quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Amor Despido

Não existem palavras ou meios de concretizar o que achamos, pensamos ou vemos como amor. Por isso, músicas belas, sinfonias inteiras, e uma pitada de sentimento puro religando o homem ao ser mais próximo ou mesmo ao Todo. E ainda sim, nos falta algo.


Amor: diferente de instintos

Somos pequenos demais pra isso. Às vezes, precisamos ser cientistas e racionalizar os sentimentos, deixá-los em outra margem da vida e ficarmos sentados, observando-os como crianças em parque; outras vezes, como professores, calados, sorrindo e encantados com a bagunça de seus alunos. É preciso, às vezes, realizar meios estratégicos para sentir... Ou seja, saber o que se sente.

O amor, quando o vejo de longe, não se iguala a nada de tão perfeito que é. Pois participa de tudo – até mesmo da chuva que cai. Não há de excluir o que pode ser o verdadeiro amor, pois, se o vemos, entendemos, e dele participamos, não pode ser algo que aprisiona, mas liberta, no sentido mais profundo da palavra...

O sol, que inicia o seu ritual, proporcionando a beleza física e espiritual a todos; seus efeitos, antes de surgir, sua enormidade natural possuída de força e paz, configura ao ser humano a necessidade de buscar seus mistérios, assim como o amor.

Nosso maior mal, no entanto, é opinar. Opinamos acerca de tudo, e acreditamos em nossas opiniões ainda que superficiais. Em relação aos valores, nem se fala. Aos princípios, que seriam como fortes feitos de tijolos dourados, hoje, nada mais são que relatividades humanas, baseadas em aspectos familiares, conjugais, religiosos, o que configura a falta de mais princípios, pois estes são a soma de todos, não apenas um.

O amor, como principio, deve ser, no mínimo, visto como aquele que vai reger do alto as bases de tudo em que se acredita. Sem ele, não há principio. Mas, em razão de opiniões, ou mesmo educações arcaicas, trocam-se as cúspides das pirâmides dos valores pelos interesses políticos, os quais não têm nada a ver com humanos.

O amor não se opina. Se percebe nas mínimas coisas, assim como um Deus, cujos raios se manifestam em suas primeiras aparições, ao longe, sem semelhanças a qualquer coisa. Ele está em qualquer lugar, e nós estamos nele.

Nas formigas que trabalham coerentemente no inverno, no tamanduá que as come, no predador do tamanduá, nas folhas que caem, viram formas, alimentos para alguns, sumos para outros; na abelha rainha que espera seu mel; no homem que colhe seu alimento, que distribui ao seu semelhante; nas ondas do mar, manipuladas pela lua; nas borras de café, no tomar de um drink, no gelo que vira água... Na criança que dorme, nas flores que enfeitam o mundo, nas mulheres que trabalham, e nos homens que compunham o corpo do mundo, do espaço, do cosmos...

Nos elementos que se destinam a física e simbolicamente explicar os mistérios divinos, dos quais participamos, buscamos e estamos sempre deles estamos a duvidar. O amor está na casca dos frutos que são descartados, nos vermes que compõe a terra mal cheirosa que nos enterra; o amor está nos ventos que nos inspiram, na brisa, na alma humana, de onde vem tantas poesias, textos, histórias que se religam a universos que nós próprios criamos; o amor está no colo da mãe, na canção de ninar dos pais, nos contos, nos mitos, no choro do recém-nascido, na lágrima da mulher-mãe.

O amor está no espaço frio, em seus cometas que ziguezagueiam e nos dão provas de que o universo não é casual; o amor está nas estrelas e seus desenhos astronômicos, em seus brilhos noturnos, em forma de saudade, pois já se foram há muito. Está nos planetas visíveis e invisíveis, nas pinturas clássicas, nas estátuas gregas e romanas, nos descobrimentos dos grandes heróis, em suas grandes façanhas, em nome da humanidade... O amor está na paz e na guerra, no conflito e no acordo.


O amor não tem dono, não tem canção. Mas, em nome dessa ignorância gostosa que se arrasta por séculos em nosso ser, tentamos desvendá-lo, e mesmo assim achamos que o temos por meio de atos, palavras, o que pode ser uma realidade, contudo estes devem vir da mais pura santidade, sacralidade, pureza humana – caso contrário, não é amor.

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