Ninguém é uma Ilha.
Depois que se nasce, há muitos que “perambulam” ao nosso redor, na tentativa de nos fazer sorrir, nos acalentar, pois choramos, choramos, como que um bezerro desmamado, ou mesmo um cãozinho perdido da mamãe. Depois que crescemos, nos enturmamos, falamos as gírias do grupo, nos divertimos... Após um tempo, criamos mais energias para o estudo, para a vida, e encontramos, nas faculdades, universidades ou em viagens, mais pessoas, e por fim, mais amigos... Nunca ficamos sozinhos, por mais que queiramos. Não é um fardo.
Uma ilha não é uma porção de terras no meio do mar. É o mar integrado pela força de uma porção de terras que exige sua amizade, o qual sempre a corresponde com suas batidas. Não é um pequeno ninho (ou grande ninho) de terras solitário (ou não), esperando que o mar o invada, não, não é. É a nossa visão de vida que nos isola do outro e de tudo, e nos faz ver as coisas de maneira separadas.
Há muitos humanos que se subjulgam especiais e querem a privacidade eterna, e, na clausuridade, clamam ao deus do nada, gritam e pedem socorro internamente, simplesmente porque não conseguem aceitar o fato de que precisam de alguém, ali, ao seu lado. E nessa teimosia, esperam que haja “discípulos” dessa filosofia gerada pelo medo do próprio ser humano.
E nesse ritmo, vão-se os conceitos humanos nos quais a própria vivência em conjunto não vale à pena; aqui, ideias de que humanos não prestam, de que cachorros são melhores amigos, de que é melhor adotar um animal que um ser humano, contaminam gerações. O resultado, nas ruas, se vê. Crianças abandonadas, homens feitos caídos ao chão sem o mínimo de ajuda. Homens que um dia foram milionários, hoje, caídos em esquinas, filhos de um sistema que diz “é melhor dinheiro na conta do que amigos na praça, pois podemos comprar tudo, até amigos”.
Não se pode comprar amigos, apenas conquistá-los. Até mesmo os irmãos, às vezes, temos que conquistá-los, pois são almas diferentes, e, como pequenas plantas, temos que regar sua irmandade, todos os dias, ou então nos afastamos de seu carinho e compreensão. Enfim, a família, como um todo, toda ela, é um reflexo de que precisamos nos integrar, seja por meio de festas, churrascos, fofocas, diálogos informais chulos, formais, cultos, líricos, clássicos rs, é um laboratório natural da vida, no qual, se não formos bem educados por meio de regras que nos integrem, sairemos às ruas procurando algo que nos faça. Daqui vêm os inimigos-amigos.
Família
Já perceberam que a mãe tem um poder incrível de união? Em todos os casos que conheço, o pai, ainda que seja o grande disciplinador da casa, não tem tanto poder quanto à mãe no quesito união. Sabe por quê? Por causa do amor que ela distribui à família. O amor, como peça principal, é a ponte para a união, integração e harmonia do todo, e na família, a mãe o representa de forma maravilhosa.
Pode ser o filho que mais erra; a filha mais desgarrada; não importa. A mãe sempre vai trazer para o seu ninho, com o devido amor que merece, aquele ser. Não, não importa o que dissemos, ela terá sempre uma palavra bruta e ao passo justa e carinhosa ao filho que se julga culto ou inteligente em demasia para enfrenta-la. E assim, predominam todos unidos dentro do grande circulo chamado família...
Integração
Há hiatos nos separando. E isso nos faz isolados, ainda que em meio a um maracanã lotado. Para integrar-se é preciso levar em consideração que somos psicologicamente complexos – cada um com seu cada um. Não há meio de fazer com que uma pessoa cheia dos conflitos que a cercam se emanar junto com outros que não têm nada a ver com o que ela passa, apenas se estes forem psicólogos que gostam e têm vocação para ouvir o ser.
Fora isso, não temos a chamada paciência, sem falar que o que atinge o próximo nunca é da nossa conta, mas quando é conosco... Enfim, não somos dotados ou mesmo educados para nos integrar. O que acontece, na realidade, é que somos problemáticos, amargurados, cheios de depressões que nos levam a cair em precipícios por causa de bebidas em excesso, drogas, e a falta delas também.
Há outros problemas, no entanto, de pequenos níveis. Mas sempre serão responsáveis pela falta de diálogos, de um aperto de mão, ou mesmo de um olá. Isso porque o medo de ser “chacotado” é muito grande.
A raiz da falta de integração, todavia, se esconde em algo maior, bem mais misterioso, o qual está espelhado e ao mesmo tempo invisível aos nossos olhos. Estou me referindo à falta de (mais uma vez) humanidade.
Esperança
A única esperança, talvez, seja encarar o desafio de nos integrar aos poucos. Parece-nos fácil, mas não é. Até mesmo falar com o melhor amigo, de vez em quando, fica difícil. Não podemos nos afastar dessas provas que nos são válidas para o dia a dia, quiçá para a vida inteira, ou melhor do que isso, para nosso crescimento individual.
A esperança ainda paira em nossas vidas, de forma natural, assim como pedras que rolam e rolam e nos e fazem encontrar pessoas que há muito queríamos, ou pessoas que não queríamos, apenas para que possamos dela ser grandes amigos... E isso já aconteceu comigo.
A solução sem espera
Não podemos esperar a esperança, no entanto. Na primeira calada do dia, tente olhar com bom humor as pessoas, ainda que tenha deveras problemas, pois elas não são culpadas de nossas vidas transgressoras. São seres humanos com problemas, cheios de dívidas, dúvidas, com medo...
No outro dia, a cara é a mesma, sem graça, sem aquela vontade de dizer “oi”, então... Comecemos noutro dia. E lembremos que todo átomo começou do nada, e até mesmo o “nada” tinha alguma coisa, e hoje estamos aqui, com estruturas complexas, integradas, fortes, assim como um dia podemos ser.
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