segunda-feira, 8 de março de 2010

Apenas Mulher


Em meio a disputas entre homens e mulheres por cargos, lugares em competições, na família, todos perdem a identidade. A mulher, principalmente. Esse ser, que religa o homem e o resto do universo a Deus, deixa-se levar por uma personalidade enraigada de disputas, interesses, loucuras, depressões, tudo em nome da grande conquista, que um dia a fez acreditar que ser igual vale a pena.

Trabalhadoras alemãs, mortas em plena praça pública, no século dezoito, quando em greve por igualdade de direitos e salários, foram o marco na história; por isso o seu dia. Contudo, sabemos que tais trabalhadoras não estavam reivindicando igualdade de sexo, de pele, de voz, de toaletes... Enfim, não pediam semelhanças com o sexo oposto, bandeira atual da mulher, que chora e se afoga em lágrimas em sua tentativa vá de se igualar ao homem, mas melhorias salariais!

O homem, ser que se perde nessa disputa, também se sente oprimido, degradado e às vezes confrontado com a parte, que, na realidade, devia ser parte de sua vida, não concorrente eterna. Assim, perdendo-se os dois, o que fica é a competição em todos os setores da vida – até mesmo no vestir, no falar, no agir... – o que retrata a queda de um valor pelo qual se lutava desde que homens eram homens e mulheres, mulheres.

Claro que ainda somos homens, claro que ainda há mulheres! Não estou me referindo à lógica física, mas à da alma de cada um. Essa fica desgastada com o passar dos séculos, sempre que ideais forjados para a consecução de uma bela sociedade são misturados com valores – materiais, psicológicos e espirituais. As sociedades não são mais as mesmas.

Atualmente, há o escravagismo mascarado, o preconceito. Mas, antes de tudo, a discriminação às mulheres, como se ainda estivéssemos no século da escuridão – a Idade Média, na qual milhões de mulheres foram vitimas da Igreja porque achavam que o pecado original (o da maçã...) teria sido culpa dela. Hoje, claro, não temos divulgações claras desse preconceito, mas o que podemos refletir acerca disso é que há uma maçã invisível, uma cobra invisível, uma Idade Média invisível pairando no ar daqueles que ainda seguem a verbo literal da Bíblia. Ou seja, quase todos.

Mulheres há que se culpam, e fazem o possível pelo bem-estar do homem justamente porque nela embutiram tal cultura. Isso é a morte nas brasas do tronco, também invisível. O bem-estar deve ser recíproco.

Antes, porém, desse látego nas costas, a mulher sobrevivera como uma deusa que nos religava aos deuses, tanto que os oráculos eram representados por mulheres; onde havia sacerdotisas, havia o respeito, a dedicação, o misticismo, o mistério em torno da entidade, que também era velada culturalmente. Diferente das igrejas atuais que ensinam mulheres a ser submissas aos homens!

Nos reinados, quando havia reis e rainhas dignos, a mulher era dotada de uma aparência tão divina, que homens e mulheres – súditos –, naturalmente, a ela faziam reverência. Hoje, o cargo, a roupa, a voz e fama falam mais alto e somos obrigados a nos levantar em sinal de reverência pelo que não são e sim pelo que querem ser...

A mulher, graças às culturas mal interpretadas, é em minoria em direitos, e a maioria em obrigações. Esse inconsciente coletivo, que carrega uma série de mau informações, direciona o mundo e o faz perder, a cada instante, o real valor de tudo.

Contudo, há aquelas que carregam em si ideais de feminilidade (não de fêmea!), a se formar em uma sociedade degradada pela ignorância e pelo apelo sexual (a apologia ao físico), o que torna a mulher ser objeto em todos os sentidos. A promiscuidade, a prostituição, a ofensa, o mal vestir, o apelo de uma moda mais sexual ainda são provas de que a mulher não encontra referenciais. Mas, como disse, há ainda esperanças de que mulheres com hombridade selem um pacto com a tradição e sejam fortes, mas que não percam a beleza; sejam duras, mas que não sejam reflexos do sexo oposto e sim do que os egípcios chamavam de divindade mulher (Isis) em terra, a fim de que os homens sejam homens, amando e protegendo uma parte dessa divindade.



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