segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Deus: partícula insondável


Partículas: Deus.

As partículas invisíveis da vida, que vêm da vida, nunca morrem. Aliais, a morte nada mais é que partículas invisíveis indo ao encontro de outras partículas, para a renovação. E, dependendo do ponto de vista universal, cósmico talvez, somos tão partículas quanto as invisíveis, pois temos consciências que nos direcionam a realidades, mas também a fantasias, a sonhos e pesadelos; a descobertas, a mistérios, ao que os deuses nos deram no nosso limite -- estou falando de humanos.

Não se pode, no entanto, entender como partículas, sejam elas atômicas ou não, como a menor unidade no universo, pois, como diria o grande filosofo, depende do lugar em que estão; e até mesmo o átomo, em sua mínima dimensão, tem sua proporção avantajada em relação a outra, e assim por diante...
Demócrito, filósofo grego, já nos alertava acerca dos átomos. Muitos acreditam que eram partículas que poderíamos ver, trabalhar em laboratórios, contudo referia-se o mestre grego a outras formas de partículas – aquelas das quais um dia tomaríamos consciência. Assim, pensavam os grandes iniciados, não somente gregos mas também egípcios, os quais trabalhavam sempre em função desse meio, com as parcas ferramentas que possuíam.

Os pré-socráticos, chamados filósofos da natureza, tinham teorias acerca do universo. Cada um explicava-o de acordo suas formação, pois eram iniciados, mas nenhum deles se afastou da dimensão real ao que o outro propunha. Não me vem à mente agora seus nomes (Anaxágoras, Anaxímenes...), mas, se eu não me engano, pegaram os elementos básicos – água, terra, ar e fogo – e deles iniciaram suas reverberações acerca do Universo, e que a maior parte foi perdida com o tempo. Sabiam, acima de tudo, que falavam de partículas que se uniam para a formação de um todo -- cada uma dentro de sua capacidade.

Enfim, os pré-socráticos sabiam de uma realidade maior que nós mesmos, até maior que a esfera em que nos encontramos, assim como aqueles que resguardavam e, ao passar de discípulos a discípulos, resguardam até hoje.

Até mesmo a bíblia cristã possui elementos dos quais podemos racionalizar acerca do universo, mas não compreendê-los, então racionalizamos, e pronto, já sabemos de tudo! (?). As chaves de todos os enigmas clássicos foram guardadas a mil chaves. Então, o que fazemos? Voltar ao tempo? Não... Vamos retirar o véu da ignorância, buscar, de preferência, sermos menos preconceituosos em relação à tradição que nos legou conhecimentos que serão eternos...

De volta às partículas


Demócrito falava das partículas que se escondiam nas palavras, nos pensamentos, na consciência, daquelas que escondiam em cada ato de amor e ódio, e se mostravam em suas consequências fossem elas benéficas ou não... Falava das partículas que compunham o todo; todas elas teriam papeis naturais e gêmeos aos das partículas visíveis. De que ele falava, pelo amor de Deus? Falava de Deus.

Mas Deus não é bondade, amor e sabedoria?... Sim, e muito mais. Seriam partículas incompreensíveis aos olhos humanos, mas também seriam a junção de vontade, amor, conflitos, guerras, paz... já dentro do nosso nível de compreensão. A questão é que dividimos todas elas e as denominados, de acordo com nossos valores, nossa cultura, e as chamamos de potencialidades naturais... E são; cada uma em seu lugar, trabalhando para a edificação do Uno, sua expansão, ou para a sua Desconfiguração – ou recolhimento, já sendo aristotélico.

Na antiguidade, como todos sabem, não só, como também em determinadas culturas não cristãs, denominamos tais potencialidades por deuses e deusas. Todas elas, sem exceção, com seus respectivos nomes, não aleatórios – Zeus, Heros, Vulcano, Venus, Maia, Osíris... etc. – cada uma dessas potencialidades revestidas de mistérios os quais sintetizam outros, e assim por diante...

Já que são partículas, por que temos que transformá-las em formas, em seres? É mais que natural. Precisamos, desde sempre, plasmar as potencialidades, transformá-las em agentes naturais de nossa cultura, pois elas sintetizam um pouco da verdade sagrada que o universo esconde. E, se cada povo nela acreditar, respeitar, estarão participando um pouco não só da ideia universal de ordem e disciplina, mas também dos mistérios que os envolvem – por isso, a necessidade dos “rituais” em cada cultura.

Por exemplo, se eu sei que em mim há partículas universais, comungando a mesma ordem das partículas superiores, posso, dentro desse pensamento, me pautar para ser uma pessoa justa, correta, disciplinada, e que aceita, conscientemente, minhas dores, pois sei que, em algum nível, errei ou vou errar.

Agora, nesse minuto, nesse texto, tenho a consciência das partículas físicas e não físicas, que trabalham em função da busca pela verdade. É um caminho e tanto...





Mãe, como uma das partículas mais belas do universo, a senhora vai melhorar, temos a certeza disso.

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