segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sonho, ponte de nós mesmos.

Às vezes sonho com pequenas coisas que me fazem refletir o dia todo. Acho que todos são assim.  No entanto, o sonho se esvai nas linhas da realidade de nosso dia a dia e nos deixa com saudades, (ou não ) do que poderíamos tirar dele. Para muitos, todavia, é quase uma crença. Ou melhor, o sonho já foi um método pelo qual muitos se referenciavam para viver e trabalhar – como era o caso dos grandes reis, faraós, etc – os quais, na sua corte, tinham especialistas em interpretações.

Esses, dotados de uma vocação que não há como explicar, e na maioria das vezes, astrólogos iniciáticos, eram consultados pela majestade e não poderiam errar. Era uma ciência respeitada, pois havia guerras e a figura real era tão importante quanto deuses na terra.

Assim, depois de consultarem seus especialistas, voltavam a suas vidas... E nós? Como podemos entender os sonhos, a quem confiar? Não há meios. Não há nenhum especialista, e não adianta buscar em livros de bancas de revistas a resposta, pois o sonho não é algo vulgar, ou mesmo um objeto de manipulação de massas, ainda que o façam.

Sonhos possuem em si grandezas, e cabe a cada um, dentro de si, buscar interpreta-lo de acordo com sua vivencia, dentro do seu contexto. Ou seja, não é algo gratuito, fácil, simples.

Cabe ao homem entender que a vida possui respostas a suas perguntas mais internas, mais difíceis, e não adianta buscar em livros ou subir montanhas, sermos mais sábios no fim de uma vida ou ir atrás de um, como fôssemos desenfreados buscadores do nada.

O sonho, em sim, traz uma carga forte de simbolismos, por isso a razão de grandes especialistas no passado. Cada elemento natural possui uma abrangência to tamanho de uma dimensão, cada um realiza seu papel e ao mesmo tempo religa-se ao homem, ao sonhador.

A exemplo disso, um faraó que se preocupava com seu povo, sonhava com o Nilo, o maior dos rios egípcio. Se em seus sonhos o rio estivesse cheio, era a bonança, não só na agricultura, mas em tudo. O oposto se fazia quando nos sonhos o rio se apresentava pouco ou seco. Havia mortes, tristeza, guerras, quedas de faraós...

O mesmo se um cientista, afincado no desejo de descobrir elementos químicos (ou sua utilidade), sonha com animais simbólicos – como cobras, grilos, etc --, sabe que há algo que o interliga em sua realidade, e enfim descobre o que havia estudado há anos.

É a persistência. É a eloquência da vida. É a força de tentar entender certos aspectos misteriosos com a finalidade de elevar a alma ou descobrir as nuances do espírito que nos faz sonhar. Não é o cotidiano, com aspectos frios, relativos, interesseiros, que nos fazem ver a “imagem divina” depois que dormimos. Não é o mundo, com suas decrepitudes, que nos faz buscar soluções no sonho. Mas a prática de um sonho metafórico, aquele do qual participam idealistas de todo o mundo, na tentativa de melhorar um pouco nossas vidas.
  
O sonho é uma ponte. Uma ponte sagrada na qual precisamos ter os pés limpos antes de pisar nela. E não há mais nada que possamos fazer senão buscar em nós mesmos soluções elevadas, nas quais eu e o próximo, o próximo e a humanidade estejam dentro delas, e mesmo assim, seremos portadores de sonhos mentirosos se fizermos desse passo uma forma de sermos deuses. O sonho, para se realizar com um, não possui interesse, pois ele nos vem como uma águia no meio do sol nos mostrando quando somos elevados ou com micro-organismos, nos revelando, sem que percebamos, nossa frialdade inorgânica pela matéria.



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