sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A Resposta aos Dias



São dias difíceis por quais passamos. Cada um na sua medida, e, como diria Platão, “sempre de acordo com a sua Justiça”. Não adianta, nossas dificuldades nos contam histórias do que somos e ainda não percebemos. Histórias de pessoas que ainda não se acostumaram com a vida, com seus problemas, ou mesmo ainda não encontraram uma forma de lidar com eles. E quem é que encontra?

Em meio a portas que se fecham, a sóis que não nascem, a luas que se deitam, somos desacreditados em nós, única porta que pode se abrir ao que realmente precisamos. Mas não acreditamos nisso, e nos entregamos ao primeiro que nos aborda, ao perguntar “como você vai?”, e assim, sem querer (querendo...) desaguamos feitos crianças em colos alheios...

Precisamos de respostas imediatas para entender o que nos faz tão problemáticos, ao ponto de nos perdemos como insetos em teia de aranha; precisamos, assim como Ulisses, o grande guerreiro grego, que, depois de ajudar a desmontar Troia, tentou voltar pra casa, e, no desafiar dos deuses, ficara anos, e mais anos, navegando em terras inóspitas, alheias, pedindo sempre aos céus que os ventos, que os mares o fizessem voltar ao seu lar. Como ele, necessitamos de respostas ao que nos acontece e nos faz perdidos em mares de problemas que, em razão de sua amplitude, nos dá medo.

Um dia, um grande professor me disse “Alexandre (o grande macedônio) teve seus problemas, e em sua medida tentava resolvê-los”. Assim, compreendo que cada um tem seus problemas à medida do seu crescimento, de sua profissão; à medida de sua personalidade, de sua maturidade e assim por diante...

Não há, portanto, crianças com problemas de adolescentes, nem adolescentes com problemas de gente adulta, ou melhor... Algumas vezes há, graças ao amadurecimento precoce de alguns, mas o certo, porém, é que tenhamos em nossa medida, a partir do que somos e temos.

Dizem que as mulheres crescem tão rápido quanto os homens psicologicamente. E é verdade. Ainda temos uma cultura machista que impõe algumas criaturas divinas a trabalhar mais cedo, e auxiliar a mãe nos afazeres de casa, enquanto isso, o menino, se não estiver assistindo à TV ou brincando de bola com os amigos, está no quarto, em seu computador “internetando...”.

Isso é cultural, no entanto. Há países em que os meninos, antes mesmo de completarem sete anos de idade, já auxiliam os pais na agricultura, em casa, etc. Outros, não. Mas uma coisa é certa, a cada dia, todos aqueles que comungam com tais “auxílios” precoces, desejam que a criança ou o adolescente tenha (ou tenham) mais responsabilidade. É certo que o terão, inclusive serão tão fortes quanto qualquer adulto, contudo, ser-lhes-ão tirados a infância ou o momento mais belo do individuo, trazendo-lhes, também, muitos mais dores no futuro...

Alexandre, o grande, o menino prodígio, conquistou parte da Europa com dezoito anos. Hoje, o que podemos esperar de um jovem com a mesma idade é que vença as drogas e todos os males dos quais somos responsáveis. A maior luta talvez é quando o mesmo jovem se infiltra em gangues, acreditando que é dono de si, revelando-se rebelde, a deixar de mão suas prioridades naturais como estudo, respeito, disciplina, faculdade... O que para ele é uma manobra do sistema para tirar sua “liberdade”. Mal sabe ele que a própria liberdade o chama para ser alguém na própria sociedade, a qual o espera com sua vocação, seja ele um advogado, um engenheiro, arquiteto, escritor, filófoso, etc, enfim, alguém que possa comandar o seu próprio destino, pelo seu caráter elevado, respeitando a si mesmo e aos outros.

Não, o jovem mudou, assim como próprio o mundo também. Graças ao computador, ao controle-remoto, ou máquinas que nos dão facilidades desde a hora que chegamos à casa, a hora de dormir, somos obrigados a acreditar que não precisamos nos preocupar, pois há sempre uma tecnologia que nos torna mais mansos, preguiçosos, mais medrosos da vida!

E assim, nesse emaranhado de máquinas que nascem para a eterna juventude nossa de cada dia, surgem nossos problemas. E estes não podem ser solucionados com a tecnologia (pelo menos a maioria!), e nos sentimos vazios, como que um torcedor que chega ao estádio e não tem ninguém, nem mesmo torcida... Tudo vazio!

Quem ou o que nos ajudará a resolver nossos reais problemas?! Você mesmo. A cofiança em si como um individuo que pode estar acima de qualquer coisa, seja ela material ou não. O primeiro passo, assim como o primeiro mergulho no mar, é difícil. Mas, acredite, se somos parte de um Todo, temos nossas responsabilidade e a assumimos, também podemos assumir o desconhecido, o misterioso – sim, pois é assim que vemos o que não queremos abraçar...

Dê aquele mergulho, sinta a mão do mestre interior à sua frente, seja cauteloso, no entanto, mas que essa cautela não seja longa demais, caso contrário o medo virá e não teremos o mergulho. Vá, encontre o fundo do mar na primeira braçada, ainda que titubeie com a respiração, mas seja forte, estamos construindo uma nova e bela experiência, e as outras, depois dessa, serão apenas migalhas!

Tenha confiança em ti! Grite, se puder! “Jeronimoooooo!!”, atropele os maus pensamentos, concentre-se, viva aquele momento, apoie-se no bastão de seu ser, seja homem, seja verdadeiro! A morte não existe! O que existe é você e aquele momento em que teremos um corpo nadando nas águas do mal, resolvendo todos os seus problemas, e mais tarde, como um crocodilo em meio a piranhas, nadará de costas!...

Agora, no entanto, o mundo, o universo, a poesia, a literatura, o bem, tudo está sincronizado em nome de um novo homem que nascerá, você.

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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....