terça-feira, 30 de março de 2010

A força da MÚSICA


O que nos leva a ir a shows de rock, com suas músicas ácidas, com ritmos fortes, cujos componentes sempre tentam nos trazer a imagem mais clara do que do são com suas vestimentas, às vezes, com suas letras revoltantes? Ou na maioria das vezes salgadas demais? Carl Gustav Jung, psicólogo-filósofo, sempre dizia que ir a shows como esses e colocar o dedo em uma tomada é a mesma coisa.

Seria isso de que precisamos? Choques? Em algum nível talvez, mas, na realidade, quando se trata de música, acredito que precisamos recompor nossas definições acerca dos benefícios que ela nos traz. Platão, filósofo grego, em sua República, expõe o fato de que a música, advinda de uma esfera não personalistica, poderia (e pode) atuar na educação.

A música levada ao extremo de uma personalidade maculada de interesses e revoltas se infiltra em outras personalidades imaturas, seja na infância, seja na fase adulta, o que resulta em um decréscimo psicológico. Mas não há como se importar em decréscimos educacionais, pois não se acredita que a música seja tão importante no aspecto educacional atualmente – assim, ouve-se de tudo: de funks com dancinhas libidinosas a forrós, ao contrário do que traziam suas raízes, com letras dúbias.

A raiz do problema é fecunda, ou seja, é difícil encontrar. A própria humanidade tem suas sequelas de um passado que a fez acreditar que abrir-se a tudo é bom. Ainda, que é antiquado tentar ouvir os clássicos; a própria mídia se encarrega de dizer isso indiretamente, porém crianças, influenciadas pela má formação de uma arte mal conduzida, cantam músicas sem ritmo, distorcem as cantigas infantis, amam cantores que relatam namoricos, paixões... Transformando-a em uma pessoa menos compreensiva e psicologicamente perturbada futuramente...

Hoje, são pouquíssimos os pais que levam filhos a concertos clássicos, nos quais ouve-se o som o violino, do violoncelo, da flauta, de um piano, às vezes, de um violão solitário, enfim, pais que querem transformar o mundo com pequenos atos. Há pais, no entanto, que amam tanto seus filhos que esquecem que amor é retidão, não democracia – e levar isso como um fator educacional é difícil. Um exemplo disso é quando filhos iniciam uma carreira solo, admirando heróis da música-rock, cujo líder é um ser descabelado, cheio das tatuagens, com desenhos que nem ele mesmo saberia dizer o que significa, desenhadas eternamente nos braços, pernas, costas... Além do vozerio alto, seguido de uma letra insignificante, sanguinária, com apelos sexuais fortíssimos. Alem do caráter do próprio cantor, que, sem uma vida responsável, leva tudo na espontaneidade sem mesmo um critério de organização. O reflexo se vê na vida do pequeno fã.

Mas o que faz irmos a shows de rock também pode ser a vontade de pular, sorrir, brincar, esquecer o dia a dia. Nesse caso seria melhor então pular em uma lama contaminada de malaria, dengues, e mais tarde nos depararmos com febres, dores físicas, fortes dores de cabeça... Tudo isso com o sorriso no rosto. O ruim disso tudo é que a morte pode nos cheirar o pescoço mais cedo do que tarde... Claro que a música não mata, mas traz seqüelas enormes, e a morte, nesse caso, seria uma das melhores escolhas.




Esquecer o dia a dia se infiltrando nos males da vida não seja talvez (!) a melhor saída. Há tantas saídas, como o conversar com um grande amigo, curtindo uma bossa nova, ou mesmo indo a shows de música clássica, ainda que não se goste, mas no silêncio do auditório pode-se pensar melhor, refletir sobre a vida, sobre a família, sobre a situação. Além de sentir um pouco sua alma mais leve para enfrentar o mundo.

A música pode mudar as pessoas. Há milhões de pessoas que dariam a alma para ver novamente seu ídolo, sua música preferida, e lembrar, mais uma vez, daquele momento impar por que passou na adolescência. O que nos move talvez seja essa relação com a música, essa sonoplastia eterna que buscamos para nossas vidas dentro e fora de nossas casas, carros, e lembrar, lembrar... relembrando...

Até aí, tudo bem. Porém, precisamos nos recompor e nos preparar sempre para o dia a dia, com a sonoplastia natural que a vida mesmo nos dotou, a música natural, aquela que ouvimos quando acordamos – a dos pássaros, ou mesmo a das cachoeiras imensas no fim do rio – quando dormimos, na canção de Bach, ou na flauta de Mozart, os quais sabiam traduzir a beleza em espírito, plasmado em ritmo e paz.

Os shows de rock são violências não qualificadas como tal, pois não revelam visivelmente seus males, apenas futuramente. No entanto, é preciso maturidade para perceber isso... Porém, quando percebido, é preciso que um ato semelhante a de um navio dando cavalo de pau em pleno mar, voltando ao seu local de origem com a finalidade de repensar para onde vai. O cavalo de pau, concretizado, revela força de vontade do navio e no nosso caso uma reflexão profunda acerca de nossos valores musicais ou não.






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