terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A Difícil Arte de Viver no Caminho


Quando a hipocrisia tomar conta das flores, quando o mau humor tomar conta do sol, ou mesmo a chuva, quando, um dia, resolver, por livre arbítrio, molhar apenas os homens de bem... Não haverá a grande natureza mãe, sedenta de vontade divina, a transbordar de amor – o qual, como dizia Platão, desde os primórdios assume o papel de unir a tudo. E mais, nada mais será divino.

Quando os animais, como em parábolas, criarem aspectos humanos não em seus andados, mas em falas, advindas de pensamentos egoístas, presos a cavernas criadas pela sua psique, não mais teremos homens, não mais teremos animais, pois o que teremos serão seres semelhantes, desrespeitando a si próprios.

E nessa trilha de imaginações frias, podemos configurar o mundo para um plano mental no qual seres diferentes obedecem a uma mesma lei, contudo com aspectos físicos, biológicos e psicológicos diferentes, e cairíamos em contradições. Porque a grande Natureza nos ‘pensou’ dessa forma; pensou os animais, as plantas, as pedras, de maneira que fossem passiveis de serem eles mesmos, não animais-homens, plantas-homens, pedras homens...

Todavia, “depois que Prometeu no legou o fogo divino”, os homens se confundem com as espécies, revelando-se pedras, animais e até plantas em seu comportamento. Graças ao uso de sua mente, de sua vontade, cujo oficio, assim como qualquer outra ferramenta, nasceu para fazer seu papel (elevar o homem a Deus), mas revela-se na mão do humano um martelo às avessas, batendo em parafusos, numa parede de isopor.

Sua vontade, a que o difere dos demais seres, nasceu para o seu livre arbítrio, no entanto, assim como um automóvel que sai da estrada, e volta, a vontade nos faz caminhar em estradas retas, curvas, sem ladrilhos, cheias de crateras, em nome de objetivos, às vezes, tão pobres, que, na maioria das vezes, nos fazem perder uma vida inteira.

Para nos diferenciar dos grandes seres, e nos portar como reais humanos, houve mestres que nos mostraram, e ainda mostram, com seu legado, o grande Caminho, e sempre, a depender da época, as dificuldades a ela inerentes. E desde que as grandes civilizações existem, e caíram, graças ao mau uso da vontade, grandes sábios tentam construir impérios nos coração do homem, castelos inexpugnáveis, mas há sempre o mal que corrompe, destrói, nos obrigando sempre a reiniciar o processo de civilização, humanização...

Coletivamente, teremos sempre a grande dificuldade de entender tais caminhos, pois os “falsos pastores” – como diria a bíblia cristã – estão à espreita dos mais fracos de coração e por que não dizer de inteligência... O que nos remete à grande maioria iletrada, romântica, sem acesso à cultura, estagnada, presa a valores arcaicos, enfim, àqueles humanos que precisam realmente ser “salvos”.

É mais fácil individualmente, ainda de maneira trôpega, a busca de ideias firmes para a concretização de um mundo seja ele interno, ou externo. Um filósofo um dia disse “É mais fácil hoje em dia fazer um foguete com as próprias mãos e ir à lua, do que conhecer a si próprio” – é vero!

Mas na consecução de ideias ou ideais precisamos nos manter firmes, com nossas ferramentas que nos foram dadas pelos deuses, e saber usá-las de acordo como os mestres nos ensinaram; fazê-los de referenciais, pois trazem, daqueles grandes homens de bem, que até hoje se encontram no anonimato, mas graças a eles o mundo não se foi, um meio de ladrilhar nossos caminhos com sabedoria, ainda que o mal – nosso egoísmo, interesses, ignorâncias, preconceitos, tente nos resgatar e nos enganar (e agarrar) com seus milhões de braços.

Mas, segundo os mestres, é preciso que passemos pelo mal, pois nada nos vem de bom grado sem a luta, sem aquele combate, ou mesmo traspassando a linha da vida para a morte. Até mesmo nos pequenos objetivos, é preciso nos afincar em realizá-lo, pois nos testa a cada segundo, com a finalidade de nos elevar ainda que seja um pouco. Mas o mal está preso aos nossos interesses de crescimento, de evolução, por isso, sempre que for preciso, fazer tudo com amor e dedicação divinos, não deixando que a mente decline para fora da estrada, e sair, trazemo-la de volta.



Uma pequena vitória é melhor do que nenhuma. E isso conseguimos, todos os dias, seja fora de nós, seja dentro.



Um comentário:

  1. Parabens,gostei muito,principalmente desta frase:pois nada nos vem de bom grado sem a luta, sem aquele combate...Nos traz um despertamento,exclusivo para aqueles que pensam ,que não precisam lutar para serem vencedores,pois sem luta não ha vitoria!!!!!!!!!!
    Waldirene Santos (DF)

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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....