terça-feira, 18 de outubro de 2011

O Erro de ser Mau e do Mal


Ao cair da tarde, meu coração se isola dentro do meu peito, e triste pelos pensamentos que correm em minha mente corrupta aos valores que se formam, chora. Não transborda; não se mostra, ou mesmo se inclina frente ao que se vê, mas ao que está oculto aos olhos.

Venho a pensar no mal que separa os homens, e que há muito se veem como únicos nessa galáxia onde há tantas e quantas espécies! Penso nas fileiras de assassinos que se criam a cada dia, nas formas do terror, por uma indignação política, à qual todos chamam de religiosidade...

Reflito; e entro em colapso só de pensar que somos o que somos: seres que discriminam, assassinam e destroem vidas a troco de nada. Onde estão os heróis? Não falo de heróis da Marvel Comics, mas daqueles que se infiltraram nas guerras ideológicas para salvar o mundo, ou antes disso, as pessoas?! Onde estão os seres que vieram e sustentaram suas bandeiras e até hoje, quando o céu brilha, os vemos como uma simbologia constante, flamejando, entre lágrimas daqueles que ainda deles se recordam?...

Não sabemos... Mas o erro de ser mau nos faz ser compatriotas do próprio mal. Não adianta nascer e crescer com ideais se somos corrompidos a todo instante por políticas miseráveis que nos fazem sucumbir em fome, em dor, em tudo, simplesmente porque não temos um carro, uma casa, uma roupa... E não adianta ser do bem, se não somos do bem. Temos que ter coerência, ou como diria Buda “Não podemos ser palavras ao vento, pois pior do que isso são flores de plástico, que não têm perfume algum. Isso não podemos ser.” – e estamos sendo... Não adianta ter “parlatória”, se descemos do palco e esquecemos tudo que dissemos.

A falta de coerência nos faz ir atrás de salvadores nas religiões, na política, nas ruas – no pedir, nas passeatas, nas greves, nas reclamações... – enfim, atrás da própria incoerência, e, por isso, temos que refletir acerca disso também, pois as palavras “coerência” e “salvação” devem ser repetidas vezes questionadas como “salvação de quê ou de quem”, “coerência de quê ou de quem”, porque estamos perdendo o fio da meada! Se não soubermos, então... Podemos voltar ao nosso sofá e lá morrer na calada noite.

O erro de ser mau, voltando, nos faz amar a maldade como caminho, como uma vivência sem freio, sem causas ou consequências. Faz-nos amar a dor como forma natural da vida, sem o mínimo de ensinamento, sem o mínimo de pudor... Faz-nos mergulhar no fosso, tentando encontrar um caminho para o céu. Faz-nos sábios às avessas, batendo no peito, tento como referência uma pedra, ou mesmo uma besta, ou um grupo de bestas.

Essa é a questão da ideologia em excesso. Buscar, por meio de interesses próprios, a felicidade. Não há felicidade sem que haja direção, conceito, humildade, ou mesmo um pouco de divindade em si. E isso o mal não tem. A exemplo disso, temos diversas organizações que acreditam ser portadoras, pontes, escolhidas para a felicidade “geral da humanidade”, e não são.

A máfia, por exemplo, seja ela em qualquer âmbito, produz em seu favor a ética baseada em seus preceitos, mas não de acordo com os reais preceitos, pois como diria o sábio “o que é ético aqui é ético em qualquer lugar”. A máfia possui o seu código de ética para produzir, em segredo, homicidas, terroristas, falsos padres, falsos políticos, falsos profissionais, porém, se revelam disciplinados tanto quanto qualquer ordem.

Assim, prevalece, sempre, uma megaorganização clássica que se infiltra em congressos, câmaras, igrejas, famílias, com a finalidade de manter seu patrimônio ao custo de muito sangue.

E o mal prossegue.

Prossegue porque não há como estacioná-lo, ele não é uma viatura; mas funciona como um trem no qual pessoas de bem são levadas, corrompidas e deixadas em seus lares. Não há maquinista, mas funciona à base do pior desejo humano: de ter sempre tudo a qualquer custo.

Todavia, sem o mal não saberíamos relutar em favor do bem. Podemos dizer que o bom é como uma grande linha imaginária na qual todos por ela passam, como um raio, e voltam ao mal, que fica a ela paralelo.  Quando sentimos o bem em nossos corações, já é tarde, partimos para o mal como em um rio...

Vamos buscar, aos poucos, o significado do mal em nossas vidas, com a finalidade de usa-lo como peça essencial na busca pelo bem; vamos racionaliza-lo, não senti-lo, tentando entender cada parte de seu corpo, de sua alma. Vamos pegá-lo no colo, mas não olha-lo nos olhos, como um filhote de leão, cujos olhos e garras ainda em pequeno nos dá medo, porque pode nos devorar em segundos!

Vamos aprender com o mal, mas não fazer parte de suas organizações, de sua ética enganadora, de sua ordem sem ponte, de seu amor mentiroso... Vamos transgredir ao próprio mal, mesmo sabendo que nunca nos deixará em paz, e por isso mesmo cortar, aos poucos, suas garras, e com o tempo, ter de volta nossa vida.

Na dúvida, olhemos para o eterno.

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