quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Os Clássicos em Nossa Vida.



Há dias em que nos levantamos com aquela energia, com aquele dom de mudar as coisas, e mudamos, de alguma forma, em alguma nível, algo.  Acordamos com a fúria de Júlio César, ao invadir a Gália, ou com a perspicácia do imperador Napoleão, em suas decisões diárias. E por que não dizer como um Leônidas, em suas batalhas, levado, para o desespero do inimigo, em uma rede com se fosse um mero baiano, mas tão espartano quanto qualquer comandante, que vai à luta e vence... Ah, como eu queria ser esse grande homem!

Queria ser um Aquiles, cuja vontade e sabedoria traspassaram séculos, desde que Troia foi abatida pelos gregos. Ser esse herói, no entanto, seria revelar nossa parcimônia ante o perigo, certeza nas batalhas, vitória antes da conquista. Aqueles que leram e sentiram as palavras eternas de sua mãe, ao dizer que aquela guerra, a de Troia, o deixaria eterno, foi um pouco de nós eternizado, elevado, assim como nossos atos sagrados do dia a dia, nos quais fazemos de tudo com a figuração de deixá-los para sempre em nossa memória!

Nada melhor do que ser, além de tudo,  Pitolomeu e Julio César, que se armam em nome de Roma, em batalhas civis, e se encontram e se digladiam com formalidades, que deixariam ingleses  boquiabertos, e no fundo, sabem que precisam da batalha, assim como todos que amam a vida e dela tiram o sumo da experiência que ela traz, não apenas da vitória.

E a aula de vida continua sempre nos grandes clássicos, por meio dos grandes heróis, seja por meio de pequenos, mas significantes exemplos. Um deles, a do grande Alexandre, que um dia caminhando com suas tropas no deserto egípcio, se depara com um senhor, um árabe, que vinha com suas tralhas em cima do seu cavalo. Com muita sede, Alexandre e seus homens o fazem parar. Questiona-o acerca do que levava em suas coisas, e, no meio, havia água para apenas uma pessoa... O grande general olhou as suas tropas e pediu que o velho seguisse seu destino, sem tomar sequer um gole da bendita. “Se meus homens não puderem tomar a água, eu também não vou bebê-la”. E foi embora.

A essência que se esconde no heroísmo, em seus exemplos, eleva a pessoa a ser mais que humano, pois, a cada dia, a teatralidade nos revela que o homem precisa ser humano, em condições, como dizia outro grande general – Marcos Aurélio –, nas quais precisamos de referenciais ou “precisamos ser o que admiramos no outro”.

As guerras, sempre haverá. Homens com garras e força de vontade de levá-la ao extremo, homens físicos, homens emocionais, até mesmo homens animais, todos eles com um intuito... O de guerrear, de vencer, de saborear o sangue e contar a seus netos! Nunca, porém, com valores e com a educação de um Alexandre, Julio César, Ptolomeu, muito menos Leônidas, os quais, além da força física, levaram para a batalha a disciplina, a ordem e a estratégia humanas, baseadas em preceitos universais, além do respeito ao inimigo.

Há dias, no entanto, que somos todos eles, ou nenhum. Somos opacos e tristes como um Romeu que pede insistentemente o amor a sua amada, e dorme clamando aos deuses que ela jogue seu olhar pela janela, e lhe de um sorriso. Nesses dias, é melhor criar um vigor emotivo, um sentimento de vingança, daqueles em que Hamlet tenta se vingar do tio, que, segundo o fantasma do pai, o matou. Melhor assim, do que acordarmos sonolentos, sem objetivos, vazios de caminhos.

Acordar como se fosse a última guerra, na qual somos todos os generais, soldados suicidas romanos, persas, gregos, ao saber que a batalha não era o que esperávamos, mas, com propósitos de vencê-las com nossas ferramentas, ainda que parcas, traduzirmos nossos anseios aos que às assistem de longe.

E não relutar quando a derrota é clara, aceitemo-la; a batalha é apenas a ponta do iceberg de uma guerra travada em nós, desde que o homem é homem, assim diziam os samurais, aqueles que viveram a ordem como se fosse a própria roupa que vestiam; aqueles que nos inspiraram a fortaleza, como o grande Mussassi, antes de se tornar um Ronin – samurai errante. Não relutemos. Há sempre o momento de levantar e seguir em favor de ideais, sejam eles pequenos ou não. Mas sempre os seguindo com personalidade e Justiça.

E assim o faziam os samurais, guerreiros que comandaram batalhas com suas roupas pesadas, com arcos e flechas, e às vezes com apenas sabedoria. Hoje, apenas o nome (samurai) nos faz entrar em contato com um respeito intimo, e reverenciá-lo, pelo que foram – ou com diriam os seus ancestrais, depois de séculos – que são.

Todos são, hoje, samurais modernos, diferentes no vestir, no falar, no guerrear, são seres dotados de uma filosofia dentro da qual (talvez mais sólida que a de antes) ensinam como batalhar no dia a dia, através do respeito, da moral, da ética, até mesmo na dor, a qual servira de instrumento de ensino há muito. É Oriente nas veias do Ocidente.

E os sentimentos são clássicos ao se depararem com forças eternas; todas elas retiradas de heróis – filhos de Heros – que amaram a liberdade, o amor, a beleza, a Justiça, que pairam até hoje em nossos universos. Depende de cada um começar a batalha de todos os dias, com todos esses valores.


Aos Heróis do dia a dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....