quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A Insustentável Beleza de Ser...



Não sei quem "inventou" o homem, mas, hoje, percebo, é uma das melhores invenções que se tem notícia. Claro, assim como tudo que vemos e ouvimos, às vezes – para não dizer na maioria das vezes, nos desvirtuamos de nossas obrigações para com o mundo, com o universo...

Mas isso, penso, não é motivo de uma reflexão negativa acerca de nós mesmos, homens, que nos consideramos, sempre, a alavanca necessária e infinita do todo. Nossos caminhos, graças a esse pensamento, se destroem e se tornam areias ao vento... Tornam-se a descentralização moral de nós mesmos.

Não pensemos assim – ordeno – pois, quando as folhas farfalham uma nas outras, percebemos o som literal, sem armações, sem o vínculo com tomadas, apenas o som; quando o sol se põe, ao longe, ainda há aquele que o escuta tocar no oceano, seguido do fechar dos olhos e o sentir das ondas, ainda que não o toque. Esse som não existe, todavia baila nos sonhos da pureza da alma que o alimenta, desde a infância.

Somos frutos de uma árvore na qual, em um de seus galhos, vive o fruto da compreensão e da sabedoria. E por isso, vivenciamos e presenciamos o gruir das aves, o som de uma brisa, o cantar de uma mulher, o sorrir de um menino...

São percepções que, ao ver de muitos, não equivalem nem mesmo o peso de uma pétala de rosa, no entanto, nenhum ser que se adentra nesse mundo, que voa, que corre, que se alimenta – sem ser o próprio homem – não tem essa voluveidade, ou melhor, essa vontade simples e duradoura de sentir em seus dedos a água derramar gelada (ou quente!); nenhum tem a capacidade de observar um pássaro, em seu ninho, e sorrir como criança, ou melhor como se ele próprio estivesse ali, no pequeno abrigo; não há nenhum ser que compreende a música ao tocar na alma e o faz chorar, seja pela lembrança de um passado, seja pela beleza de um presente ou mesmo pela sacralidade que a música nos traz...

Não, nenhum. E quando o sol se levanta, e o coração se espanta pela grandeza infinita daquele que um dia foi adorado por nações? Não há explicações racionais, apenas dizer que somos humanos, somos homens em busca do bom, do belo e do justo. Somos simplesmente assim, uma ponte a tudo que nos é inerente, seja bom ou não, mas que transpassa nossas veias como relâmpagos a nos atingir e a nos deixar caídos, ou, na melhor das vezes, acima de qualquer nuvem.

Deixar que tais percepções passem por nossas vidas não significa a diminuição de nossas condições humanas, mesmo porque a vida nos dá chances de recuperar -- em vidas -- o que perdemos e por vezes matamos. Contudo, as oportunidades e o próprio universo, por serem de algum modo físicos, se vão todos os dias, e o sol e o mar, a brisa, os pássaros, o sorriso... nunca são os mesmos.


Somos homens. E pronto.



Aos que acreditam na mudança.

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