sempre. É como se o caos se infiltrasse em sua mente e o fizesse ver apenas a dor – como em uma guerra solitária, entre você e você mesmo.
Como se a solidão mais profunda caísse em seu corpo, deixando veias a correr com sangue negro, semelhante a vampiros na noite à procura de algo vermelho. A solidão dos edifícios, das casas, dos animais que se guardam com medo do humano, agora, correndo em meio a ruas tristes, sem um coração... sem uma alma é friamente visível.
A semelhança não se restringe apenas ao mal, mas ao mal completo. Como se não bastassem os olhos cansados de procurar alguém, avermelhados pela seca dos ventos das esquinas, bate o cansaço do mal da imaginação, cujas violações ultrapassam até mesmo a compreensão divina...
Divina... Única palavra que nos traz saudades de um dia – daquele dia – em que éramos humanos, filhos da ordem universal, pais de invenções que um dia auxiliaram a humanidade a viver e a ... Sobreviver... Época em que vidas eram válidas no sentido mais exato da palavra, ou pelo menos pareciam ser.
A realidade atual, da grande obra da solidão, nos mostra, pelo menos a mim, que tudo não passara de espetáculos frios, nos quais a vida era um jogo perfeito que dera à raça humana preceitos para viver com seu livre arbítrio no sentido mais cínico do termo.
Como se a solidão mais profunda caísse em seu corpo, deixando veias a correr com sangue negro, semelhante a vampiros na noite à procura de algo vermelho. A solidão dos edifícios, das casas, dos animais que se guardam com medo do humano, agora, correndo em meio a ruas tristes, sem um coração... sem uma alma é friamente visível.
A semelhança não se restringe apenas ao mal, mas ao mal completo. Como se não bastassem os olhos cansados de procurar alguém, avermelhados pela seca dos ventos das esquinas, bate o cansaço do mal da imaginação, cujas violações ultrapassam até mesmo a compreensão divina...
Divina... Única palavra que nos traz saudades de um dia – daquele dia – em que éramos humanos, filhos da ordem universal, pais de invenções que um dia auxiliaram a humanidade a viver e a ... Sobreviver... Época em que vidas eram válidas no sentido mais exato da palavra, ou pelo menos pareciam ser.
A realidade atual, da grande obra da solidão, nos mostra, pelo menos a mim, que tudo não passara de espetáculos frios, nos quais a vida era um jogo perfeito que dera à raça humana preceitos para viver com seu livre arbítrio no sentido mais cínico do termo.
É a semelhança das coisas que me confunde: em que ou a que podemos nos assemelhar, se até mesmo os animais tinham seus códigos, suas leis, e a eles obedeciam?!
A queda da raça humana talvez tenha sido esse desligamento com suas leis com as quais um dia lidou, obedeceu e teoricamente... Amou. Leis que fizeram homens de fé, guerreiros do mundo; nos trouxe homens fortes, carismáticos, e além destes os divinos. Por eles, um dia, vivemos, criamos referenciais, adotamos leis gerais e particulares, educamos nossas crianças, e morremos por eles... Contudo... Hoje, nas pedras em que piso, na dor de meu peito que respira fracamente o ácido das fábricas, dos carros, do céu poluído...morro sem direção.
Morrer, que um dia fora a maldição humana, hoje me vem como a solução para cessar todos os males... Porém, a morte se foi. Anda-se velho, a pedir esmolas, como zumbis em busca de carne animal.... Humana, qualquer uma que nos lembre o sabor do sangue que se foi também.
O andar trôpego continua. E meus pensamentos embaralhados correm soltos em uma página em branco, filha de uma árvore que um dia nos dera frutos, sombra, fortaleza, mística... Enfim, árvore que nos trouxe bosques, casas, bancos... Não há mais. Assim com a lua... o sol... os rostos... as crianças...
Aprendemos a não educar, pois não tínhamos o que oferecer. Ficamos brutos como tijolos quebrando vidraças da casa do vizinho; não queríamos mais educar nem mesmo a nós, o custo ficou muito alto. Tínhamos que mudar nosso comportamento, o que seria o fim propriamente dito, numa era em que mudar para melhor já era sinônimo de caretice, burrice... Na adiantava sorrir, porque já significava interesse em alguém, em algo. Não adiantaria falar em Deus, pois já era prova de que você era um ignorante que não sabia ler ou mesmo fantoche de padre, pastores, da Igreja, enfim. Os templos foram queimados, e a dor recaiu em nossa pele...
As bases de uma sociedade – família, religião – se foram como se vai um plástico flutuando em redemoinho; as luas negras voltaram. O sol avermelhado, os pássaros famintos, os cães...
Se fôssemos mais humanos, se tivéssemos mais tempo aos nossos filhos, se tivéssemos mais amor ao próximo, àquele vizinho que nos observava pela fresta do muro... Se tivéssemos honrado os princípios aos quais os grandes obedeciam; se fôssemos menos egoístas e transformado nossas vidas em uma ampla casa onde todos pudessem se abraçar, sorrir, cantar à noite toda... Mas hoje lembranças não vão nos abrir, apenas nos fazer chorar e cantar como lobos frente à noite intrigante.
As óperas, as cantatas, a Nona de Bethoven... E todas de Mozart! Nossos corações foram enaltecidos pela eternidade de todas as composições clássicas por que passamos. Nossas almas se aqueceram do frio da humanidade quando as escutamos. Foram séculos jogados no poço da transgressão ética, moral, nos revelando o mal mais pérfido que temos notícia: a dor do esquecimento do que realmente nos fez pessoas de bem.
A justiça interesseira se sobressaiu; o amor confundido com paixão nos levou a violência; o capitalismo nos fez animais frente ao trabalho; a arte virou reflexo de uma personalidade virulenta, sombria, de um homem que nunca mais se elevou às coisas simples da vida. A música, longe de sê-lo, ensurdeceu nossos velhos, enlouqueceu nossos jovens e matou nossas crianças... A música morreu ao lado da arte.
Hoje, piso em sangue. E nele adormeço. Sujo, morro sorrindo indo ao encontro do desconhecido, onde posso pelo menos pensar em um resquício de esperança... Essa nunca morre, sempre se renova, ainda sob os escombros de nossas ignorâncias.
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