Praça de São Pedro: "Habemos Papa!" |
Ainda esta semana pudemos
assistir a todos os meandros da substituição do papa Bento II pelo argentino
Jorge Mario Bergoglio, ou Francisco I. A mídia foi responsável por uma das
coberturas mais completas da história, mostrando quase todos os segredos da
eleição no Vaticano.
Depois de baixada a fumaça, o
novo papa deixou evidente que fora assistido por vários de seus amigos, quando
na dúvida da sua aceitação em ser ou não o maior representante da Igreja
Católica no mundo... Disse que um brasileiro o ajudou muito a dizer sim e
aceitar a vida papal. Não havendo, assim, nenhum mistério mais.
Milhões de fiéis da Igreja
estavam ali, na Praça de São Pedro, e outros ao redor do mundo, a espera do anúncio. E, após a fumaça branca, conseguiram
ver, de longe, o homem que falaria em nome de Pedro, o apóstolo que havia
iniciado, juntamente com Paulo, a cristianização de uma época.
E com o passar dos anos, até
hoje, muitos de igrejas, quaisquer que sejam, questionam o fato e o porquê desse homem, o papa, possuir o
poder religioso no Ocidente. Isso é notório de pessoas que não entendem ou não
leem o suficiente para entender que o conclave elegeu quase um Pedro, que
partira há séculos, mas que possui seus restos mortais abaixo do pequeno país
(Vaticano), como forma simbólica de dizer que as leis cristãs possuem raízes a
partir daquele discípulo.
Pedro, se não se sabe, foi um dos
que morreu crucificado, muito depois do sacrifício de Cristo, na tentativa de
persuadir o império romano a obedecer a um único Deus. A época, Nero, um dos
governadores da decadente Cidade, queria fazer com que o discípulo fosse um
“bode expiatório” das elucubrações doentes que vinham da cabeça do louco
governador.
Entretanto, a história da Igreja
não se resume em perseguições. Sabe-se que, antes de qualquer governo louco, Roma
possuía a notoriedade de ser politeísta, aceitação de deuses não somente da
cidade, como de outras nações, tribos,
sociedade, enfim, o que lhe dava o posto de aceitadora de valores de culturas distintas.
Entretanto, quando se trata do
Cristianismo, temos que pisar em ovos sem que estore as cascas, pois há muitas
informações que ainda não foram traspassadas aos seus fiéis, como o de que Roma
respeitava a todos – em gênero, numero grau e cultura, de modo que todos,
bárbaros ou não, tinham a sua fatia, ainda que estivesse sob o domínio dos
generais.
Uma prova disso foi a própria
Jerusalém quando dominada por Roma, na qual fomentou-se discussões sobre leis
quando o próprio Cristo lá estivera. Os judeus, povos de cultura gêmea a dos
cristãos, não admitiam que seus “amigos” elevassem um homem como a um Salvador dos
pobres, e correram em busca de artigos nas leis romanas a fim de crucificarem a grande alma. E
conseguiram!
A culpa não fora dos romanos.
Eles fizeram o que tinha que ser feito. Ou seja, se entregaram Cristo como
desordenador de leis romanas, então teria que ser julgado, crucificado e morto,
como fizeram com todos há décadas de governos.
Assim, na visão de Roma, Cristo
fora apenas mais um que se subjugara rei na terra dos deuses, coisa que já,
visão romana, havia. O que não aconteceu, assim, na visão dos fiéis de Jesus. Segundo
eles, a mensagem do mestre, mais do que nunca, teria que ser levada aos
extremos da grande Cidade, ao ponto de destruir aquele governo que fez pouco
caso do Deus cristão e do homem que viera para salvar o mundo.
Embora isso soe discriminatório,
houve uma falha na atuação do império em parar a atuação dos membros que
restaram, os quais viviam escondidos, com medo de represálias dos decadentes
governos. O governo romano deixou, em vários momentos, que os principais
líderes do movimento cristão atuassem de forma contundente, no desrespeito aos
deuses, às leis, ao convívio com os cidadãos de Roma.
Mas o raciocínio cristão foi
inteligente. Quando se quer comer um
mingal quente, come-se pela beirada, já dizia minha doce mãe. E assim agiram os
líderes intelectuais de Cristo no sentido de quebrar a hegemonia do grande povo
e fazê-los acreditar em um só Deus, e, mais, em um Salvador. Coisa que romano
não entendia, portanto não acreditava...
Mas, depois que houvera a quase
assinatura de Constantino em aprovar a ideia maluca, que quase o estava deixando
louco, fazendo-o acordar depois de um sonho que teve, o qual, segundo dizem,
foi fundamental para a concretização do cristianismo em Roma, abriu-se a
possibilidade total da desaparição e morte dos deuses romanos.
Ou seja, uma cultura advinda de
outras como se fosse o maior dos diamantes podados pela história foi obrigada
pela decadência dela mesma a dar espaço a outra que surgia simplesmente por uma
ideia... a de Salvação. Como diria um professor ,“salvar de quê??” – eu adorava isso!..
Dar espaço a uma ideia de
interesses, pois, em meio à simplicidade pregada pelos simples da igreja,
revelou-se a falta de coerência na nomenclatura de sua estrutura: a igreja, no
inicio, começou a dar poder “espirituais” aos que possuíam terrenos, dando
inicio ao comando natural de qualquer sociedade fechada, como a exemplo dos maçons...
Soando estranho, pois não se esperava isso de uma religião que tinha como
máxima a figura de Cristo, o príncipe dos pobres.
O tempo se passou, e a Igreja se
fez em cima de deuses, de adorações, e, hoje, tem como base a própria Roma
antiga em suas leis, coisa que ela oculta ou passa um verniz com a finalidade
esconder a madeira – e não a cara de pau dos homens.
De volta ao Papa.
A necessidade de haver um mestre
é eterna em diversos meios, até mesmo na própria natureza, afim de que saibamos
lidar com o caminho divino. O papa, talvez, para muitos é apenas uma figura que
precisa demonstrar o poder político da Igreja ante a outros poderes. Porém, há
de convir que o povo católico – assim como todos os povos – precisa de um líder
espiritual. E se o veem assim, que o sigam, que o obedeçam e se tornem melhores
a cada dia, ainda que o papa – a depender do homem – não represente (o que é
raro acontecer...) tanto.
É muito fácil destronar um rei quando este já não é mais o mesmo. Mas uma coisa é necessária: respeitar a sua história, e entender que ali, naquele trono, há um ser que teve, tem e terá uma história, portanto traçar metas baseadas naquele rei, ainda que não o amem, é puro desrespeito. Que criem sua história, ou um novo reino, sem premissas falsas, e que haja ideias novas, com lastro e força não apenas para si mesmos, mas para toda a humanidade.
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