sexta-feira, 4 de março de 2011

Perdão, a Palavra (fim)

(Aos Buscadores)

O homem, segundo Platão, é um Deus e já se esqueceu. Houve um tempo em que, antes dessas religiões separatistas, desses blocos partidários, das competições, dessa nossa natureza racional tomar conta de nós, éramos puros. Tínhamos a fé, a religião, a paz, sem rótulos. O universo em nós corria como rios que desembocavam no maior dos rios, que jorravam no Oceano da vida...

No passado, plantávamos, colhíamos, nos alimentávamos, vivíamos extremamente nossas vidas religadas a um Todo complexo, no qual todas as vidas estavam inseridas. Mas a necessidade humana de trazer de volta o plantio depois das enxurradas, dos terremotos, nos trouxe outra necessidade: a de orar e pedir a qualquer entidade o nosso pão de cada dia...

Éramos voltados ao sagrado. O profano nada mais era que a falta do religare em relação àquelas entidades que nos protegiam, mas também estavam, em algum nível, dentro de nós. E os iniciados sabiam disso.

A terra, o Fogo, o Ar e a Água sempre foram elementos dos quais vieram outros elementos mais sutis os quais apenas alguns, mais tarde, como os pré-socráticos, os sacerdotes egípcios tiveram o entendimento. Tais elementos sutis, de acordo com alguns filósofos, foram responsáveis pelo inicio do universo, o qual sempre existiu antes mesmo daquele pequeno ponto invisível do átomo explodir e iniciar o processo de criação do Uno.

Ali, potencialidades de todos os tipos – além da água, terra, fogo e ar – se expandiram e deram origem ao que chamamos de sistemas, o nosso Solar, e mais outros e outros, sem fim. Aqui se esconde o segredo maior...

Não havendo inicio nem fim, o universo de desprende dele mesmo e começa a expansão em milhões de anos; após essa expansão sem fim, inicia-se o processo de recolhimento, bem devagar, como se cada estrela estivesse se apagando, imperceptivelmente...

Jostein Garden, autor do livro Mundo de Sophia, ilustra bem essa passagem, comparando a expansão universal e seu recolhimento a um balão enorme cheio de pontinhos. Ao crescer, é como se estivéssemos enchendo o balão, mas chegaremos a um ponto em que teremos que esvaziá-lo bem devagar até ficar bem pequeno. Assim é o universo. Manvantara (expansão) e Pralaya (recolhimento), segundo a filosofia indiana.

Mas por que tais explicações, se estamos dissertando acerca da palavra perdão? –Tudo. Os processos pelos quais passamos não são aleatórios, apenas quando caem no livre arbítrio do homem quando este se depara com problemas e deles não conseguem sair. Contudo, se estamos inseridos dentro de uma lei universal inexorável, não só para os homens, mas a todos os seres conhecidos ou não, e se há leis que funcionam desde que o primeiro ponto surgiu no universo dando inicio a tudo; e se a modificação dessa lei, de maneira arbitrária, a sua violação, nos dá inicio a uma série de problemas sejam eles internos ou não... Não temos o perdão.

Talvez para o conforto passageiro de determinados homens que causaram danos à vida do próximo ou mesmo à sua, mas é só isso... Se as leis são inexoráveis, não esperemos que haja qualquer entidade que nos leve ao céu depois de recebermos, seja lá de quem for, o perdão.

Nós simplesmente tratamos o perdão assim como tudo que queremos, como foi dito. Mas não se pode dizer “não cresça, plantinha”, se você jogar água nela. Há uma lei que precisa ser observada dentro desse universo, no qual as plantas de todos os tipos precisam de água para desenvolver suas folhas, mais tarde frutos... etc. E a planta não vai, por mais que estejamos com o sentimento louco e contrário ao seu crescimento, deixar de crescer... É mais fácil ela morrer, porque as plantas tem vida. E uma vida que se choca com outra cujo astral é débil pode levar daquela problemas não só no crescimento, mas pode vir a falecer com tempo... É só colocar uma pessoa com problemas psíquicos ao lado de uma planta, e mais tarde observe o vegetal. Morto. Do contrário também pode acontecer... Plante um jardim ao som de Bach, Mozart e verás um bando de planta quase que te agradecendo...rs.

Mas o perdão não pode ser transformado em um ser. Ele é uma criação humana aos homens que querem uma saída para seus problemas. Aos homens que querem se confortar, acreditando que nada mais precisa, a não ser aquela palavra de bem-aventurança criada a partir de um processo de paixão universal, e pronunciada pelos homens que se julgam perto de serem divinos.

O perdão pode até existir, mas não desacelera nem uma lei em função de interesses celestes ou não. A lei universal não é cruel. Se temos a visão de que a planta crescerá independentemente de nossos sentidos, se temos a visão de que somos parte de um todo e que estamos sujeitos às leis internas e externas, se entendemos naturalmente essa lei, não precisamos criar qualquer palavra com a finalidade de confortar ou não o próximo.

Mas não é fácil. Qual é o padre que vai dizer “olha, não posso fazer nada por você. É a lei!”.(?)






Regis.


Um comentário:

  1. O que eu acho?...Eu acho que tudo isso pode se explicar muitas coisas,mas as pessoas sempre procuram algo para se redimir,se nao existisse essa palavra,(perdão)pode ser em outras liguas mas com mesmo sentido,haveria sempre conflitos.Porque o ser humano por pensar,se torna um Ser,muito emotivo,por querer sempre respostas,nao por instinto.Sao tantas questões para serem respondidas,e muitas delas sao so teorias...Talvez o perdao foi inventado pra alguns para nao viver com peso na consciencia para nao interferir na propria felicidade.Se e feita de crenças ou nao so a pessoas que vive a experiência pode saber,pois se essa palavra pode ser libertadora para algumas pessoas ou no geral que ela predomine entre nos,como o amor,existem varias formas de amor,essa palavra tao pequena causa muitas transformacoes,agora o sentimento muita das vezes nao pode se compreender por que estamos sempre variando.Mas saiba que o padre se dispôs a viver sobre essa lei de nao negar um pedido que muitas das vezes se parece impossível.

    e o que eu posso dizer se fuji do contexto nao era minha intenção!

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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....