quinta-feira, 21 de março de 2013

A Morte de Zeus na Praça

Praça de São Pedro: "Habemos Papa!"



Ainda esta semana pudemos assistir a todos os meandros da substituição do papa Bento II pelo argentino Jorge Mario Bergoglio, ou Francisco I. A mídia foi responsável por uma das coberturas mais completas da história, mostrando quase todos os segredos da eleição no Vaticano.

Depois de baixada a fumaça, o novo papa deixou evidente que fora assistido por vários de seus amigos, quando na dúvida da sua aceitação em ser ou não o maior representante da Igreja Católica no mundo... Disse que um brasileiro o ajudou muito a dizer sim e aceitar a vida papal. Não havendo, assim, nenhum mistério mais.

Milhões de fiéis da Igreja estavam ali, na Praça de São Pedro, e outros ao redor do mundo, a espera do  anúncio. E, após a fumaça branca, conseguiram ver, de longe, o homem que falaria em nome de Pedro, o apóstolo que havia iniciado, juntamente com Paulo, a cristianização de uma época.

E com o passar dos anos, até hoje, muitos de igrejas, quaisquer que sejam, questionam o fato  e o porquê desse homem, o papa, possuir o poder religioso no Ocidente. Isso é notório de pessoas que não entendem ou não leem o suficiente para entender que o conclave elegeu quase um Pedro, que partira há séculos, mas que possui seus restos mortais abaixo do pequeno país (Vaticano), como forma simbólica de dizer que as leis cristãs possuem raízes a partir daquele discípulo.

Pedro, se não se sabe, foi um dos que morreu crucificado, muito depois do sacrifício de Cristo, na tentativa de persuadir o império romano a obedecer a um único Deus. A época, Nero, um dos governadores da decadente Cidade, queria fazer com que o discípulo fosse um “bode expiatório” das elucubrações doentes que vinham da cabeça do louco governador.

Entretanto, a história da Igreja não se resume em perseguições. Sabe-se que, antes de qualquer governo louco, Roma possuía a notoriedade de ser politeísta, aceitação de deuses não somente da cidade, como de outras nações, tribos,  sociedade, enfim, o que lhe dava o posto de  aceitadora de valores de culturas distintas.

Entretanto, quando se trata do Cristianismo, temos que pisar em ovos sem que estore as cascas, pois há muitas informações que ainda não foram traspassadas aos seus fiéis, como o de que Roma respeitava a todos – em gênero, numero grau e cultura, de modo que todos, bárbaros ou não, tinham a sua fatia, ainda que estivesse sob o domínio dos generais.

Uma prova disso foi a própria Jerusalém quando dominada por Roma, na qual fomentou-se discussões sobre leis quando o próprio Cristo lá estivera. Os judeus, povos de cultura gêmea a dos cristãos, não admitiam que seus “amigos” elevassem um homem como a um Salvador dos pobres, e correram em busca de artigos nas leis romanas  a fim de crucificarem a grande alma. E conseguiram!

A culpa não fora dos romanos. Eles fizeram o que tinha que ser feito. Ou seja, se entregaram Cristo como desordenador de leis romanas, então teria que ser julgado, crucificado e morto, como fizeram com todos há décadas de governos.

Assim, na visão de Roma, Cristo fora apenas mais um que se subjugara rei na terra dos deuses, coisa que já, visão romana, havia. O que não aconteceu, assim, na visão dos fiéis de Jesus. Segundo eles, a mensagem do mestre, mais do que nunca, teria que ser levada aos extremos da grande Cidade, ao ponto de destruir aquele governo que fez pouco caso do Deus cristão e do homem que viera para salvar o mundo.

Embora isso soe discriminatório, houve uma falha na atuação do império em parar a atuação dos membros que restaram, os quais viviam escondidos, com medo de represálias dos decadentes governos. O governo romano deixou, em vários momentos, que os principais líderes do movimento cristão atuassem de forma contundente, no desrespeito aos deuses, às leis, ao convívio com os cidadãos de Roma.

Mas o raciocínio cristão foi inteligente.  Quando se quer comer um mingal quente, come-se pela beirada, já dizia minha doce mãe. E assim agiram os líderes intelectuais de Cristo no sentido de quebrar a hegemonia do grande povo e fazê-los acreditar em um só Deus, e, mais, em um Salvador. Coisa que romano não entendia, portanto não acreditava...

Mas, depois que houvera a quase assinatura de Constantino em aprovar a ideia maluca, que quase o estava deixando louco, fazendo-o acordar depois de um sonho que teve, o qual, segundo dizem, foi fundamental para a concretização do cristianismo em Roma, abriu-se a possibilidade total da desaparição e morte dos deuses romanos.

Ou seja, uma cultura advinda de outras como se fosse o maior dos diamantes podados pela história foi obrigada pela decadência dela mesma a dar espaço a outra que surgia simplesmente por uma ideia... a de Salvação. Como diria um professor ,“salvar de quê??” – eu adorava isso!..

Dar espaço a uma ideia de interesses, pois, em meio à simplicidade pregada pelos simples da igreja, revelou-se a falta de coerência na nomenclatura de sua estrutura: a igreja, no inicio, começou a dar poder “espirituais” aos que possuíam terrenos, dando inicio ao comando natural de qualquer sociedade fechada, como a exemplo dos maçons... Soando estranho, pois não se esperava isso de uma religião que tinha como máxima a figura de Cristo, o príncipe dos pobres.

O tempo se passou, e a Igreja se fez em cima de deuses, de adorações, e, hoje, tem como base a própria Roma antiga em suas leis, coisa que ela oculta ou passa um verniz com a finalidade esconder a madeira – e não a cara de pau dos homens.

De volta ao Papa.

A necessidade de haver um mestre é eterna em diversos meios, até mesmo na própria natureza, afim de que saibamos lidar com o caminho divino. O papa, talvez, para muitos é apenas uma figura que precisa demonstrar o poder político da Igreja ante a outros poderes. Porém, há de convir que o povo católico – assim como todos os povos – precisa de um líder espiritual. E se o veem assim, que o sigam, que o obedeçam e se tornem melhores a cada dia, ainda que o papa – a depender do homem – não represente (o que é raro acontecer...) tanto.

É muito fácil destronar um rei quando este já não é mais o mesmo. Mas uma coisa é necessária: respeitar a sua história, e entender que ali, naquele trono, há um ser que teve, tem e terá uma história, portanto traçar metas baseadas naquele rei, ainda que não o amem, é puro desrespeito. Que criem sua história, ou um novo reino, sem premissas falsas, e que haja ideias novas, com lastro e força não apenas para si mesmos, mas para toda a humanidade.

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